Há três particularidades que convergem para fazer da corrida
pelo Oscar na temporada 2012/2013 algo raro dentro do contexto erigido nos
últimos anos. A primeira, e cujos efeitos só poderão ser precisados em revisão
histórica, é o estreitamento do calendário promovido pela Academia de Artes e
Ciências Cinematográficas de Hollywood ao antecipar em cerca de 15 dias o
anúncio dos indicados ao Oscar. A segunda, e em si um fato que chama muito a
atenção, é o baixo apelo do cinema independente na temporada. Depois de ser
protagonista nos últimos seis anos (o último filme de estúdio a vencer o Oscar
foi Os infiltrados em 2006), o cinema independente se vê diminuído na atual
temporada. São poucos os filmes que suscitam algum buzz. Da Focus, braço
independente da Universal, aquele que reúne mais chances de indicação é Um fim
de semana em Hyde Park.
Há alguma expectativa em torno de Anna Karenina e Moonrise
kingdom, mas nada muito empolgante. A Fox searchlight, que já brilhou com
longas como Pequena miss Sunshine (2006) e Quem quer ser um milionário? (2008)
e no ano passado arrancou uma indicação para A árvore da vida, tem suas maiores
aspirações concentradas em Hichtcock . Mas o braço independente da Fox também almeja algo
com os elogiados As sessões e Indomável sonhadora, adquiridos pelo selo no
festival de Sundance 2012.
Cartaz de O voo: feijão com arroz bem feito por um estúdio |
A precariedade dos candidatos independentes ganha mais
verniz nas bem acabadas produções de estúdio de 2012. A Paramount, por
exemplo, aposta suas fichas em O voo. Drama convencional que marca o retorno de
Robert Zemeckis à direção de um longa em live action. Fala-se que o filme, que
centra suas forças na performance de Denzel Washington, é o feijão com arroz
bem temperado e que uma campanha bem conduzida, pode colocá-lo bem posicionado
na disputa pelo ouro. A Fox, por sua vez, investe pesado no marketing de As
aventuras de Pi e crê ser possível transformar o épico espiritual de Ang Lee em
uma das forças da temporada. O filme é tido por muitos como obra-prima, o que
sempre ajuda. A Warner detém um precioso leque! Tem O hobbit, com toda a aura
que o sucesso crítico de O senhor dos anéis é capaz de despertar, o blockbuster
O cavaleiro das trevas ressurge, e o elogiadíssimo drama Argo – no qual investe
suas mais preciosas fichas. A Universal, de longe o grande estúdio com mais
dificuldade em produzir indicados a melhor filme – e que não ganha desde Uma
mente brilhante em 2001 – deposita fortes esperanças no musical Os miseráveis,
de Tom Hooper.
A Disney juntou forças à DreamWorks de Steven Spielberg para
formatar o perfeito candidato à múltiplas indicações ao Oscar, trata-se de
Lincoln. Filme que vê seu buzz ampliar à medida que surgem críticas de
elogios rasgados e o interesse do público aumenta. Já a Sony, que há dois anos
sofreu uma dura derrota quando tinha A rede social na disputa – e tudo fazia
crer na vitória de uma produção de estúdio naquele ano – traz para a disputa A hora mais escura, de Kathryn Bigelow.
Conciliando a boa qualidade dos filmes de estúdio nesse ano
e o baixo índice de postulantes entre os independentes, tudo leva a crer que o
Oscar 2013 lavará a alma de estúdios que há muito pareciam ter perdido o
caminho para a maior festa do cinema.
Bom, se a presença maciça de filmes de estúdio significar a alta qualidade deles, acho até que a temporada (e especialmente a cerimônia) do Oscar fica mais excitante. Mas é chato pensar que filmes tão bons podem ser prejudicados. Ano passado, mesmo com mais destaque para os independentes, deixaram "Drive" de fora, né?! E, pra mim, nenhum outro filme era mais merecedor. Pelo menos a temporada atual tá parecendo mais empolgante. ***Jennifer Lawrence!!!*** hahah... Parabéns pela cobertura! Abraço.
ResponderExcluirGosto do cinema independente, acho que ele é fundamental para que a indústria cinematográfica possa experimentar e fazer projetos mais diferentes, mas fico muito feliz de ver a volta dos grandes estúdios à festa do Oscar. Já que se trata da premiação mais importante da indústria cinematográfica, ela tem que ter toda a pompa e circunstância que uma ocasião desse tipo exige. Então, que venham grandes filmes, grandes estúdios e, principalmente, grandes estrelas. Beijos!
ResponderExcluirJosé: Pois é, Drive, Shame, Precisamos falar sobre o Kevin... e mesmo assim foi um Oscar do cinema independente. Acho que é uma boa notícia essa "ofensiva" dos estúdios de cinema. Olhando daqui, me parecem bons os filmes e isso é um sinal claro de que os estúdios tiveram que melhorar suas fichas para competir com a produção independente.
ResponderExcluirAbs
Kamila: Depois da explosão do cinema independente patrocinado pela Miramax dos irmãos Weinstein nos idos dos anos 90, ainda não se instaurou o equilíbrio na academia entre a produção de indústria e a produção à margem dela. Esses primeiros anos dessa década podem estar sendo este parametro.
Bjs