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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Oscar Watch 2012 - Cenas de cinema (indicações ao Globo de ouro)

Uma lista digna!
Olhando assim de olho de canto, a lista que compõe a 69ª edição dos prêmios Globo de ouro é bastante superior a do ano passado. Lógico que a qualidade dos filmes, principalmente no segmento de comédia, ajuda. Contudo, a retidão dos membros na hora de apontar os indicados, é que precisa ser louvada. A lista se apresenta sóbria e equilibrada. Apesar dos sobressaltos de hábito, como a inclusão de My week with Marilyn entre as comédias – uma malandragem de Harvey Weinstein consentida pela Hollywood Foreign Press Association (HFPA).

As indicações
Melhor filme de drama
 Os Descendentes
Histórias Cruzadas
A Invenção de Hugo Cabret
Tudo pelo Poder
O Homem Que Mudou o Jogo
War Horse

Melhor filme de comédia ou musical
 50/50
The Artist
Missão Madrinha de Casamento
Meia-Noite em Paris
My Week With Marylin


Melhor diretor

Woody Allen - Meia noite em Paris

George Clooney - Tudo pelo Poder
Alexander Payne - Os Descendentes
Michel Hazanivicous - The Artist
Martin Scorsese - A Invenção de Hugo Cabret

Melhor performance para ator em drama
 George Clooney - Os Descendentes
Leonardo DiCaprio - J. Edgar
Michael Fassbender - Shame
Ryan Gosling - Tudo pelo Poder
Brad Pitt - O Homem Que Mudou o Jogo

Melhor performance para atriz em drama
 Glenn Close - Albert Nobbs
Viola Davis - Histórias Cruzadas
Rooney Mara - Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Meryl Streep - A Dama de Ferro
Tilda Swinton – Precisamos falar sobre Kevin

Melhor ator em comédia ou musical
 Jean Dujardin - The Artist
Brendan Gleeson - O Guarda
Joseph Gordon-Levitt - 50/50
Ryan Gosling - Amor a Toda Prova
Owen Wilson - Meia-Noite em Paris

Melhor atriz em comédia ou musical
 Jodie Foster - Carnage
Charlize Theron - Jovens Adultos
Kristen Wiig - Missão Madrinha de Casamento
Michelle Williams - My Week with Marilyn
Kate Winslet - Carnage

Melhor performance de ator coadjuvante
Kenneth Branagh - My Week with Marilyn

Albert Brooks - Drive
Jonah Hill - O Homem Que Mudou o Jogo
Viggo Mortensen - Um Método Perigoso
Christopher Plummer - Toda Forma de Amor

Melhor performance de atriz coadjuvante
 Bérénice Bejo - The Artist
Jessica Chastain - Histórias Cruzadas
Janet McTeer - Albert Nobbs
Octavia Spencer - Histórias Cruzadas
Shailene Woodley - Os Descendentes

Melhor filme de animação
 As Aventuras de Tintim
Operação Presente
Carros 2
Gato de Botas
Rango

Melhor filme estrangeiro
 A Pele Que Habito (Espanha)
A Separação (Irã)
O Garoto da Bicicleta (Bélgica)
In the Land of Bloody and Honey (EUA)
The Flowers of War (China)


Melhor roteiro
 Woody Allen - Meia noite em Paris
George Clooney, Grant Heslov, Beau Willimon - Tudo pelo Poder
Michel Hazavanicius - The Artist
Jim Rash, Nat Faxon, Alexander Payne  - Os Descendentes
Aaron Sorkin, Steve Zaillian - O Homem Que Mudou o Jogo

Melhor canção original em filme
 "Hello Hello" - Gnomeo & Juliet (Elton John)
"Lay Your Head Down" - Albert Nobbs  (Sinead O'Connor)
"The Living Proof" - Histórias Cruzadas (Mary J. Blige)
"The Keeper" - Redenção (Gerard Butler)
"Masterpiece" - W.E.  (Madonna)


Melhor trilha sonora

Ludovic Bource - The Artist

Abel Korzeniowski - W.E.
Trent Reznor & Atticus Ross - Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Howard Shore - A Invenção de Hugo Cabret
John Williams - War Horse


Muita calma nessa hora!
Muita gente ficou confusa com a indicação de In the land of blood and honey na categoria de filme em língua não inglesa. Erroneamente, o público toma como padrão os critérios para a indicação ao Oscar de filme estrangeiro. No estatuto da HFPA, a competição na categoria é constituída por filmes em língua não inglesa. Não importando o país de produção. Um precedente recente foi Cartas de Iwo Jima de Clint Eastwood. A fita, falada em japonês, rendeu indicação de direção para Eastwood (que também concorreu por A conquista da honra) e venceu o troféu de melhor filme em língua não inglesa. Ambas as fitas são produções americanas. Pode-se discutir a qualidade do filme de Angelina Jolie e as razões que motivaram sua nomeação, mas não há de se conjecturar falta de critério. Pelo menos não aqui.

Ausências
Os homens que amavam as mulheres conseguiu duas indicações e resguardou-se um pouco da semana desgastante que teve com poucas lembranças. Completamente ignorados foram A árvore da vida, O espião que sabia demais e Tão forte e tão perto. Drive sofreu um pequeno revés em sua extraordinária performance nessa temporada de premiações, mas garantiu-se  na disputa com Albert Brooks concorrendo como coadjuvante.Steven Spielberg foi outro desaparecido. Embora tenha emplacado indicações para seus dois filmes na temporada. Cavalo de guerra, que ocupa uma excepcional sexta vaga na categoria de melhor filme dramático, ficou com jeito de encaixe na base do prestígio do diretor.

Recordar é viver
Em 2006, a HFPA não contabilizou Munique entre os indicados a melhor filme. A fita de Spielberg concorreu apenas a roteiro e trilha sonora. No entanto, o filme foi um dos protagonistas do Oscar daquele ano, conquistando indicações para filme, direção, roteiro, montagem e trilha sonora.

 Páreo indefinido
O samba do crioulo doido continuou na categoria de ator coadjuvante. Apenas Christopher Plummer, Jonah Hill e Kenneth Branagh repetiram as nomeações de ontem no SAG. A HFPA ainda colocou o nome de Viggo Mortensen na disputa. Nick Nolte, Patton Oswalt e o veterano sueco Max Von Sydow continuam na briga por vagas no Oscar. Armie Hammer, bombado pela indicação até certo ponto surpreendente ao SAG, também disputa uma vaguinha no Oscar.

Gosling neles!
Conforme esperado, a HFPA demonstrou todo o seu afeto por Ryan Gosling, seguramente um dos destaques do ano no cinema. O ator concorre a melhor ator dramático por Tudo pelo poder e a melhor ator em comédia por Amor a toda prova.

O verdadeiro Rei George
E ainda tinha quem duvidava de que a atual temporada de premiações teria as iniciais de George Clooney por toda ela. Depois de um início lento (ficou de fora da lista do Spirit Awards por Os descendetes), Clooney cravou presença em todas as premiações e atingiu o ápice nas indicações ao Globo de ouro nesta quinta-feira (15). Clooney concorre como ator por Os descendentes, roteirista e diretor por Tudo pelo poder e produtor  por ambos os filmes. O verdadeiro rei George, como se vê, não foi a figura da temporada de 2011 (no personagem que valeu o Globo de melhor ator dramático para Colin Firth), mas sim da que está em pleno vapor.

Clooney rules: I gotta it baby...


Do jeito que só Harvey Weinstein sabe fazer
Nenhum estúdio angariou mais indicações no Globo de ouro do que a Weinstein Company, estúdio do bambambã Harvey Weinstein. Foram 12 indicações no total. Das fitas que distribui nessa temporada de premiações, apenas Coriolanus não recebeu menção pela HFPA. Até duas indicações para a fita de Madonna, W.E, Weinstein emplacou. Ele encaixou, também, Michelle Williams e Meryl Streep nas categorias de atriz em comédia e em drama respectivamente. E The artist, vale lembrar, é o líder em indicações. Ah! E como se não fosse o bastante, no SAG e no Spirit Awards, também foi Harvey Weinstein quem deu as cartas.





 O viço de Tudo pelo poder
Filme, direção, ator e roteiro. Muita gente não esperava que a semana terminasse tão bem para o filme de George Clooney. A crítica americana não se entusiasmou tanto com o filme que versa sobre os bastidores da política do país. Pode até ser que Tudo pelo poder não vá além do Globo de ouro, mas sua pompa aqui se justifica sua acidez e cinismo que são muito bem recebidos por correspondentes estrangeiros em serviço nos EUA. A política americana é um folclore dos mais atraentes para o olhar estrangeiro. É difícil desenvolver esse olhar quando se está internamente envolvido.

Os estúdios viram o jogo
Parecia que seria no ano passado, mas quem sabe não é na temporada de 2012? Apesar dos independentes Os descendentes e The artist gozarem de certo favoritismo na temporada, os grandes blockbusters começam a mostrar os dentes. Das 11 fitas que concorrem a melhor filme, seis são de estúdio. E pelo menos três delas estão fortes na corrida (A invenção de Hugo Cabret, O homem que mudou o jogo e Histórias cruzadas). É esperar para ver como fica essa história.

Pitt e Hill, ambos indicados, em cena de O homem que mudou o jogo: o blockbuster da temporada?


Risos e choros
Curiosamente, a categoria de melhor filme em comédia e musical destaca filmes que flertam perigosamente com o drama. The artist e Meia noite em Paris se valem da nostalgia para reanimar o presente. Uma semana com Marilyn é um recorte voyeur e um tanto dramático da vida da maior diva de todas as divas, Marilyn Monroe. 50/50 mostra os conflitos de um jovem diagnosticado com câncer. Para aquebrantar o clima, a comédia rasgada Missão madrinha de casamento completa a lista.


Rio perde um pouco do charme
Se há uma ausência totalmente injustificada, é a da animação Rio. A fita de Carlos Saldanha acabou de fora da seleção que preferiu os convencionais Gato de botas e Carros 2. Um equívoco sem tamanho. Contudo, com Rio ou sem Rio, o vencedor virtual segue sendo Rango.

Um irlandês de talento
Ator de tato apurado e que costuma sumir em seus personagens, Brendan Gleeson não é o tipo que frequenta premiações. Mas a HFPA, na contracorrente, sabe prestigiar um ator que prestigia o público com seu talento. Ele foi indicado pela comédia independente O guarda. Vale lembrar que ele já havia concorrido como ator em comédia no ano de 2008 por Na mira do chefe. Na ocasião, perdeu para seu companheiro de tela, Colin Farrel. 

A queda de Daldry?
Tão forte e tão perto teve indicações sólidas, mas que não excedem o protocolo, no Critic´s Choice awards e ficou de fora do SAG e do Globo de ouro. A HFPA, em particular, não costuma prestigiar Daldry no mesmo nível da academia. Mas as duas exclusões são preocupantes. Contudo, as indicações dos sindicatos dos diretores e dos produtores podem colocar Tão forte e tão perto novamente em posição de vantagem.


Pegraprácapá Nova–iorquino
Chama a atenção na disputa pelo troféu de direção a presença dos dois cineastas mais nova-iorquinos da história do cinema. Tanto Martin Scorsese quanto Woody Allen construíram suas filmografias tendo como base a cidade de Nova Iorque; pela primeira vez se enfrentam no Globo de ouro por filmes que se passam em ... Paris. Allen já coleciona quatro indicações ao Globo de ouro como diretor (Noivo neurótico e noiva nervosa em 1978, Interiores em 1979, Hannah e suas irmãs em 1987 e Ponto final em 2006). Nunca ganhou. Já foi premiado, é bem verdade, como roteirista e também já concorreu como ator. Scorsese, por sua vez, ostenta sete indicações e duas vitórias. Concorreu por Touro indomável (1981), Os bons companheiros (1991), A época da inocência (1994), Cassino (1996) e O aviador (2005). Saiu vitorioso quando competia por Gangues de Nova Iorque (2003) e Os infiltrados (2007). É a primeira vez que ambos se enfrentam no Globo de ouro. Mesmo que nenhum dos dois vença, uma bela de uma memória para essa edição do Globo de ouro.


Uma categoria acima de qualquer suspeita
Quem não gosta de Charlize Theron atire a primeira pedra! Mas guarde a segunda para quem não aprecia Kate Winslet. É melhor arranjar mais uma para Jodie Foster. As três emplacaram atuações na categoria de melhor atriz em comédia/musical. Uma das categorias mais interessantes da disputa. A surpreendente e talentosa Kristen Wiig e a doce Michelle Williams completam a categoria. A última deve vencer, mas é certo que todas merecem prêmios (e não pedras).

De bem com Viggo
Viggo Mortensen foi esnobado por dois anos seguidos por trabalhos louváveis em Um homem bom (2008) e A estrada (2009). Com exceção do Critic´s Choice Awards, nenhuma grande premiação reconheceu o trabalho de Mortensen em nenhum desses dois filmes. A HFPA, em particular, parece apreciar o ator sob a batuta de David Cronenberg. Sua única indicação ao Globo de ouro até então havia sido pela segunda colaboração entre os dois, Senhores do crime (2007). A segunda indicação vem pela terceira colaboração em Um método perigoso.

O jeito de Levitt 
O despojado Joseph Gordon Levitt volta à disputa por um globo de ouro dois anos depois de ter concorrido por 500 dias com ela. Muito a vontade no cinema indie, Levitt é a principal ameaça para o virtual vencedor da categoria, o francês Jean Dujardin.

Levitt, sem pressão, conquista a segunda indicação ao Globo de ouro em três anos


Marmelada
Apesar da disputa por melhor trilha sonora reunir os papas John Williams, Howard Shore e Abel Korzeniowski, é difícil crer que a dupla Trent Reznor e Atticus Ross, vencedores por A rede social em 2011, não irá repetir a façanha pelo trabalho em Os homens que não amavam as mulheres.

5 comentários:

  1. Acho extremente problemática essa divisão do Globo de Ouro em comédia/musical e drama, o que sempre gera "inconsistencias" como é o caso de My Week With Marylin. Primeiro pelo fato de desprestigiar produções de outros estilos e segundo que chega a ser ingênuo tentar classificar um filme em apenas um estilo. Moneyball por exemplo flerta constantemente com a comédia e como você mesmo pontuou muito bem muitas das indicações de comédia tem toques dramáticos consideráveis.
    Acho que é o hora da HFPA mudar esses critérios que funcionaram muito bem a décadas atrás mas não refletem muito bem o atual cenário da produção cinematográfica.

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  2. Ótimos comentários, Reinaldo. Vamos ver no que dá.

    bjs

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  3. Ótimos comentários, Reinaldo(2). Incrível a diferença da lista atual para a lista do ano passado. Se lá a falta de opções era evidente, aqui as alternativas são tantas, que muita coisa que eu queria ver entre os indicados acabou ficando de fora. Entre as comédias, por exemplo: "Quero Matar Meu Chefe", "Amor a Toda prova"...
    Concordo que a ausência de "Rio" é absurda; "Gato de Botas" e "Carros 2" foram filmes que eu achei extremamente convencionais... e a originalidade de "Rio" já estava na própria ideia de uma história ambientada aqui, não é! Tomara que o Oscar lembre dele.
    Mais uma vez, bons pressentimentos para essa temporada! Ah, e eu estou torcendo pra Michelle Williams!
    Valeu!!

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  4. Seus comentários sobre os festejos cinematográficos são os melhores, um brinde Reinaldo! Vamos aguardar...
    ... ainda vou com a cara do Globo de Ouro, festa mais despojadinha, rs!

    O trabalho de Michel Hazanivicous em deixa curiosíssimo, mas ter o mestre Woody Allen na cerimônia é de deixar qualquer cinéfilo contente :)

    Abs.

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  5. Daniel Henrique: Pois é Daniel, rótulos são sempre controversos. Mas seu pleito vai de encontro aos movimentos presentes em Hollywood. Gente como Ben Stiller e Judd Apatow defendem que a academia deveria considerar criar uma categoria para premiar comédias, mirando-se no exemplo do Globo de ouro. Essas inconsistências as quais vc se referem são frutos da malandragem de marketeiros e da leniência da HFPA. No entanto, concordo que hajam comédia e dramas que se bifurcam. Veja o caso de Amor sem escalas há dois anos atrás ou mesmo de Moneyball este ano?
    Abs

    Amanda: Vamos seguir acompanhando! bjs

    José: Pois é... Foi um ano muito bom para as comédias. Se a configuração dos indicados fosse outra, ainda assim poderíamos concluir isso. Já é, por si só, um alívio. Acho que Rio tem chances para o Oscar sim, mas lá são só três vagas.
    Abs

    Rodrigo: Obrigado Rodrigo. Muitos mais comentários virão.
    Abs

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