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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Crítica - O ataque

A Emmerich o que é de Emmerich e a Obama o que é de Obama

Roland Emmerich é alemão, mas faz filmes americanos – no sentido de atiçar a veia patriótica – como ninguém. De Independence day (1996) a 2012 (2009),passando por O patriota (2000) e americanização de Godzilla (1997), Emmerich desenvolveu um fetiche particular pela destruição da Casa Branca. É uma espécie de hype com ele e em O ataque (White House Down, EUA 2013) ele exercita esse prazer de forma meticulosa e lenta. Com mais de duas horas, o filme estrelado por Channing Tatum, como o exército de um homem só John Cale e Jamie Foxx como o presidente dos EUA Sawyer, O ataque é o segundo filme lançado em 2013 a promover um ataque terrorista na Casa Branca com o intuito de fazer o presidente refém e lançar armas nucleares. Se em Invasão a Casa Branca os vilões eram os norte-coreanos, então em franca ebulição geopolítica do lado de cá da realidade, aqui os vilões são domésticos e o tipo de terrorismo em questão é mais rarefeito. A agenda política dos agressores é mais multifacetada. Há o tradicional rancor com a cultura intervencionista americana, mas é principalmente a tradição de estado policialesco e o lobby armamentista que figuram entre os principais elementos por trás desse ataque ao coração da América mostrado com inegável senso de espetáculo por Emmerich.
Portanto, o filme ganha alguma dimensão pela forçosa comparação que estabelece. Jamie Foxx é Obama. Não enfaticamente, mas em uma espirituosa emulação. Emmerich disse em entrevista recente que optou por um presidente negro para evitar críticas do tipo “Emmerich não endossa a presidência Obama”, mas seu presidente que para os propósitos do filme está muito perto de conquistar um acordo de paz inédito no Oriente Médio, é Obama nos trejeitos e retórica. Foxx, eleitor de Obama declarado, se diverte fazendo as vezes do comandante em chefe que melhor capitalizou a esperança de mudança.

Obama e John McLane (ops) em O ataque: signos reais e do cinema de ação evocados por entretenimento confiável

É aí que o aparte precisa ser feito. Emmerich, com o prazer habitual pelas explosões em grande escala, destrói com requintes de crueldade a Casa Branca proporcionando um entretenimento vibrante para seu público, mas oferece, também, com toda a limitação dramatúrgica de seu cinema, um lembrete importante neste momento que o mundo vive a expectativa de uma invasão à Síria orquestrada pelos EUA: às vezes o melhor que se faz é resistir a pressões internas por intervenções no exterior.

Não que Emmerich vá além da retórica tão categórica nos palanques políticos; seu negócio é mesmo destruir a Casa Branca, mas é um choque interessante proposto pela realidade para que seu filme fique um pouco melhor. No mais, é tudo muito parecido com o filme que você já viu antes e Gerard Butler é mais convincente como exército de um homem só do que Channing Tatum.

4 comentários:

  1. Esse fetiche do Emmerich em destruir a Casa Branca já encheu o saco. Nem se fazer pipi o saco esvazia. rs rs Foxx de presidente deve ser um charme. ha!

    Abs.

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  2. Vi ontem. Muuuuuito ruim. Horrível!!! Se você tiver um pouco mais de noção vai perceber o quão impossível é os casas brincarem de pega pega no jardim da Casa Branca atras do presidente dos EUA sem ninguém fazer nada, somente olhando do lado de fora da grade a metros de distância torcendo pro cara fugir. Desculpa, mas é muuuuito tosco pq nem os terroristas e nem os militares americanos fazem alguma coisa certa no filme inteiro. Todo mundo faz tudo errado e ninguém sai ganhando com seus planos de ação, parece até comédia, o tiozinho traidor toda hr nervoso pq os colegas só fazem besteira, ao mesmo tempo que os militares americanos são piores que a CGM aqui do Taboão... para vai... gostar desse lixo americano é igual a comer mrd e falar que ta bom... não sei pq perco meu tempo... sei la, um teatro, museu talvez...sai mais burro do cinema, certeza...

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  3. É... O filme acaba divertindo com tanta "galhofa", e tem mesmo este viés que você aponta que não deixa de ser interessante. Mas, no fundo, é um genérico de Duro de Matar. rs

    bjs

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  4. Rodrigo: Pois é, Emmerich precisa variar, mas o filme diverte!
    Abs

    Anônimo: Então, quando você vê um trailer desse tipo de filme, vocÊ sabe exatamente tudo o que irá acontecer e, muito provalmente, é capaz de adivinhar o sem número de absurdos que se sucederão. Bem, acho que quando vc vai assistir a uma produção dessa, a verossimilhança precisa ser relativizada...
    abs

    Amanda: E põe genérico nisso! Tal como os genéricos, saiu até mais caro...
    bjs

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