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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Um olhar sobre "The newsroom"



Chega ao fim no próximo domingo na HBO Brasil “The newsroom”, nova série criada por Aaron Sorkin – autor de produções como “The West Wing” e “Studio 60 on the sunset strip”. O drama que acompanha o dia a dia de um programa de notícias da fictícia ACN, no entanto, é seu primeiro show depois do Oscar conquistado pelo roteiro de A rede social.
“The newsroom” tem provocado um racha na crítica especializada e dividido jornalistas ao redor do mundo. Isso porque Sorkin abre mão do cinismo que costuma pontuar a retratação da mídia em Hollywood, mas não abre mão de um discurso levemente politizado. Em “The newsroom”, Sorkin parte de eventos reais para tecer um comentário pessoal sobre como a imprensa televisiva, em particular, e a mídia, de maneira geral, deveriam se comportar. De forte convicção esquerdista, Sorkin desce a lenha nos republicanos e usa “The newsroom” como um palanque para defesa de algumas bandeiras democratas.
Há quem enxergue ingenuidade de Sorkin na concepção de "The newsroom". Uma vez que o equilíbrio entre o comercial e o editorial é feito de muito mais choques e consternações do que o programa News Night, ancorado por Will McAvoy (Jeff Daniels), recebe da direção do conglomerado de comunicação do qual faz parte.
No entanto, há quem receba com bons olhos o otimismo indisfarçado de Sorkin na manipulação do que seria a atuação ideal do jornalismo americano. Esse comprometimento com o idealismo é defendido por quem crê que há muito tempo a imprensa desobrigou-se de um de seus pilares fundamentais: informar de maneira contextualizada o cidadão.
Mas se Sorkin acerta no remédio, erra na dose. Em “The newsroom”, a equipe de MacAvoy e Mackenzie McHale (Emily Mortimer), sua ex-namorada e produtora executiva, soa utópica demais e realista de menos. Ainda que haja acuidade na dinâmica da redação e dos personagens, é pouco verossímil a vocação da equipe para sempre buscar a “notícia que vende poucos jornais”. Ainda mais em tempos de crise do atual modelo de jornalismo – cenário pouco aprofundado pela série em suas ilações sobre a internet. Sorkin soa arrogante quando parece querer doutrinar tanto público quanto jornalistas do que realmente importa. São percepções que de alguma maneira gravitam a série, inegavelmente bem escrita, cativante e inteligente nas bifurcações que faz com casos reais como o assassinato de Osama Bin Laden ou as primárias republicanas.
No quarto episódio, seguramente o melhor desta 1ª temporada, Sorkin propõe com alguma inventividade uma discussão interessante sobre diferentes facetas do jornalismo quando Will tenta “civilizar” uma colunista de fofocas em meio a uma fase em que o próprio se vê no centro da cobertura de celebridades.

Em foto da Vanity Fair, Aaron Sorkin (de camisa branca) orienta elenco e equipe no principal set de "The newsroom"


“The newsroom”, indubitavelmente, carrega consigo algumas das melhores características do texto de Aaron Sorkin; e sua visão crítica da América não deixa de ser um deleite para espectadores com algum engajamento político. Contudo, a série não cumpre as expectativas que despertou. É mais um produto para ser veiculado nos primeiros anos da faculdade de jornalismo do que algo essencialmente factível. Nesse sentido, “The newsroom” não deixa de ser uma ostentação tanto da HBO quanto de Aaron Sorkin. É um entretenimento coeso, somente possível em uma plataforma como a HBO, e que objetiva articular ideias e visões políticas a partir de um contexto pretensamente real.
É o tipo de série que você fica em dúvida se realmente gosta, mas que se sente instigado a acompanhar. Talvez por suas potencialidades, talvez pela ingenuidade descrente de Sorkin ou simplesmente pela curiosidade de saber como um jornalístico televisivo é produzido.

4 comentários:

  1. Nem sou muito de acompanhar séries, mas essa me conquistou. Me fez lembrar os tempos da faculdade de jornalismo.
    Compreendo as críticas sobre algumas coisas nela serem utópicas, mas acho que isso não invalida seus ideais. Will McAvoy já é um dos meus ídolos!
    Abs

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  2. Queria tanto ter podido assistir à primeira temporada de "The Newsroom", mas fui pega pelo péssimo timing de estreia do programa na HBO Brasil. Foi mesmo no momento em que eu entrei de férias, viajei e acabei perdendo muitos capítulos por causa disso... Vou ter que esperar as reprises ou tentar acompanhar a partir da próxima temporada. Adoro Aaron Sorkin e acho que ele funciona bem nesse formato televisivo. Beijos!

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  3. Diego: Eu concordo contigo Diego. Mas, inegavelmente, essa opção de Sorkin fragilizou dramaticamente a série.
    Abs

    Kamila: Espero que possa acompanhar Ka. É uma série de muitos predicados.
    bjs

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  4. Foi um show corajoso, e apesar das críticas é claro que Newsroom curta duração não obedece questões audiência. Para as séries que nem é tão ruim quanto os críticos dizem não tão perfeito quanto os outros dizem. É verdade que a crítica jornalística sempre olha para histórias sobre jornalismo através de um vidro com um pouco de cor e, portanto, às vezes erram em seu diagnóstico.

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