Da esquerda para a direita: Alan Arkin (Argo), Tommy Lee Jones (Lincoln), Philip Seymour Hoffman (O mestre), Christoph Waltz (Django livre) e Robert De Niro (O lado bom da vida)
O filho pródigo
Há quem diga que é do Oscar resgatar carreiras do
esquecimento, mas Robert De Niro – fora do rol de indicados desde 1992 – não se
encaixa exatamente na definição de resgate. Ainda assim, críticos concordam em
apontar que sua performance como um homem com transtorno obsessivo compulsivo
na figura do patriarca do clã Solitano em O lado bom da vida é seu melhor
momento no cinema em mais de uma década. De Niro não deve ganhar, mas aos 69 anos, voltar ao Oscar já é uma vitória.
Prós:
- Faz parte do elenco mais prestigiado pela Academia em 31
anos com indicações em todas as categorias de atuação
- É uma lenda viva do cinema, ao contrário de seus rivais na
categoria
- O fato de todos os concorrentes da categoria já terem um
Oscar, pode fazer com que “o voto sentimental” em De Niro ganhe força
- É uma atuação sutil e comedida de De Niro, ultimamente
visto em personagens mais histriônicos
Contras:
- Em uma categoria em que todos os concorrentes já tem um
Oscar, De Niro já tem dois
- A pecha de que a indicação duas décadas depois da última
nomeação já é um prêmio em si
- Em uma disputa acirrada na categoria no ano, De Niro ainda
não ganhou nenhum prêmio dos principais termômetros do Oscar, ao contrário de
alguns de seus concorrentes
- É uma atuação sutil e comedida de De Niro, ultimamente
visto em personagens mais histriônicos
- O fato de Jennifer Lawrence, companheira de elenco, ser
favorita ao Oscar em sua categoria pode afugentar votos resistentes a premiar
dois atores do mesmo filme
Sétima indicação
Indicações anteriores
Ator coadjuvante por O poderoso chefão – parte II (1975)
Ator por Taxi driver (1977)
Ator por O franco-atirador (1979)
Ator por Touro indomável (1981)
Ator por Tempo de despertar (1991)
Ator por Cabo do medo (1992)
Vitórias anteriores:
Ator coadjuvante por O poderoso chefão – parte II (1975)
Ator por Touro indomável (1981)
O mestre
Há um consenso em Hollywood que apenas um Oscar é pouco para
dimensionar o talento de Philip Seymour Hoffman. A questão que se coloca é se
2013 seria o ano ideal para lhe outorgar um segundo Oscar. Afinal, não faz
tanto tempo assim que ele ganhou; foi em 2006 por Capote. Como o controvertido
líder de uma seita emergente em O mestre, Hoffman brilha intensamente e espreme
a Academia com a dúvida: Se dermos um segundo Oscar para ele agora, quando
teremos que lhe conceder o terceiro?
Prós:
- Dos indicados, é quem ostenta o nível mais exacerbado em
qualidade de atuações na média de seus trabalhos
- É o personagem mais complexo dentre os defendidos pelos
indicados e o que oferece mais campo para o ator criar
- A percepção dominante que é preciso lhe premiar novamente
- É um ator simpático e querido por todos. Isso conta muito
em uma disputa tão parelha como a de 2013
-Seu personagem tem mais tempo em tela do que o de alguns de
seus concorrentes
- É o único do elenco do filme que foi indicado em todas as
premiações majors da temporada
- Ganhou o Critic´s Choice Awards
Contras:
- Seu primeiro Oscar é relativamente recente
- É o único dos indicados que não defende um filme indicado
ao Oscar de melhor filme
- Defende um personagem, ainda que carismático, pouco
simpático. Diferentemente de todos os seus concorrentes que defendem
personagens mais simpáticos
- A frequência com que vem sendo indicado ao Oscar pode
fazer com que eleitores deem preferência a algum ator mais ocasional
- Já teve atuações melhores não premiadas, ou sequer
indicadas, ao Oscar
Quarta indicação
Indicações anteriores
Ator por Capote (2006)
Ator coadjuvante por Jogos do poder (2008)
Ator coadjuvante por Dúvida (2009)
Vitória anterior
Ator por Capote (2006)
Sempre bom
Tommy Lee Jones assumiu o favoritismo na disputa com a
vitória no SAG. Seu papel, de um abolicionista ferrenho em Lincoln, é do tipo
que pede prêmios. Jones, a seu favor, ainda ostenta a aura de ator sempre
confiável e eficiente em cena. Diferentemente do contemporâneo Robert De
Niro, apresenta uma ou outra performance elogiada pela crítica em intervalos de
tempo mais curtos. É um ator daqueles que dá medo, mas também, que clamam pelo
nosso olhar. Essa energia pode ser decisiva na disputa.
Prós:
- Está no elenco do filme recordista de premiações na
temporada e favorito no Oscar
- Defende um papel talhado para prêmios
- Afora De Niro, é o concorrente cujo Oscar foi vencido há
mais tempo
- Ganhou o SAG e isso pode valer os votos de eleitores
indecisos em uma disputa tão acirrada
Contras:
- A ideia de que faz sempre variações do mesmo personagem
pode lhe roubar votos
- Muitos podem entender que seu personagem é mais mérito do
texto de Tony Kushner do que seu
- Não é o tipo mais simpático e como o Oscar é um prêmio em
que o marketing impera...
Quarta indicação
Indicações anteriores
Ator coadjuvante por JFK – a pergunta que não quer calar
(1992)
Ator coadjuvante por O fugitivo (1994)
Ator por No vale das sombras (2008)
Vitória anterior
Ator coadjuvante por O fugitivo (1994)
Finesse
Alan Arkin demorou a ser reconhecido pelo Oscar. O foi quase
que por acidente, devido à rejeição a estratégias erradas adotadas por Eddie
Murphy favorito em 2007 por Dreamgirls. De qualquer jeito, o prêmio por Pequena
miss Sunshine foi justo para um ator que na presente fase de sua carreira,
agora tem 78 anos, descobriu os personagens mais saborosos para interpretar
como o produtor de cinema cheio de marra de Argo, pelo qual concorre pela
quarta vez à estatueta. Arkin foi um dos primeiros nomes a emergir como certeza
na lista. Uma prova da eloquência de seu trabalho nesse momento da carreira.
Prós:
- Entre muitas incertezas durante a fase inicial da
temporada de premiações, sempre foi tido como certo entre os concorrentes na
categoria
- Argo é o filme mais premiado da temporada. Ele pode se
beneficiar desse buzz
- Faz um produtor de cinema que se alinha como alívio cômico
do filme. É o responsável pela atuação mais leve entre os indicados. O vencedor
do ano passado, Christopher Plummer por Toda forma de amor, também defendia a
caracterização mais leve
- O fato de que os outros concorrentes que ganharam Oscar
recentemente serem mais novos do que ele. O conservadorismo de setores da
academia pode jogar a seu favor em um eventual “critério de voto minerva”
Contras:
- Não ganhou um prêmio sequer na temporada, o que diminui
suas chances
- O fato de ter ganhado seu Oscar há pouco tempo
-Ter relativamente menos tempo em tela do que todos os seus
concorrentes
- Ser o menos “famoso” dos concorrentes
Quarta indicação
Indicações anteriores
Ator por Os russos estão chegando! Os russos estão chegando!
(1966)
Ator por Por que tem de ser assim? (1968)
Ator coadjuvante por Pequena miss sunshine (2007)
Vitória anterior
Ator coadjuvante por Pequena miss Sunshine (2007)
O europeu tranquilo
Christoph Waltz rende diferente sob as rédeas de Quentin
Tarantino. Todo mundo já percebeu isso. Mas a sofisticação do ator e sua
elegância na composição de qualquer personagem constituem um perfil de
intérprete que a academia costuma apreciar. Como um europeu civilizado em meio
a americanos bárbaros em Django livre, Waltz obtém sua segunda indicação ao
Oscar. Não é o assombro que causou com Bastardos inglórios, mas é o tipo de
performance “come quieto” que derruba favoritos. Em um ano sem favoritos
declarados...
Prós:
- A lembrança ainda vívida de seu trabalho em Bastardos
inglórios
- O fato de ser quem tem mais tempo em tela entre todos os
concorrentes na categoria
-Ganhou o Globo de ouro
- Defende uma atuação que combina toques dramáticos a
arranjos humorísticos
Contras:
- A lembrança ainda vívida de seu trabalho em Bastardos
inglórios
- O fato de ter ganhado o Oscar há três anos
- Não entrou na lista do SAG
-Está em um filme com relativamente poucas chances na
categoria principal, ao contrário de três de seus concorrentes
-Muitos europeus têm ganhado o Oscar em categorias de
atuação nos últimos tempos, inclusive o próprio Waltz
- A Academia não costuma premiar novamente atores em período
tão curto, ainda mais se tratando de um que alcança agora sua segunda indicação
- É o candidato com menos indicações entre os concorrentes
Segunda indicação
Indicação anterior
Ator coadjuvante por Bastardos inglórios (2010)
Vitória anterior
Ator coadjuvante por Bastardos inglórios (2010)
Só um complemento, Christoph Waltz ganhou também o BAFTA, acho que pode ganhar, mas se eu pudesse escolher daria para Philip Seymour Hoffman. hehe.
ResponderExcluirbjs
Christoph Waltz seria minha escolha, apesar de gostar da maioria! Na verdade eu gostei mais dos indicados a melhor ator coadjuvante do que de ator principal.
ResponderExcluirBj bj
Amanda: É que o texto foi escrito antes da entrega do Bafta Amanda...Hoffman também seria a minha escolha, e acho que a Academia fica ou com ele ou com De Niro.
ResponderExcluirBjs
Carol:A disputa para ator está equilibradíssima Carol. Todos os níveis de atuação excelentes. O mesmo não ocorre aqui. Há um desnível muito grande entre a atuação de Hoffman e as demais. Bem, tb adoro todos os atores e a disputa é ainda mais interessante pelo fato de todos já serem vencedores do Oscar, mas Waltz - ao meu ver - tem o trabalho menos significativo entre os indicados. Não daria o Oscar para ele.
Bjs