A nudez e o
sexo chamam a atenção no primeiro trailer completo de Ninfomaníaca, divulgado
no início desta última semana. Mas não é o que mais chama a atenção neste material promocional.
Há, obviamente, o DNA do cineasta Lars Von Trier em cada fotograma e é isso que
chama mais atenção. Ninfomaníaca, na forma como se apresenta neste trailer
introdutório, é um projeto meticulosamente planejado pelo dinamarquês. No que tem
de chocante e no que tem de analítico. Desde Anticristo (2009), o filme mais
hermético, translúcido e psicanalítico do cineasta, Von Trier acostumou-se a
fazer obras centradas nas mais profundas camadas da existência humana.
A
sexualidade, nesse contexto, é um tema muito rico e muito pouco explorado por
Von Trier nessa referência. O trailer sugere que o cineasta não está apenas
interessado em escandalizar. Ainda que o escândalo seja algo pertinente à
linguagem e aos objetivos pretendidos.
Há o cuidado
em exibir cenas que expõem o psicológico da personagem Joe (Charlotte
Gainsbourg) e a maneira com que ela se relaciona com sexo, com as descobertas
que a remetem a este universo, e com as pessoas que a cercam.
O sexo e a
nudez, tão aventados na cobertura midiática francamente explosiva que se
sucedeu nesta semana, são o que menos impressiona nesse trailer tão bem
planejado narrativamente. Von Trier, em sua obsessão, fez um trailer com alma
própria e que anuncia um filme, que como já se sabe será dividido em dois
volumes, reflexivo ao limite do imponderável.
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