Um dos filmes favoritos para a temporada é um patinho feio. Calma, esse artigo não é sobre o vencedor do Oscar Quem quer ser um milionário?, que de total desprestigiado passou a grande vencedor da temporada de premiações. Também não é sobre Preciosa, o filme que vem senso apontado por setores da critica americana como o Quem quer ser um milionário? do ano. É sobre uma fita que penou para arranjar distribuidor (e não conseguiu um distribuidor calejado como a fita de Danny Boyle, que ficou sob as asas da Fox searchlight), começou carreira festivais afora em Veneza no ano passado, teve estréia limitada nos EUA apenas em junho e no Brasil foi lançado em abril, diretamente em DVD. Pois é, Guerra ao terror ( The hurt locker, EUA 2009) não teve um caminho fácil para ver a luz do dia. Mesmo depois de angariar elogios em Veneza e Toronto, festivais nos quais debutou ano passado, o filme de Kathryn Bigelow permanceu com futuro comercial incerto.
O lançamento do filme coincidiu com a percepção de estúdios e produtores de que o Iraque não estava mais dando audiência. Principalmente nos cinemas. Com Obama eleito e uma crise econômica aterradora, os americanos não queriam ver o fracasso de sua política externa na sala escura de cinema. Guerra ao terror rompeu 2008 sem distribuição, e o filme, que deveria ser lançado no final do ano, ficou para 2009.
Bigelow e seus produtores associados submeteram o filme a mais alguns festivais, bem menos prestigiados do que Veneza e Toronto, para ver se conseguiam viabilizar o lançamento do filme. Guerra ao terror foi exibido em Seattle, Mar Del Plata e Dallas e não conseguiu nenhum negócio. A red light production que esteve envolvida no projeto desde o inicio resolveu lançar o filme em circuito limitado no verão americano como alternativa aos blockbusters que inundavam o país. Deu certo. O filme recebeu ótimas criticas e foi apontado como uma das melhores produções do ano. No Brasil, como em outras partes do mundo, o filme não chegou aos cinemas tendo ido direto para o mercado de home/vídeo. A Imagem filmes adquiriu os direitos sobre o filme.
Parece improvável que Guerra ao terror seja hoje apontado como um dos favoritos ao Oscar. Há quem dê como certa, inclusive, a indicação de Bigelow para melhor diretora. Se esse fato se confirmar, ela será a quarta mulher a obter tal distinção.
O lançamento do filme coincidiu com a percepção de estúdios e produtores de que o Iraque não estava mais dando audiência. Principalmente nos cinemas. Com Obama eleito e uma crise econômica aterradora, os americanos não queriam ver o fracasso de sua política externa na sala escura de cinema. Guerra ao terror rompeu 2008 sem distribuição, e o filme, que deveria ser lançado no final do ano, ficou para 2009.
Bigelow e seus produtores associados submeteram o filme a mais alguns festivais, bem menos prestigiados do que Veneza e Toronto, para ver se conseguiam viabilizar o lançamento do filme. Guerra ao terror foi exibido em Seattle, Mar Del Plata e Dallas e não conseguiu nenhum negócio. A red light production que esteve envolvida no projeto desde o inicio resolveu lançar o filme em circuito limitado no verão americano como alternativa aos blockbusters que inundavam o país. Deu certo. O filme recebeu ótimas criticas e foi apontado como uma das melhores produções do ano. No Brasil, como em outras partes do mundo, o filme não chegou aos cinemas tendo ido direto para o mercado de home/vídeo. A Imagem filmes adquiriu os direitos sobre o filme.
Parece improvável que Guerra ao terror seja hoje apontado como um dos favoritos ao Oscar. Há quem dê como certa, inclusive, a indicação de Bigelow para melhor diretora. Se esse fato se confirmar, ela será a quarta mulher a obter tal distinção.
Desarmando bombas em território hostil: um filme que não esconde o jogo
O segredo do sucesso
Para entender o porquê de tamanha comoção em torno do filme é preciso, obviamente, assisti-lo. Mas é possível cercar as razões que fazem de Guerra ao terror o sucesso que é. A primeira delas é a honestidade do relato. Não existem virtuosismos e elaborados exercícios de estilo, há uma história sobre homens às voltas com um conflito para o qual não há preparo específico e satisfatório e sobre os efeitos desse conflito neles. Sabe aquelas noticias que recebemos, já anestesiados, sobre bombas que explodiram no Iraque e mataram dezenas? Em Guerra ao terror, acompanhamos Owen, James e Sanborn, três homens, cuja missão é justamente desarmar essas bombas em terreno hostil. As atuações são vigorosas, mas se a história não fosse contundente o suficiente e o trabalho de Bigelow responsável como é, Guerra ao terror não seria tão bem sucedido dramaticamente. É difícil entender o porquê da rejeição à fita pelos executivos incumbidos de fazer bons negócios nos festivais de cinema. A lição que a academia deu esse ano com a premiação de Quem quer ser um milionário? (de que o cinema independente pode ser uma alternativa de sucesso) ainda não foi bem absorvida pela indústria como um todo. Guerra ao terror é um filme barato, bem realizado e com um discurso bem definido, em muitos termos é ainda superior ao vencedor do Oscar desse ano. Quem vê o filme, e entende minimamente de cinema, percebe isso. Precisa-se de olheiros em Hollywood.
Critica -Por trás da guerra!
A guerra de uma maneira em geral, e o Iraque em particular, dão ao cinema material dramático de primeira linha para se trabalhar. Depois do intenso No vale das sombras, um outro filme a abordar o conflito no Iraque de maneira diferenciada chama atenção. Guerra ao terror (The hurt Locker, EUA 2009) dirigido pela competente Kathryn Bigelow mostra o cotidiano de soldados, cuja missão é desarmar bombas.
A fita, que é independente e começou sua carreira internacional no festival de Toronto em 2008, é um poderoso estudo do quão desestabilizador e irreversível é uma guerra e o filme, sob uma perspectiva para lá de original, devassa com uma simplicidade narrativa ímpar os efeitos destrutivos de se “viver” uma guerra.
A fita de Bigelow, que por sinal apresenta um filme coeso, enxuto e pulsante, escancara os intestinos da guerra. Homens despreparados, acuados, viciados em adrenalina, temerosos, receosos, traumatizados, enfim, cada personagem que surge no decorrer da fita traz consigo um sentido, um comentário tão perene quanto robusto sobre o caos de ser o inimigo. De viver entre a vida e a morte todo o dia.
Guerra ao terror concilia com plenos méritos ação e suspense, em escaladas cada vez maiores, com o drama de seus personagens. Um trabalho vistoso de direção. Vistoso também é o desempenho de Jeremy Renner, como um sargento veterano, cuja metodologia vai de encontro à de seus parceiros de pelotão. Renner brilha intensamente. Aliás, é dele uma das melhores falas do filme. Uma fala que mimetiza o sentido da fita. Perguntado por um superior hierárquico, impressionado com sua atuação no desarme de uma bomba em um prédio da ONU, sobre qual a melhor forma de se desarmar uma bomba, ele diz: “do jeito que você não morre senhor!” Fulminate. Um adjetivo que fica com você após ver esse filme.
A guerra de uma maneira em geral, e o Iraque em particular, dão ao cinema material dramático de primeira linha para se trabalhar. Depois do intenso No vale das sombras, um outro filme a abordar o conflito no Iraque de maneira diferenciada chama atenção. Guerra ao terror (The hurt Locker, EUA 2009) dirigido pela competente Kathryn Bigelow mostra o cotidiano de soldados, cuja missão é desarmar bombas.
A fita, que é independente e começou sua carreira internacional no festival de Toronto em 2008, é um poderoso estudo do quão desestabilizador e irreversível é uma guerra e o filme, sob uma perspectiva para lá de original, devassa com uma simplicidade narrativa ímpar os efeitos destrutivos de se “viver” uma guerra.
A fita de Bigelow, que por sinal apresenta um filme coeso, enxuto e pulsante, escancara os intestinos da guerra. Homens despreparados, acuados, viciados em adrenalina, temerosos, receosos, traumatizados, enfim, cada personagem que surge no decorrer da fita traz consigo um sentido, um comentário tão perene quanto robusto sobre o caos de ser o inimigo. De viver entre a vida e a morte todo o dia.
Guerra ao terror concilia com plenos méritos ação e suspense, em escaladas cada vez maiores, com o drama de seus personagens. Um trabalho vistoso de direção. Vistoso também é o desempenho de Jeremy Renner, como um sargento veterano, cuja metodologia vai de encontro à de seus parceiros de pelotão. Renner brilha intensamente. Aliás, é dele uma das melhores falas do filme. Uma fala que mimetiza o sentido da fita. Perguntado por um superior hierárquico, impressionado com sua atuação no desarme de uma bomba em um prédio da ONU, sobre qual a melhor forma de se desarmar uma bomba, ele diz: “do jeito que você não morre senhor!” Fulminate. Um adjetivo que fica com você após ver esse filme.
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