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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Em off

Um canibal rabugento


Em entrevista à Folha de São Paulo, por ocasião da estréia do filme O ritual (em que faz um padre exorcista e contracena com a brasileira Alice Braga), o ator galês Anthony Hopkins, 73 anos, demonstrou certa rabugice. Nada que afete seu charme, mas certamente denigre um pouco sua já combalida carreira.
Hopkins declarou não esperar mais nada do cinema. Disse que segue apenas orientações de seu agente na escolha de projetos e que não se sente motivado pelos papéis que interpreta. O galês fez a ressalva de que o roteiro de O ritual foi dos mais interessantes que leu nos últimos tempos. Antes que o leitor constate que Hopkins também não anda recebendo roteiros lá muito interessantes, é bom ficar sabendo que, diferentemente de outros atores de renome em Hollywood, o ator não quer saber de teatro. “É tão chato ficar revirando Hamlet de Shakespeare a cada geração” Ah, mas e assistir peças, gosta? “Não. É chato demais!”

Anthony Hopkins já não demonstra a gana da foto que tirou quando recebeu o Oscar de melhor ator por O silêncio dos inocentes



A pergunta é...
O que Helena Bonhan Carter (O discurso do rei) está fazendo entre as indicadas a melhor atriz coadjuvante no Oscar?


A frase é...
“Eu provavelmente não vou ganhar isso novamente, então eu vou curtir!”
Helena Bonhan Carter ao ganhar o Bafta de melhor atriz coadjuvante



Você sabia?

- Que se Jeff Bridges vencer o Oscar de melhor ator no dia 27 de fevereiro, o personagem Reuben J. Rooster Cogburn se tornará o segundo na história do cinema a valer dois Oscars a atores diferentes. O primeiro, e por enquanto único, foi Don Vitto Corleone que valeu um Oscar a Marlon Brando e outro a Robert De Niro.

- Que Javier Bardem votou em Lula – o filho do Brasil para ser indicado a melhor filme estrangeiro no Oscar 2011

- Que Tom Hanks, Jude Law e Michael Douglas já foram confirmados como apresentadores da 83ª cerimônia de entrega dos prêmios da academia



Show me your Burlesque
Estreou no Brasil um dos musicais mais mal falados dos últimos anos, filme que ostentou o índice mais deplorável de críticas negativas no site RottenTomatos em 2010. Burlesque não merecia esse fardo. É uma obra prima? Longe disso! É um ótimo filme? Não. É um musical da melhor qualidade? Não chega a tanto! É ruim? Também não é o caso. O filme que encerra com a canção original “Show me your burlesque” cumpriu o que prometia: mostrou o burlesque ainda invejável de Cher e apresentou o burlesque extremamente satisfatório de Cristina Aguilera. A crítica do filme será publicada em breve aqui no blog.



Domínio real

Neste domingo (13), a academia britânica de cinema distribuiu os prêmios Bafta. O discurso do rei, conforme esperado, dominou a premiação. Mas de forma mais acentuada do que se poderia supor e muito mais exagerada do que o merecimento lhe propunha. Com sete prêmios (filme, filme britânico, ator, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, roteiro original e trilha sonora), a fita – há duas semanas do Oscar – agiganta sua candidatura.


Rei não tão morto...
Mas A rede social triunfou em categorias importantes (direção, roteiro adaptado e montagem). O que cristaliza o bairrismo da academia britânica e ainda mantém a briga aberta pela disputa principal no Oscar.


Ave Colin!
Na Inglaterra ele é o rei mesmo. Colin Firth contra todos os prognósticos prevaleceu pela segunda vez consecutiva na disputa pelo Bafta de melhor ator. Firth, que ganhou ano passado por Direito de amar, repetiu um feito no Bafta que a história guardava a mais de 40 anos.


O filme que não para de encolher
Até o sofrível Alice no país das maravilhas ganhou mais prêmios na noite de domingo do que A origem. Enquanto o filme de Nolan resguardou os prêmios de efeitos especiais e edição de som, o filme de Tim Burton prevaleceu nas categorias de maquiagem, direção de arte e figurinos. Só concorriam em direção de arte, mas ficar atrás de Alice é a pior das decepções...



Angariando votos
Se O discurso do rei já é forte candidato ao Oscar de roteiro original (embora dos selecionados, seja o que menos merece), o diretor Tom Hooper aumentou as chances do filme ao aceitar o Bafta de melhor produção inglesa ontem. Hooper saiu-se com a seguinte: “Esse filme começou com um garoto gago que ao ouvir o discurso do rei pelo rádio pensou que se o rei poderia fazê-lo, ele também podia. E esse garoto é o nosso roteirista David Seidler”. A referência ao septuagenário escritor do filme pode ser tão elogiosa quanto sincera, mas que tem um potencial de marketing danado tem!



O rei, em questão, fala!
Seidler, por sua vez, conferiu elegância e pompa a sua fala quando coletou o prêmio pelo roteiro do filme: “É incrível que este pequeno filme,  afinal são dois homens em uma sala, tenha tocado todo mundo. Para um gago, ser ouvido é uma coisa maravilhosa”



Sorkin faz o seu...
Ao ganhar o prêmio de melhor roteiro adaptado por A rede social:

“ É uma grande honra. Quando você é um roteirista americano, tudo o que você quer é ser um roteirista inglês. E isso é o mais perto que você pode chegar!”



Enquanto isso na Espanha

O espanhol Javier Bardem, indicado ao Oscar de melhor ator por Biutiful, ganhou o prêmio Goya pelo mesmo filme. O drama catalão Pa negre (sem distribuição garantida no Brasil) ganhou os prêmios de melhor filme e direção para Augustí Villaronga. O uruguaio Jorge Drexler (ganhador do Oscar pela canção de Diários de motocicleta) levou o Goya de melhor composição original por uma nova colaboração com um cineasta brasileiro. O triunfo ocorreu em virtude da música “Que el soneto nos tome por sorpresa”, da produção Lope, dirigida por Andrucha Waddington.

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