Chega ao fim no próximo domingo na HBO Brasil “The
newsroom”, nova série criada por Aaron Sorkin – autor de produções como “The
West Wing” e “Studio 60 on the sunset strip”. O drama que acompanha o dia a dia
de um programa de notícias da fictícia ACN, no entanto, é seu primeiro show
depois do Oscar conquistado pelo roteiro de A rede social.
“The newsroom” tem provocado um racha na crítica
especializada e dividido jornalistas ao redor do mundo. Isso porque Sorkin abre
mão do cinismo que costuma pontuar a retratação da mídia em Hollywood, mas não
abre mão de um discurso levemente politizado. Em “The newsroom”, Sorkin parte
de eventos reais para tecer um comentário pessoal sobre como a imprensa
televisiva, em particular, e a mídia, de maneira geral, deveriam se comportar.
De forte convicção esquerdista, Sorkin desce a lenha nos republicanos e usa “The newsroom” como um palanque para defesa de algumas
bandeiras democratas.
Há quem enxergue ingenuidade de Sorkin na concepção de "The
newsroom". Uma vez que o equilíbrio entre o comercial e o editorial é feito de
muito mais choques e consternações do que o programa News Night, ancorado por
Will McAvoy (Jeff Daniels), recebe da direção do conglomerado de comunicação do
qual faz parte.
No entanto, há quem receba com bons olhos o otimismo
indisfarçado de Sorkin na manipulação do que seria a atuação ideal do
jornalismo americano. Esse comprometimento com o idealismo é defendido por quem
crê que há muito tempo a imprensa desobrigou-se de um de seus pilares
fundamentais: informar de maneira contextualizada o cidadão.
Mas se Sorkin acerta no remédio, erra na dose. Em “The
newsroom”, a equipe de MacAvoy e Mackenzie McHale (Emily Mortimer), sua
ex-namorada e produtora executiva, soa utópica demais e realista de menos.
Ainda que haja acuidade na dinâmica da redação e dos personagens, é pouco
verossímil a vocação da equipe para sempre buscar a “notícia que vende poucos
jornais”. Ainda mais em tempos de crise do atual modelo de jornalismo – cenário
pouco aprofundado pela série em suas ilações sobre a internet. Sorkin soa
arrogante quando parece querer doutrinar tanto público quanto jornalistas do
que realmente importa. São percepções que de alguma maneira gravitam a série,
inegavelmente bem escrita, cativante e inteligente nas bifurcações que faz com
casos reais como o assassinato de Osama Bin Laden ou as primárias republicanas.
No quarto episódio, seguramente o melhor desta 1ª temporada,
Sorkin propõe com alguma inventividade uma discussão interessante sobre
diferentes facetas do jornalismo quando Will tenta “civilizar” uma colunista de
fofocas em meio a uma fase em que o próprio se vê no centro da cobertura de
celebridades.
Em foto da Vanity Fair, Aaron Sorkin (de camisa branca) orienta elenco e equipe no principal set de "The newsroom"
“The newsroom”, indubitavelmente, carrega consigo algumas
das melhores características do texto de Aaron Sorkin; e sua visão crítica da
América não deixa de ser um deleite para espectadores com algum engajamento
político. Contudo, a série não cumpre as expectativas que despertou. É mais um
produto para ser veiculado nos primeiros anos da faculdade de jornalismo do que
algo essencialmente factível. Nesse sentido, “The newsroom” não deixa de ser
uma ostentação tanto da HBO quanto de Aaron Sorkin. É um entretenimento coeso,
somente possível em uma plataforma como a HBO, e que objetiva articular ideias
e visões políticas a partir de um contexto pretensamente real.
É o tipo de série que você fica em dúvida se realmente
gosta, mas que se sente instigado a acompanhar. Talvez por suas
potencialidades, talvez pela ingenuidade descrente de Sorkin ou simplesmente
pela curiosidade de saber como um jornalístico televisivo é produzido.
Nem sou muito de acompanhar séries, mas essa me conquistou. Me fez lembrar os tempos da faculdade de jornalismo.
ResponderExcluirCompreendo as críticas sobre algumas coisas nela serem utópicas, mas acho que isso não invalida seus ideais. Will McAvoy já é um dos meus ídolos!
Abs
Queria tanto ter podido assistir à primeira temporada de "The Newsroom", mas fui pega pelo péssimo timing de estreia do programa na HBO Brasil. Foi mesmo no momento em que eu entrei de férias, viajei e acabei perdendo muitos capítulos por causa disso... Vou ter que esperar as reprises ou tentar acompanhar a partir da próxima temporada. Adoro Aaron Sorkin e acho que ele funciona bem nesse formato televisivo. Beijos!
ResponderExcluirDiego: Eu concordo contigo Diego. Mas, inegavelmente, essa opção de Sorkin fragilizou dramaticamente a série.
ResponderExcluirAbs
Kamila: Espero que possa acompanhar Ka. É uma série de muitos predicados.
bjs
Foi um show corajoso, e apesar das críticas é claro que Newsroom curta duração não obedece questões audiência. Para as séries que nem é tão ruim quanto os críticos dizem não tão perfeito quanto os outros dizem. É verdade que a crítica jornalística sempre olha para histórias sobre jornalismo através de um vidro com um pouco de cor e, portanto, às vezes erram em seu diagnóstico.
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