Páginas de Claquete

domingo, 21 de março de 2010

Insight

O dilema de Robert Pattinson


Robert Pattinson é um fenômeno. A despeito de suas qualidades como intérprete, atrai uma multidão disposta a apreciar sua beleza, caso da maioria, em relativiza-la, caso de alguns, ou de diminuí-la, caso de mais alguns. Pattinson é um dos nomes mais quentes da atual safra hollwoodiana. Provoca comentários espirituosos de muita gente que já está no circo hollywoodiano há algum tempo, como Uma Thurman sua parceria em Bel Ami (filme em produção no momento), que foi a imprensa externar sua ansiedade por trabalhar com Pattinson e pelas cenas de amor que irão protagonizar. Há, obviamente, toda a celebração de seu nome na indústria. Revistas, sites e programas especializados em celebridades repercutem o apelo do jovem astro. No Brasil, há pelo menos 400 comunidades no orkut destinadas ao culto a Pattinson. Há mais um sem número de fã clubes, excluindo dessa equação aqueles que centralizam a saga Crepúsculo, e toda uma atenção da mídia sobre os efeitos que o ator provoca em milhares (para não dizer milhões) de adolescentes.

Cena de Eclipse que estréia em junho: Edward é ao mesmo tempo um passe livre e uma prisão para Pattinson en Hollywood

É impossível, no entanto, dissociar a imagem de Pattinson de seu personagem, Edward Cullen, na saga Crepúsculo. Para o bem e para o mal, Pattinson está destinado a viver, pelo menos enquanto perdurar a saga, sob a sombra do amargurado vampiro da saga de Stephanie Meyer. Isso implica em viver personagens sombrios e amargurados. Em que a interpretação exige retoques de angústia e capacidade de expressão de deslocamento. É justamente um tipo como esse que ele compõe em Lembranças (Remember me), seu primeiro filme depois do sucesso de Crepúsculo. Tyler é um personagem deslocado, que a realização induz-nos a tomarmos como incompreendido, e a persona de Pattinson (e mais importante ainda, a memória que o espectador tem dela) contribui para isso. Não é de se estranhar, portanto, que 10 entre dez resenhas sobre o filme se concentrem na interpretação do ator. Afinal, o destaque que o filme recebeu (apesar de ser um drama “comum”, teve estréia mundial) é todo em virtude de seu protagonista.


Em Lembranças, Pattinson vive um personagem que remete a percepção que o público tem dele


Ainda não dá para dizer que Pattinson é mau ator. Como também é humanamente, e criteriosamente, impossível dizer que ele é bom ator, como se entusiasmam algumas fãs ardorosas. Fato é que existe muita pressão e expectativa sobre Pattinson. O ator, ao que parece, tem se equilibrado bem em relação a elas, mas carece de tempo e, mais do que isso, equilíbrio também de seus observadores. Administrar uma imagem e uma carreira não é algo fácil. Há exemplos notórios de sucessos e fracassos nesse departamento. A julgar pela situação de momento, aconteça o que acontecer com a carreira de Pattinson, será menos por seus méritos e mais por intervenção alheia. Essa é a verdadeira angústia de Robert Pattinson.

8 comentários:

  1. A grande questão é que só por que ele está inserido dentro dessa euforia de massa, desse exagerado panorâma de tietagem e assedio mundial - que todos, incondicionalmente, tendem a procurar "erros" ou "deslizes" interpretativos dele e acabem querendo uma atuação "perfeita" dele. Vai entender. Se ele fosse um ator de filmes independentes ou filmes de pouco apelo de bilheteria e tal, iriam considerar ele bom ator. Fato.

    A grande questão é que ele é realmente talentoso e pra quem já assistiu o sublime Poucas Cinzas - no qual ele interpreta Salvador Dali que se envolve sexualmente com o poeta Garcia Lorca - pôde observar como ele é versátil e talentoso. Obviamente, há muito a crescer, como diversos atores por aí.

    Lembro da época que DiCaprio era o centro das atenções, há dez anos atrás, e todos os blogueiros e críticos falavam a mesma coisa que hoje falam sobre o Pattinson: o caso é que diziam ver um DiCaprio só destinado a filmes dramáticos de romances no qual a sua beleza fosse o único artefato interpretativo.

    Um absurdo! Hoje ele está ai endeusado por todos que criticavam ele e tenho dito!

    Abraço

    ResponderExcluir
  2. Vou ser bem sincero: detesto o Robert Pattinson! Acho que ele é completamente inexpressivo e quando inventa de ter algum esforço dramático, cai na caricatura. Sem contar que todos os filmes que ele participa são péssimos. Ainda não vi esse "Lembranças", mas além da saga "Crepúsculo", fez uma coisa pavorosa chamada "Uma Vida Sem Regras" - o pior filme do ano passado.

    ResponderExcluir
  3. Cris, é justamente isso. Falta essa perspectiva a Pattinson. Pattinson é um ator de extremo potencial, como eu evidencio no texto. Assim como DiCaprio parecia perdido após o sucesso de Titanic, até encontrar Scorsese em seu caminho. Talvez seja um diretor ou um projeto mais ambiguo que esteja faltando a Pattinson. Não acho que se ele estivesse no cinema independente seria diferente. Essa hipótese é totalmente incabível. Estivesse ele no cinema independente, a atenção não seria essa, logo o julgamento teria outros paramêtros e conotações. Se vc reparar, não critiquei Pattinson em momento algum. Critiquei suas atuações em crepúsculo e Lua nova, que convenhamos, são mesmo "over" para dizer o mínimo. Essa é imagem que o público ( e a indústria) tem dele e que ele parece (a julgar por seus próximos projetos) querer se desvincilhar. Pattinson, me parece, está administrando bem sua carreira. Afirmo isso no artigo. Mas, infelizmente, é mais um peão no tabuleiro hollywoodiano. Como ele vai se movimentar, não depende só dele. Mas, certamente, ele influencia e muito com suas escolhas dramáticas. Abraço

    Matheus: Uma vida sem regras é mesmo horrível. Contudo, é preciso entender que esse filme foi rodado antes de crepúsculo. Ou seja, se ele era limitado em crepúsculo, imagine antes né?! Não acho Pattinson ruim. Também não o acho bom ator. Reconheço sim, que tem potencial. O uso que fará dele, aí é outra coisa.
    ABS

    ResponderExcluir
  4. Eu acho que Pattinson tem estilo, tem sua beleza cool e o que está faltando é um grande projeto e alguém que o ajude a desenvolver uma melhor interpretação em um melhor papel. Eu penso que Leonardo di Caprio era bem mais superior a Pattinson quando começou sua carreira, logo há esperança que Pattinson ganhe novos projetos e se desenvolva. Nenhum crítico deve condená-lo a um estigma mesmo que o peso de Edward Cullen seja grande demais, por isso concordando com o comentário que expõs, ele precisa de uma ajudinha alheia mesmo, mas no final o mérito será dele, ele que terá que provar que é tão bom quanto tantos outros, assim como nós todos somos testados dia a dia.

    beijo!

    ResponderExcluir
  5. Pois é madame. Concordo com vc. Só um adendo. O que quis dizer no último parágrafo do meu artigo é que a falta de equilibro e a ansiedade que gravitam em torno de Pattinson, pelo menos na situação de momento, serão mais imperiosos para o destino de sua carreira (seja o sucesso ou o fracasso)do que os méritos do ator propiamente dito. Não que os méritos estejam excluídos da questão. Só não serão decisivos. Daí concluo que essa é a verdadeira angústia de Pattinson.
    Bjs

    ResponderExcluir
  6. Oi Reinaldo,

    Não assisti ainda este filme, porém darei minha opinião sobre este projeto. Penso que foi uma possibilidade de unir o lado carismático, melancólico e introspectivo de Pattinson (e também todo a imagem que foi construída ao redor dele ) para que ele incorporasse tais qualidades neste personagem, saindo do campo mítico (vampiros) para o campo real e humano (um jovem problemático que tem uma problemática familiar). Sob este aspecto e, comercialmente falando, foi como mais uma produto que combina com o portfólio de Pattinson. Além disso, o contexto "romântico" de Lembranças é mais uma possibilidade de capturar a atenção das jovens que suspiram ao vê-lo com uma mulher, sempre satisfazendo o apelo amoroso de que esta mulher poderia ser qualquer uma delas no plano das fantasias.

    Então, resumindo, mais um produto cinematográfico que veio a calhar. Pela reportagem que saiu no Fantástico, ele gostou da experiência. De alguma forma, ele está aberto às experiências, talvez nem ele mesmo esteja se exigindo tanto e muito menos os papéis que corram na contramão de Edward. Estrategicamente falando, Pattinson deve conservar a imagem dele de Cullen até acabar esta franquia do Crepúsculo. Depois, ele será um ser livre.

    Beijo, mon ami!

    ResponderExcluir
  7. Concordo com vc madame. Mas o ponto do artigo não era esse. Ademais,não penso que parte dele manter essa imagem enquanto perdurar a saga Crepúsculo. É inerente. Ele tem que aprender a lidar com isso. Algo que, imagino, ele está aprendendo. Portanto, nesse cenário, Lembranças parece menos uma opção e mais uma imposição industrial, por assim dizer. Impressão corroborada por suas mais recentes declarações, conforme destaco em post publicado hoje.
    Bjs cheri!

    ResponderExcluir
  8. Nossa, achei seu texto super equilibrado. Alguém devia estar precisando achar uma namorada... Torço para que o Pattinson melhore, sou sempre a favor de rostos bonitos na tela, rsrsrs desde que acompanhados de conteúdo.

    ResponderExcluir