Sexo e poesia!
O diretor Ben Lewin, que também é roteirista do filme, tinha
um desafio em suas mãos. Como fazer, de maneira factível e palatável, um filme
sobre um homem que depende de um pulmão de aço para viver que quer perder a
virgindade? As sessões (The sessions, EUA 2012), baseado em um artigo de Mark
O´Brien – vítima de poliomielite e que no filme é interpretado com graciosidade
e ternura por John Hawkes, é um primoroso insight sobre sexualidade e, também,
sobre o desejo de viver. Desvinculando-se da correção política, Lewin faz um
registro iluminado da vida ao apresentar um recorte inusitado sobre a vida de
pessoas com deficiências físicas ou motoras.
Tudo no filme transpira sutileza, desde a composição dos
atores até a abordagem da terapia sexual que move a trama. John Hawkes e Helen
Hunt – como a terapeuta sexual que guia essa fase de descobrimento e coragem de
Mark – estão perfeitos em
cena. Hunt é sutil na sugestão dos sentimentos contidos de
sua personagem pega de surpresa por um desejo inesperado e Hawkes reveste Mark
de candura e graça ao apoiar seu registro em uma faceta louvável do personagem:
seu senso de humor, sua fé e sua postura positiva diante da vida que lhe foi
tão madrasta.
Hawkes ainda alcança outro mérito. Convence como um homem de
38 anos mesmo já tendo 53 anos.
Helen Hunt e John Hawkes: mais do que trunfos, a espinha dorsal de um filme luminoso |
Mark, em parte por sugestão de sua editora (ele é jornalista
e poeta em um verdadeiro achado existencial para conviver melhor consigo e com
o mundo), em parte por sentir que lhe falta essa experiência, deseja fazer
sexo. Curiosamente, a primeira pessoa que consulta para saber se deve ou não
levar a ideia adiante é um padre (William H. Macy, ótimo). Eles rapidamente
desenvolvem uma relação de amizade e cumplicidade e o padre Brendan compreende
o chamado do personagem e relativiza a doutrina católica para que Mark possa
viver sua experiência. Mas essa não é a única saída poética desse filme
cativante.
A postura de Mark para com a vida e a maneira como ele toca
personagens diversos é mais do que uma solução dramática para um filme bem
intencionado, é pura poesia. Desde as sensações experimentadas com a terapeuta
à vontade para tirar a roupa, mas receosa de se despir de outros sentimentos
até o desfecho agudo em emoção.
As sessões apresenta o sexo como elemento essencial da
existência, mas não lhe dá a importância que não tem. A importância, no final
das contas, está em ser romântico. E isso, Mark O´Brien era.
Um filme incrível mesmo, daqueles que dá vontade de recomendar a todos. Sensível, gostoso de acompanhar, pra cima. E, sim, romântico.
ResponderExcluirbjs
“As Sessões” chamou a minha atenção pela leveza, delicadeza e respeito com que tratou seu tema principal. A história central do filme é muito curiosa e única. Achei uma abordagem sensacional feita pelo diretor e roteirista Ben Lewin com o apoio de duas grandes atuações de John Hawkes e Helen Hunt.
ResponderExcluirAmanda: É isso mesmo!
ResponderExcluirBjs
Kamila: ... e disse tudo!
bjs
Meu caro já estava com vontade de conferir depois de um trailer e agora com sua crítica... "Sexo e Poesia" já resumiu lindamente. Curioso.
ResponderExcluirHelen Hunt de volta em toda forma é o que parece e John Hawkes um ator que já vi em tantos filmes (até mesmo no recente Lincoln), uma espécie de "Octavia Spencer da indústria" sem medo de fazer figuração e pontinhas...o que é difícil depois de uma nomeação ao Oscar, enfim....deve valer a pena!
Abs.
Obrigado Rodrigo. Desconfio que vc não irá resistir ao charme desse cativante filme...
ResponderExcluirabs