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segunda-feira, 11 de março de 2013

Crítica - Hitchcock



Cópia perfeita?

Além de ser um dos maiores artistas do século XX e, um dos maiores cineastas de todos os tempos (se não for o maior), Alfred Hitchcock é um belo de um personagem. Até que demorou bastante para o cinema – essa besta devoradora e apaixonante – se debruçar sobre esse genial e genioso gorducho inglês. A julgar por Hitchcock (EUA 2012), filme que propõe um olhar sobre o cineasta às voltas com a produção de seu mais famoso filme (Psicose), o impulso pode perder força. Não que a fita de Sacha Gervasi seja ruim. Não é. Mas por ousar tão pouco. Principalmente se comparada à produção da HBO The Girl (que será posteriormente resenhada aqui em Claquete). Gervasi contenta-se em imprimir a lenda e seu filme se limita a exibir um Hitchcock conhecido dos fãs e daqueles que já leram – ainda que pouco – sobre a conturbada figura do cineasta. E disfarça essa pouca imaginação com curiosidades de filmagens – já que o filme se baseia no livro “Alfred Hitchcock e os bastidores de Psicose”, de Stephen Rebello.
É uma aposta que se torna Hitchcock satisfatório para o espectador ocasional, faz aquele que espera algum tipo de articulação que a ficção permite flertar com a indiferença. De qualquer maneira, o filme de Gervasi insere o personagem Hitchcock na agenda de Hollywood, desde que não se aplique a máxima que o próprio Hitch brinda seu público: “você é tão bom quanto seu último filme”.

Ego e tensão: Os interiores do casamento de Hitch (Hopkins) e Alma (Helen Mirren) constituem o que de mais positivo o filme tem a apresentar

Inesperadamente, um dos trunfos do filme acaba sendo a relação de Hitch com sua esposa, a roteirista Alma (Helen Mirren). É no jogo de luz e sombras entre os dois que Hitchcock atinge seus melhores momentos. Helen Mirren empresta a habitual competência para viver uma mulher que acomodou-se na sombra do marido e não sabe exatamente o que fazer quando o súbito desejo de desvencilhar-se dessa sombra a invade. Hopkins é menos feliz. O ator está limitado a reproduzir cacoetes de Hitchcock escondido sob pesada maquiagem. Não é uma atuação no sentido criativo da palavra e mais uma imitação detalhada. Essa condição pode ser fruto de uma direção insegura. De qualquer jeito, tendo havido intervenção de Gervasi para isso ou não, a falta de interesse de Hopkins em “entrar” em Hithcock reforça essa sensação de se assistir um filme morno, sem grandes pretensões. Como curiosidade cinéfila, Hitchcock até funciona. Infelizmente não sabe ir além disso. 

4 comentários:

  1. Muito bem Reinaldo, o filme é cool, mas é claro que esperava coisa melhor, ainda assim, seu resultado não foi dos mais frustrantes e além da relação com Alma Reville, o filme permite uma esquizofrenia cômica com Ed Gein. HA!

    Gervasi foi realmente fraco em conceber o filme na grandeza que ele merecia. Temos que conviver com isso. Ainda não assisti a produção televisiva com Tobu Jones, por sinal um ator que gosto bastante. Eu já achei interessante a interpretação de Hopkins e não achei que ele se limita tanto. Não quis imitar literalmente Hitch, uma figura tão lendária e que todos conseguem fazer imitações (tipo o Silvio Santos) que seria ultra mega caricato se ele o fizesse como um comediante. Hopkins imprimi suas características e nuances, sobretudo na fala.

    As novidades de bastidores não foram tão novidades para mim...

    Abs.

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  2. Curioso perceber que "Hitchcock" era um filme cercado de expectativas, mas que não acabou correspondendo ao esperado. De todo jeito, acho que é uma obra que merece ser vista, por causa das histórias de bastidores e por oferecer o retrato mais íntimo de uma lenda do cinema como Alfred Hitchcock. Porém, a diferença é que, agora, assisto ao filme sem qualquer tipo de expectativa.

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  3. Quando acabou a projeção olhei para um amigo na cabine e nosso primeiro comentário foi: é não tem nada de novo. Pois é isso, ele se limita ao conhecido, ao já contado, ao público e não gera nada de muito interessante. Apesar de ser interessante para nós, cinéfilos e fãs do diretor.

    E Helen Mirren é a melhor coisa do filme,


    bjs

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  4. Rodrigo: As novidades de bastidores tb não foram novidades para mim, mas elas são alijadas na produção como disfarce para a falta de imaginação da realização. Mas como vc bem salientou, há pontos positivos como essa "esquizofrenia" com Ed Gein.
    Abs

    Kamila: As expectativas serão sempre desmesuradas em matéria de Hitch. Mas é bom abrandá-las mesmo para ver este filme.
    bjs

    Amanda: É bem isso mesmo...
    bjs

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