Antes tarde do que nunca...
Aconteceu o que Claquete havia antecipado em uma seção Em off de fevereiro deste ano, muito antes da estréia de X-men: primeira classe. O alemão de ascendência irlandesa Michael Fassbender aconteceu. O primeiro contato com o nome mais quente de Hollywood atualmente se deu em Bastardos inglórios. No filme de Quentin Tarantino, Fassbender só não chamou mais atenção do público porque o melhor personagem da fita, Hans Landa, era defendido por outro ator grandioso (Christoph Waltz). Escavadores irão sacar Hunger, filme de 2008 não lançado comercialmente no Brasil, como o marco zero da Fassbendermania que se anuncia.
Fassbender apresenta um 2011 primoroso, em que se cristalizou como ator de pedigree ao estrelar um blockbuster pensativo (X-men: primeira classe), um filme provocador com aspirações a prêmios (Shame) e outra produção de prestígio com aspirações a prêmios (A dangerous method). Para ficar no campo dos bastardos, Christoph Waltz foi a primeira opção de David Cronenberg para viver Freud, em oposição ao Jung de Fassbender. O austríaco declinou do papel para rodar o mais midiático Água para elefantes. Em seu lugar entrou o ator favorito de Cronenberg, Viggo Mortensen. Em comum, o americano Mortenssen, o alemão Fassbender e o austríaco Waltz têm a fama tardia. Os três foram alçados à notoriedade relativamente tarde. Waltz, nascido em 1956, conquistou a Palma de ouro, o Oscar e reconhecimento aos 43 anos. Fassbender, nascido em 1977, só em 2011 vislumbra as regalias do prestígio internacional. O leão de ouro em Veneza é um bom presságio do que está por vir para um ator categórico em seu ofício. Viggo Mortenssen é outro que só foi descoberto após o imenso sucesso da trilogia O senhor dos anéis. No entanto, o ator já estava em Hollywood navegando abaixo do radar de público e indústria.
George Clooney é o exemplo mais bem delineado de astro tardio
Os três confirmam uma tendência verificada, maiormente, entre homens. George Clooney é um exemplo bem definido de astro tardio. Estrela de filmes B na juventude, Clooney só ficou conhecido graças ao sucesso de Doug Ross, um médico grisalho e charmoso da série de tv E.R. Clooney,assim como Mortenssen e Fassbender, cultivou a fama com cálculo e estratégia na escolha de papéis e no enfoque público de sua persona. Hoje é considerado por muitos o maior astro da Hollywood atual. Jamie Foxx é um exemplo que se coloca diametralmente oposto a Clooney. Estrela de filmes B como A isca e Quebrando regras, Foxx despontou em 2004 com dois filmes de grande apelo midiático. Colateral, em que Tom Cruise fazia um improvável vilão, e Ray, em que encarnou a lenda da música negra americana Ray Charles. Depois disso, Foxx – dividindo atenções com uma insossa carreira musical – enveredou-se por projetos discutíveis que nunca visaram à afirmação de seu talento, mas sim de seu status. Apesar do desvio de rumo – em comparação a Clooney - Foxx goza de fama e prestígio.
Um time acima de qualquer suspeita: Clive Owen, Jon Hamm, Colin Firth e Hugh Jackman engrossam a lista de astros que ganharam fama tardiamente
Outro ator que deve a um filme em especial o apreço que detém de público e crítica é o inglês Clive Owen. Não fosse por Closer-perto demais, esse britânico de bom trânsito no teatro não viraria a realidade hollywoodiana que é hoje. Trafegando por variados gêneros, Owen tem se mostrado um ator eficiente. O ator não quis assumir um papel que certamente definiria sua carreira. Ele recusou o convite para ser o sexto James Bond. A recusa valeu o green card hollywoodiano a outro britânico, Daniel Craig. Craig já havia feito filmes como Lara croft: tomb raider e Estrada para perdição, mas não passava de um ator de pequena penetração. Bond mudou tudo. O ator assumiu o papel com 38 anos e se viu na imagem de sexy symbol. Hoje, colaborando com diretores como Steven Spielberg e David Fincher, planeja uma valorização de seu talento.
Apesar da maior incidência entre os homens, a fama tardia também ocorre a mulheres. Foi o caso das oscarizadas Kathryn Bigelow e Halle Berry, que viram seus status mudarem após o Oscar. Berry, talvez um ano antes, com o sucesso de X-men: o filme.
É inegável que Hollywood, mais do que qualquer outro lugar, cultiva a juventude. Mas o sonho americano é algo tão enraizado na cultura pop que o lugar certo e a hora certa podem acontecer depois dos 30 ou dos 40, quem sabe. Afinal, é cinema...
Não sabia que Clive Owen tinha recusado o papel de Bond... Garanto que eu teria comprado todos os dvds se ele tivesse aceito, rsrsrs
ResponderExcluirFalando sério, ótima matéria :)
Bjs
Preciso dizer o quanto gostei deste Insight logo com Fassbender no top? Rs!
ResponderExcluirEngraçado, ele e Clooney de certa forma começaram com Quentin Tarantino. E na verdade não foi tarde demais. Panela velha é que faz comida boa.
Abraço!
Antes tarde do que nunca, hein?? :)
ResponderExcluirMas, Michael Fassbender merece demais, porque tem tido um excelente ano como ator. Suas performances nos filmes que estrearam até agora ("X-Men: Primeira Classe", "A Dangerous Method" e "Shame") têm sido extremamente elogiadas. Acho que ele chega até o Oscar, brigando até pela estatueta com gente como George Clooney e Gary Oldman, que também recebem bons elogios.
Dos casos que você citou, de reconhecimento tardio na carreira, um dos mais curiosos é o do Jon Hamm, porque o sucesso dele na TV como Don Draper (um baita personagem, que todo ator adoraria ter a chance de interpretar, diga-se de passagem), ainda não se traduziu em oportunidades de carreira no cinema para ele. Espero que ele tenha essa chance, porque talento ele tem para fazer uma transição bem sucedida para os filmes. :)
Aline: Sabia sim pq eu já tinha te contado... rsrs. Mas tudo bem vc esquecer...
ResponderExcluirBjs
Rodrigo Mendes: Não precisa dizer não.É... ambos tiveram a exposição G com Taranta...
Abs
Kamila: O Jon Hamm até que tem feito cinema sim, acontece que é isso mesmo.Os papéis são todos monocromáticos. Ele tem evitado os filmes de época e que ele tem de usar terno... não quer ficar estigmatizado como um mad men... rsrs. Atração Perigosa e o remake de O dia em que a terra parou foram alguns dos filmes que desviavam dessa linha...
bjs
Bom, como Kamila roubou a piada que pensei enquanto lia o texto ("Antes tarde do que nunca", resta dizer que gostei bastante da pauta, Reinaldo. Realmente, Hollywood cultiva juventude, mas bons talentos conseguem espaço, e agradecemos por isso. Michael Fassbender merece mesmo colher os frutos agora, e quanto a Christoph Waltz, apesar de gostar de Viggo Mortensen, gostaria de ter visto o Freud dele, pois em Água para Elefante, apesar das proporções, o personagem tinha muita semelhança com o que ele fez em Bastardos.
ResponderExcluirbjs
Amanda: Tb gostaria de ver Waltz como Freud. Infelizmente ele não pensava como a gnt...
ResponderExcluirbjs