O que seria de um mês de outubro sem lançamentos de horror no cinema? Seria muito frustrante para fãs do gênero e um desperdício em termos econômicos e marqueteiros para os estúdios. Em 2011, dois lançamentos se destacam. O primeiro deles, que já está em cartaz nas salas brasileiras, é A hora do espanto (Fright night, EUA 2011), refilmagem do homônimo de 1985. O outro, que estréia mundialmente em 21 de outubro, é a terceira parte da mais recente franquia de terror do cinema (Atividade paranormal).
Muito mais do que uma homenagem...
A hora do espanto é um filme seminal. A fita de Tom Holland, lançada em 1985, deu vez a uma nova horda no cinema de horror com o “terrir”, um híbrido de terror e comédia que atingiu o ápice com séries como A morte do demônio, de Sam Raimi e A hora do pesadelo, de Wes Craven. O próprio Sam Raimi revisitou o “terrir” há dois anos com o excelente Arrasta-me para o inferno. E Craven ostenta a série Pânico. O “terrir” é um conceito estranho para platéias acostumadas com o graphic porn de filmes como Jogos mortais e O albergue. Mas é aí que essa refilmagem capitaneada por Craig Gillespie pode fazer a diferença. Gillespie não tem um currículo que o habilite no gênero, mas além de produzir uma série que aborda esquizofrenia de um jeito leve (United States of Tara), ele já dirigiu duas comédias de tons completamente diferentes: Em pé de guerra, em que Sean William Scott sofre bullying do namorado da mãe vivido por Billy Bob Thorton e A garota ideal, em que Ryan Gosling apaixona-se por uma boneca inflável. Gillespie demonstra respeito pela obra inaugural do “terrir’, mas demonstra também ousadia em atualizar a trama com elementos da cultura pop.
O cartaz do A hora do espanto original aposta mais no humor do que no terror...
Colin Farrell é o destaque de um dos cartazes promocionais do novo A hora do espanto: sangue, risos e sustos...
O novo A hora do espanto, apesar da aprovação da crítica, não empolgou nas bilheterias. O fato corroborou para o fracasso das refilmagens oitentistas nesse 2011. Além de A hora do espanto, Conan- o bárbaro foi outro filme que fez água nas bilheterias. Esse detalhe só reforça a inadequação do público ante a proposta. Outro ponto de divergência diz respeito à forma como os vampiros são mostrados aqui. Em A hora do espanto, diferentemente da moda atual, os vampiros são criaturas demoníacas, sedentas por sangue e impiedosas. Essa diferença é sublinhada em um ótimo diálogo entre Charley Brewster (Anton Yelchin) e seu amigo Ed (Christopher Mintz-Plasse). Quando o segundo tenta convencer o primeiro de que o novo vizinho é um vampiro. “Você está lendo muito Crepúsculo”, devolve Charley. Colin Farrell dá vida ao vampiro Jerry, o vizinho tipão de Charley. Farrell reveste Jerry de charme, mas de um jeito assustador e cínico. De longe a melhor retratação de um vampiro no cinema em anos. Uma curiosidade é que o ator australiano Heath Ledger foi considerado para o papel nos estágios iniciais da produção, mas a prematura morte de Ledger, em janeiro de 2008, colocou Colin Farrell na mira dos produtores.
“Aceitei fazer porque sou fã do original e acho que a ideia não era fazer uma refilmagem pura e simples, havia como expandir esse universo e honrar o original”, ressalta Colin Farrell em entrevista promocional. O fato de contar com os ótimos Anton Yelchin e Christopher Mintz-Plasse, como os nerds da vez, ajuda a dar corpo a essa ideia.
É no mínimo inusitado, dentro da configuração cinematográfica atual, um filme de terror que faça rir e que tenha um vampiro enigmático e cruel. São dois aspectos que o novo A hora do espanto mantém em evidência calculada. Não à toa, os elogios se multiplicam.
Nada paranormal
Em 2009 uma fita independente tomou conta das redes sociais e teve no boca a boca digital o seu melhor marketing. Tratava-se de Atividade paranormal (2009). A fita do americano Oren Peli destronou A paixão de Cristo, de Mel Gibson do posto de filme independente de maior rentabilidade da história. Rodado com apenas U$ 15 mil, o filme faturou quase U$ 250 milhões nas bilheterias mundiais. Um feito e tanto.
Steven Spielberg havia intercedido junto a Paramount pela fita e possibilitou que Peli lançasse a produção nos cinemas. O curioso é que a cada semana que se passava, o circuito de Atividade paranormal era ampliado, em virtude do frisson nas redes sociais – especialmente no twitter. O filme foi o mais citado dentro do grupo cinema em 2009 e os leitores de Claquete o elegeram para receber o especial do mês de dezembro daquele ano no blog. O filme chegou ao país e a maior parte de seu público foi constituída por adolescentes que berravam nos cinemas quando uma porta se mexia ou um barulho surgia na tela. O hype já era grande demais.
A trama de Atividade paranormal era simples. Um casal, atordoado com suspeitas de alguma atividade durante a noite em sua casa, instala câmeras para se certificar do que estaria acontecendo. Apesar do estrondoso sucesso, e da relativa aceitação da crítica americana, Atividade paranormal não foi bem recebido pela crítica brasileira. “A opção narrativa, cuja razão é puramente orçamentária, de mostrar pouca coisa e confiar no poder da sugestão é valiosa e muito mais eficaz do que os litros de sangue da série Jogos mortais. Contudo, falta a Peli a capacidade de admoestar sua platéia.”, destacou Claquete na crítica do filme em dezembro de 2009. A crítica completa, o leitor pode conferir aqui.
Katie, Micah e a câmera: o jeitão de reality show de Atividade paranormal é um dos atrativos do filme
O sucesso, no entanto, garantiu ao filme a transmutação em franquia cinematográfica. Além de ter gerado uma refilmagem japonesa – algo inusitado principalmente na seara do terror, aonde os americanos vinham se apropriando do terror asiático - Atividade paranormal ganhou um segundo capítulo dirigido por Tod Williams, de dramas como Provocação (2004).
O segundo filme acompanhava eventos paralelos aos acontecimentos retratados no primeiro exemplar. Os dois primeiros filmes e a refilmagem japonesa podem ser encontrados nas melhores locadoras e megastores do país. O segundo filme é uma das estréias do mês no canal pago Telecine Premium.
Em 2011, chega o terceiro Atividade paranormal. Oren Peli, novamente atuando como produtor, confiou aos novatos Henry Joost e Ariel Schulman a direção da fita. É o terceiro ano consecutivo de Atividade paranormal nos cinemas. Terá mais? “Em termos de um quarto filme, eu não tenho a menor ideia”, afirmou Peli. “Eu nunca pensei que teria uma parte 2, quanto mais um terceiro”. Mas o diretor e produtor sabe rezar a cartilha: “Mas se esse aqui for um sucesso, o estúdio provavelmente irá querer um quarto filme. Mas nós temos muito respeito pela base de fãs; nunca faremos um filme só por fazer”, argumenta o diretor e produtor que atualmente está dirigindo Área 51, um filme de terror que envolve alienígenas. Peli que também é produtor da nova fita de terror de Rob Zombie, The lords of Salem, disse que acha o terceiro filme o mais assustador: “Nós o achamos extremamente assustador! Nós estamos indo mais além para mostrar as origens das maldições que perseguem Katie e Kristi. A história acontece no final dos anos 80 quando nossos personagens são crianças e nós poderemos ver como toda aquela doidera começou”.
Talvez seja justamente isso que os fãs queiram e não é necessária nenhuma paranormalidade para perceber isso.
O poster do terceiro filme: tudo o que os fãs queriam...
Ainda não conferi o novo "A Hora do Espanto" e sempre fico um pé atrás com estas refilmagens.
ResponderExcluirGostei do primeiro "Atividade Paranormal", mas tb não assisti ainda suas continuações.
Abraço
Dos dois filmes citados no post, o que mais me interessa é o remake de "A Hora do Espanto". Fiquei, aliás, até bem surpresa quando vi que Colin Farrell fazia parte do elenco do remake.
ResponderExcluirEm relação à "Atividade Paranormal 3". Assisti ao trailer nesta semana, mas não gosto. Acho esse tipo de filme uma verdadeira enrolação! rsrsrs
Beijos!
Adoro OUTUBRO meu caro, mas quando chega Novembro fico ainda mais animado, rs!
ResponderExcluirTb não assisti o novo "Espanto" e sou fiel ao original do Holland, rs! Aquela fala do Crepúsculo entre os mocinhos que vc aponta aqui (eu tbm assisti no trailer dublado) é bizarrinho. os tempos mudaram a não fazem mais vampiros e monstros como antigamente. Sei lá, acho que o cinema de Hollywood precisa de uma sacada original, inventiva para celebrar um terror como foi na década do toca fita. Não acho que a onda de "Atividade Paranormal" e filmes com estilo documental, caseiro e amador (ex.: Rec, Quarentena) sejam o suficiente para o retorno triunfal do gênero, como fez Craven em Pânico. Aliás, em matéria de terrir prefiro o último de Raimi e o quarto da franquia Pânico, pelo menos são filmes pela tutela de cineastas que viveram uma época que se fazia terror com anarquia.
Até agora acho que a fórmula de filmes como Ativ. Paranormal 3 que vai estrear, se esgotou.
Abraços.
Não aguento mais remakes e continuações, principalmente quando surgem coisas pavorosas como "Atividade Paranormal 2"!
ResponderExcluirAntonio Júnior: Mas vc já não conhece o blog Antonio?!
ResponderExcluirAbs
Hugo: Eu tb sou do tipo apreensivo. Mas o novo A hora do espanto é bacanão. Eu achei bem ruim o primeiro Atividade paranormal. O terceiro estreará na próxima semana.
Abs
Kamila: E o Farrell tá mandando muito bem! Eu acho que Atividade paranormal é msm um engodo. Mas o problema não é o gênero, é o filme...
Rodrigo: Como sempre, de uma lucidez tremenda. Mas eu acho que Holland não vai ficar chateado com essa "puladinha" de cerca não... rsrs
Abs
Matheus: Pois é... Aí não tem paciência que aguente!
Abs