Profissional do cinema
Ele já foi casado com a atriz Uma Thurman, mas não merece
que essa seja a primeira frase de um perfil sobre sua pessoa. Ethan Green
Hawke, esse texano que completou 43 anos em 6 de novembro, além de
ator é escritor (já publicou dois livros) e roteirista indicado ao Oscar (pelo
texto de Antes do pôr-do-sol ao lado da atriz Julie Delpy e do diretor Richard
Linklater). O que pouca gente sabe é que essa veia literária, artística em
estado mais bruto, corre em suas veias, já que é descendente direto do
dramaturgo americano Tennessee Williams. O bisavô de Hawke era irmão de
Williams.
A primeira vez que tomamos conhecimento de Ethan Hawke foi
em Sociedade dos poetas mortos (1989), aquele belo filme de Peter Weir em que Robin Williams
fazia um professor que tentava transmitir o carpe diem para seus alunos. Hawke
era um dos jovens atores que faziam os alunos, ao lado de Josh Charles e Robert
Sean Leonard. É, inegavelmente, o que se deu melhor em Hollywood. Mas por
se dar melhor não se quer dizer que adentrou o sistema como um astro. Isso
nunca esteve na carta de intenções do ator que transita entre produções
comerciais e independentes.
Nesse sentido, Antes do amanhecer (1995) foi o divisor de
águas em sua carreira. O filme que se resume a dois atores conversando sobre
vida e amor em uma passagem por Viena acertou em cheio o coração da cultura pop
como algo novo, cheio de originalidade e força criativa. Hawke já havia
participado, inclusive, de produções indicadas ao Oscar como Quis show – a
verdade nos bastidores (1993) e em produções surpreendentes como Vivos (1992),
mas foi com aquele filme despretensioso, mas cheio de alma que se projetou no
cinema. Na sequência viria o casamento com Uma Thurman, sua parceira em uma das
melhores ficções científicas dos anos 90, Gattaca – a experiência genética
(1997). No ano seguinte, ele voltaria a colaborar com Richard Linkalater em
Newton boys – irmãos fora da lei. O protagonismo já era uma realidade em filmes
como Neve sobre os cedros (1999) e Hamlet (2000), moderna e mal sucedida versão
de Shakespeare.
1- Hawke, jovem, em foto Capricho; 2 - erguendo os punhos, ainda jovem, e fazendo cara de mau; 3 - ao lado de Uma Thurman, com se casaria após pedir duas vezes, em Gattaca e 4 - em foto deste ano para o jornal britânico Guardian
A primeira, e até o momento única indicação ao Oscar como ator, veio pelo papel de coadjuvante em Dia de treinamento em que dividiu a cena com Denzel Washington, premiado pelo filme
Richard Linklater novamente acionou Hawke para um projeto
experimental. Waking life (2001) era um misto de animação e live action repleto
de filosofia e angústias existenciais. No ano seguinte, viria a primeira
indicação ao Oscar por Dia de treinamento (2001), em que antagoniza com Denzel
Washington em um policial fervoroso de Antoine Fuqua.
Indo além?
Nessa última década, Hawke tem se mostrado mais polivalente.
Além de escrever roteiros, mergulhar em filmes com propostas diametralmente
opostas e debutar na direção, o ator tem apostado em um gênero que começa a
demonstrar potencial de crescimento. O terror independente. Com filmes como A
entidade (2012) e Uma noite de crime (2013), estreia deste mês nos cinemas
brasileiros, Hawke é o primeiro dos atores de prestígio a colocar-se à prova
nesse filão. Em 2013, ele esteve nos cinemas também em Antes da meia-noite,
terceiro (e último?) arco da história iniciada com Antes do amanhecer.
A estreia na direção foi em 2006 com Um amor jovem. O
roteiro, também de autoria de Hawke, é uma sintetização por vezes feliz da
trilogia de Linklater. Foi seu único trabalho como diretor lançado
comercialmente, ainda que ele já tenha dirigido outras coisas.
Filmes como O senhor das armas (2005), Roubando vidas
(2001), Nação fast food – uma rede de corrupção (2006) e Antes que o Diabo
saiba que você está morto (2007) são provas fidedignas da versatilidade do ator
em matéria de cinema. Justamente por isso, muita gente não entendeu o porquê
dele dividir a cena e o topo do cartaz com a estrela teen Selena Gomez em
Getaway, seu filme mais comercial do ano e, também, seu maior fracasso em 2013.
Fim de caso? Ao lado de Julie Delpy em Antes da meia-noite: a ideia de um quarto filme agrada ao ator
Atualmente casado com Ryan Shawhughes-Hawke, que foi babá de
seus filhos com Uma Thurman, Hawke segue com uma carreira regular, sem muitos
altos e baixos. Disse em entrevistas recentes que está mais interessado em
Shakespeare, que se arrepende de ter casado muito jovem e que não entende como
nos EUA o sexo pode assustar mais do que a violência no cinema.
Sem querer produzir sentido com sua carreira, mas ciente de
que está em uma posição em que pode escolher projetos pelos parceiros com quem
quer trabalhar, pelos roteiros ou simplesmente pelo dinheiro, Hawke se
configurou em um operário do cinema americano. Em toda a liberdade, mas
também com todo o confinamento que o termo tem a oferecer.
Ah, ele não era apenas "um dos jovens atores que faziam os alunos", era o verdadeiro protagonista, que mais se transformou com a passagem do "Capitan", rsrsrs.
ResponderExcluirBrincadeira à parte, belo e oportuno perfil.
bjs
rsrs. Obrigado Amanda!
ResponderExcluirBjs