Summer down
Quem olhasse para 2012, em 2010 ou 2011, diria que a
temporada de blockbusters era invejável. O último filme da trilogia de
Christopher Nolan para o cavaleiro das trevas, a aguardada estreia de Os
vingadores, o reboot de Homem aranha, Ridley Scott de volta ao universo Alien,
a terceira parte de MIB, releituras de Branca de neve, a primeira princesa da
Pixar, Bruce Willis, Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone juntos, entre
outras grandes produções. Apesar de movimentar cerca de U$ 4 bilhões – só Os
vingadores fez mais de U$ 1,5 bilhão ao redor do mundo – a temporada não
poderia ser mais decepcionante. Com a honrosa exceção de um filme estrelado por
um urso de pelúcia, todo o mais está fadado ao esquecimento. É o segundo verão
americano marcado por produções abaixo da média; em 2011 foi a mesma história.
Contos de fada em alta
Por falar em Ted, o filme dirigido por Seth MacFarlane foi a
grande sensação do ano. Inteligente e engraçadíssimo, o filme chamou a atenção
para outra corrente que ganhou destaque em 2012. A do conto de fadas.
Alguns filmes, na ânsia de falar sobre maturidade, adentraram a lógica de
contos de fadas para fazê-lo. Além de Ted, em que Mark Wahlberg
tem como melhor amigo um urso falante e todos em cena lidam muito bem com isso,
houve Ruby Sparks – a namorada perfeita, em que o escritor vivido por Paul Dano
materializa com sua mente uma personagem que criou no papel.
A força está com a Disney
Tomou o mundo de surpresa, a notícia de que a Lucas Film
havia sido comprada pela Disney. Já a notícia de que uma nova trilogia Star
Wars sairia do forno foi recebida com ceticismo por alguns e entusiasmo por
outros. De qualquer forma, não há estúdio mais poderoso em Hollywood hoje do
que a Disney. Nos últimos dez anos foram três aquisições de grande impacto:
Pixar, Marvel e Lucas Film.
O brilho do cinema francês
2012 pode entrar para os anais da história, como o ano da
França no cinema. E não só no Oscar, como se viu com a consagração de O
artista. O emocionante Os intocáveis se tornou o filme francês mais rentável de
todos os tempos. Nos EUA, inclusive, foi mais visto do que o oscarizado O
artista. No Brasil, conseguiu expandir seu circuito depois da estreia. As salas
brasileiras, aliás, nunca exibiram tantos filmes franceses quanto em 2012. A arte de amar, Os
intocáveis, Bem amadas, Paris-Manhatan e Holly Motors são apenas algumas das
muitas produções do país que conquistaram público e crítica no Brasil.
Cena de Até a eternidade: o cinema francês esteve mais in do que nunca em 2012...
A América de Obama
Todo ano precisa de um documentário polêmico. Em 2012, foi a
vez 2016: Obama´s America (que não foi exibido no Brasil). Surpreendente
sucesso de público nos EUA, o filme, lançado durante a campanha presidencial
americana, não esconde sua veia republicana e, muito menos, sua oposição à
figura do presidente Obama. O doc não foi endossado pela campanha de Romney,
mas foi mais visto nos Estados em que o republicano prevaleceu nas urnas. Por
falar em pregar para convertidos, a maioria das celebridades americanas se
engajou na campanha de reeleição de Barack Obama. De Beyoncé à George Clooney,
que promoveu o maior jantar de arrecadação de fundos que se tem notícia até
hoje. Mas quem brilhou mesmo nesse departamento foi Clint Eastwood, que na convenção republicana mesmerizou o mundo ao discursar para uma
cadeira vazia simbolizando Obama.
Beyoncé veste Obama: a cantora e atriz foi uma das muitas celebridades que fizeram campanha pela reeleição do presidente americano
Rir é o melhor remédio
Se houve um gênero que se destacou em 2012, esse gênero foi
a comédia. Até o grande sucesso do ano, Os vingadores, se esmera basicamente no
humor para alinhar personagens tão distintos e fazê-los funcionar juntos. Mas
houve outros destaques. Mais uma vez, prevaleceu no cinema nacional, o gosto
pelas comédias. Até que a sorte nos separe e E aí, comeu? foram os grandes
sucessos brasileiros do ano. Dois dos filmes mais comentados da temporada também
foram comédias e do tipo politicamente incorreto. Ted, pois é, novamente citado
nesta seção Cenas de Cinema, provocou a ira do deputado federal Protógenes
Queiroz que quis censurar o filme no país, mas só conseguiu fazer com que o
interesse por ele aumentasse. Já O ditador mexeu em um vespeiro maior. Sacha
Baron Cohen com sua habitual virulência se mirou nas ditaduras e acertou o
ocidente e as democracias como poucos artistas já ousaram.
O 3D está morto, viva o 3D
Depois de uma enxurrada de filmes em 3D em 2010 e 2011, 2012
foi mais moderado. A média foi de três lançamentos com o uso da tecnologia por
mês. Entre maio e agosto, temporada de blockbusters americanos, a média subiu
para cinco. Bem abaixo do ano passado que apresentou, entre maio e agosto,
média de oito lançamentos por mês com a tecnologia. Esse arrefecimento é
natural sob muitos ângulos. Afinal, muitos desses filmes não faziam bom uso do
3D. Talvez o mais interessante desses ângulos, seja o fato de que diretores
consagrados estão utilizando o 3D e ajudando a consolidar a plataforma como
ferramenta narrativa. Foi lançado no Brasil em 2012, filmes de gente como
Martin Scorsese, Werner Herzog e Steven Spielberg. Em dezembro é a vez de Ang
Lee. Esses cineastas se apropriam do 3D e ajudam a cativar um público que ainda
resistia à tecnologia. De quebra, testam os limites do cinema.
O fim de Crepúsculo
A Summit, estúdio por trás da saga, reluta em aceitar, mas a
verdade é que Crepúsculo acabou. Foi uma jornada e tanto! Um séquito de fãs
apaixonados igualmente barulhentos à horda de detratores ferrenhos afluíram
esses cinco anos. A franquia foi um fenômeno ao qual foi impossível permanecer
indiferente. Os mais de U$ 4 bilhões arrecadados pelos cinco filmes são apenas
um vislumbre do poder pop de Crepúsculo. Fãs descabeladas que derrubaram
seguranças em um hotel brasileiro e fizeram Taylor Lautner temer por sua vida, talvez seja
um artifício mais eficiente para dimensionar o vazio que o fim da saga vai
deixar.
Profusão de filmes cults
Uma particularidade de 2012 foi a grande quantidade de
filmes lançados no ano com vocação para serem cults. Três dele, é bem verdade,
são datados de 2011, mas só aportaram nas salas de cinema brasileiras neste
ano. Drive (foto), Shame, Os homens que não amavam as mulheres, Cosmópolis, Argo e
Holly Motors têm em comum sua engenharia cult. Dois deles, Argo e Os homens que
não amavam as mulheres, se sobressaem por conseguirem também serem pops.
Eles deram química...
Muita gente teve boa química nas telas de cinema em 2012. Na
última incursão de Ted na lista, Mark Walhberg e o ursinho dublado por Seth
MacFarlane puxam a corrente de quem mandou muito bem. O cachorrinho de verdade
Uggie virou celebridade e foi o primeiro canino a pisar no palco do Oscar,
muito em parte pelo show que deu ao lado de Jean Dujardin em O artista. George
Clooney e Shailene Woodley estavam tão bem em seus papéis em Os descendentes
que convenciam que eram mesmo pai e filha e com uma longa história. Clint
Eastwood e Amy Adams não ficaram atrás em Curvas da vida. Já Daniel Craig e
Rooney Mara soltaram faísca em Os homens que não amavam as mulheres. A química
não foi só sexual, mas quando rolava sexo...
Craig por sinal, esbanjou química com Javier Bardem, seu
antagonista em
Operação Skyfall. E quase que a mesma discrição da química
com Rooney Mara se aplica aqui...
Já Andrew Garfield e Emma Stone de tanta química quase
fizeram de O espetacular homem aranha outro tipo de filme. Mas pare de pensar
besteira!
Daniel Craig, o mr. química de 2012, responde à altura o assédio de Javier Bardem em Operação Skyfall: dinamite pura...
... e eles foram reprovados
Sam Worthington tem tudo para ser o novo Arnold
Schwarzenegger. Pelo menos no tocante a sua capacidade de desenvolver química
com parceiros e parceiras de cena. Tanto em À beira do abismo, com Elizabeth
Banks, como em Apenas uma noite, com Eva Mendes e Keira Knitghtley, o
australiano foi reprovado com louvor. Channing Tatum e Cody Horn também ficaram
devendo em Magic
Mike. Tatum , no caso, foi reincidente em Para sempre, tendo
dessa vez como parceira a canadense Rachel McAdams. Será que Tatum sofre do
mesmo problema de Worthington? Foi Jonah Hill, em Anjos da lei, que impediu
Tatum de ocupar a mesma posição de Worthington na matéria.
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