Os rumos do império
Tomou de assalto o noticiário cultural e econômico na última
semana, a divulgação da compra da LucasFilm pela Disney em uma negociação que
envolveu U$ 4 bilhões em repasse de ações e verbas. Na esteira dessa “bomba”,
veio outra. A Disney anunciou a pré-produção de um sétimo episódio de Star
Wars. O episódio VII está previsto para ser lançado em 2015.
Há alguns meses, George Lucas anunciou que estava se
aposentando. Partia dessa condição, a dificuldade de alinhar o quinto filme da
saga de Indiana Jones, que é do notável interesse de Steven Spielberg.
O plano de aposentadoria de George Lucas, então, se
cristalizou na venda dos direitos do universo Star Wars à Disney. Pesou na
opção pelo casa do Mickey Mouse, o reconhecido know how da empresa na gestão de
valiosas marcas e personagens. Outro aspecto decisivo foi a liberdade criativa
concedida à Pixar e à Marvel, empresas recentemente inseridas no portfólio da
gigante do entretenimento americano. George Lucas, por fim, condicionou à venda a posição de consultor. Não é certo, porém, até onde a voz dessa figura de
consultoria pode ir. Contudo, é bastante claro que o universo de Star Wars está
sob nova direção. Do contrário, nada nessa transação faria sentido.
Diferentemente da Pixar, que carecia de subsídios e musculatura, e da Marvel,
ainda em recuperação de um processo de falência que acometeu a empresa nos idos
dos anos 90, a
LucasFilm tinha independência financeira total. Os termos de distribuição com a
Fox, no cinema, eram amplamente favoráveis à empresa de Lucas e o portfólio
ostensivo em outras plataformas (HQs, games e TV) mostravam a boa saúde
empresarial da companhia.
George Lucas, na verdade, quer ver o universo criado por ele
expandido – cativando novas gerações – sem despender a mesma energia. O que é
plenamente justificável quando se tem 68 anos. Ademais, Star Wars jamais se desvinculará historicamente de George Lucas.
Mas e o que a Disney tem a ganhar com isso? Muita coisa! É
possível que em três, quatro anos, a empresa já tenha recuperado todo o seu investimento.
Se a ideia de expandir o universo Star Wars no cinema é boa ou não do ponto de
vista narrativo é uma coisa, mas é inegável que é um tiro certeiro da perspectiva
comercial. São muitas as possibilidades de expansão e Lucas deve atuar de
maneira mais ativa nessa primeira fase do projeto. Ademais, a Marvel deve
absorver o universo Star Wars nas HQs. E séries derivadas do universo tem tudo
para emplacar na ABC, canal aberto de TV nos EUA que pertence ao conglomerado Disney.
O ato: o presidente da Disney, Robert Iger e George Lucas assinam o contrato que fortalece a empresa do Mickey no establishment do entretenimento mundial
Monopólio pop
Sob qualquer ângulo, a Disney fez um negócio da China. Mas o
que mais chama a atenção é o apetite da empresa. Não muito tempo atrás, em uma
entrevista à revista Veja, o presidente e chefe executivo da The Walt Disney
Company, Robert Iger, afirmou que o melhor momento para se fazer investimentos
é em um ambiente de crise. Noção compactuada por muitos empresários de sucesso.
Desde a crise de 2008, da qual o mundo, e especialmente os EUA, se recuperam
lentamente, a Disney já fez duas aquisições de peso: a Marvel em 2009 por U$ 4
bilhões e agora a Lucas Film por outros U$ 4 bilhões. Muito provavelmente, os
termos dessa última aquisição estivessem sendo alinhados quando da entrevista
de Iger à Veja. Em 2006, a
Disney comprou a Pixar, com a qual já colaborava assiduamente, por U$ 7,6
bilhões. Seis anos depois, além do horizonte límpido que o principal e mais
criativo estúdio de animação oferece, o investimento já foi recuperado com as
bilheterias, prêmios e licenciamentos de filmes como Wall-E (2008), Toy Story 3
(2010) e Up – altas aventuras (2009).
A Disney concilia agora, sob suas asas, um verdadeiro
manancial de personagens ricos. Das HQs, principal motor de venda de ingressos
na atualidade, detém boa parte dos personagens da Marvel – e são inúmeras as
possibilidades de filmes e produções para a TV. Com a LucasFilm, as
possibilidades se expandem também pela possibilidade de colaboração entre Pixar
e Lucas Film, que já foram parte de uma mesma empresa no passado e hoje são
referência em avanços tecnológicos na esfera cinematográfica.
Os avanços da Disney ainda precisam de algum relevo do tempo
para serem melhor interpretados e dimensionados, mas é certo que os estúdios
concorrentes precisam correr atrás. Como, ninguém sabe precisar. Certo é que
esse império se armou muito bem para eventuais contra-ataques.
Muito bom o seu texto. Matéria nota dez do Insight! Realmente, agora a LucasFilm tem que colocar a plaquinha: "Sob Nova Direção". Concordo com os caras do Omelete, aliás, foi através deles que li a notícia, de que esta de consultor criativo é algo muito nebuloso porque ninguém sabe ao certo o que um consultor faz, ainda mais quando se trata de negócios e a venda de um patrimônio. Já que a Disney agora é dona, e como você mesmo disse pra fazer sentido, o que Lucas fará nos futuros projetos? Enfim...
ResponderExcluirDe qualquer forma a notícia, pelo menos pra mim, não foi negativa. Lucas provou nunca gostar do metiê de cineasta e há tempos que já queria jogar a toalha. Vejo ele como um visionário, apenas e que ocasionalmente foi ajudado e acertou dirigindo alguns filmes (estes são: American Graffiti e o primeiro Star Wars). Também acho injusto muita gente ficar criticando, dizendo que ele ficou preguiçoso pelo dinheiro etc e tal. Poucos reconhecem o valor de suas empresas, que trouxe avanço na tecnologia para a indústria do entretenimento. E se formos pensar um pouco, ele e o próprio Walt Disney tem muito em comum.
Abraço.
Belo arremate no final hehe! Pois é, rapaz, a Disney está dominando. Uma "preocupação" também que será dimensionada com o tempo são as qualidades dos projetos e as interferências artísticas que o selo Mickey Mouse pode influenciar nas histórias. Vamos acompanhar...
ResponderExcluirAbs.
Rodrigo: Obrigado pelos elogios e pelas ponderações sempre precisas meu amigo. Acho que Star Wars dará muito certo nessa nova e reinventada fase.
ResponderExcluirAbs
Elton: Que bom que gostou desse arremate com o pé no pop dos trocadilhos! rsrs. Pelo menos em um primeiro momento, não deve haver muitas interferências. Essa me parece ser a característica da atual gestão executiva da Disney. Mas o futuro a Deus pertence.
abs