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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Oscar Watch 2012 - O toque de Clooney



Parece mentira, mas ainda há quem não ache George Clooney um bom ator. Há outra horda que faz questão de diminuir seu talento afirmando que “ele interpreta a si mesmo”. O próprio Clooney, em 2010, quando indicado ao Oscar por Amor sem escalas, falou sobre isso em entrevista à revista Entertainment Weekly destacada em Claquete: "Laurence Olivier desaparecia em seus personagens e não tinha como você reconhecê-lo. Aí você tem Spencer Tracy, ele sempre foi um tipo de... Spencer Tracy. Eu não sei onde me ajusto. Há sempre algo de mim lá". Clooney complementa: "Se pareceu suave, natural ou comum é porque fiz meu trabalho. Quero dizer que sou um profissional. Eu sei o que estou fazendo".
À época, o leitor e blogueiro Elton Telles se manifestou em defesa de Clooney na seção de comentários:
“também defendo completamente o George Clooney nessa questão de que ‘ele interpreta a si mesmo em todos os filmes’. Primeiro de tudo, o ator deve tentar compreender e, de alguma forma, se identificar com o personagem. Em Amor sem Escalas, o ator está em sua melhor atuação: age com naturalidade, é mesmo uma atuação mais contida, que é excelente para o personagem”.
George Clooney a cada ano se consolida como uma das figuras mais expressivas da Hollywood atual. Mesmo morando na Itália. Essa particularidade é acentuada pelo fato do ator se provar, também, um diretor talentoso, um produtor voraz e um roteirista calejado.
Mas voltando à sua persona como ator, parece ingênuo – para não falar em falta de perspicácia analítica – dizer que Clooney interpreta a si mesmo. Ainda que seus personagens, de maneira geral, guardem algumas semelhanças, o mérito do ator está em difundir a individualidade deles em cada composição. O Matt King de Os descendentes é distinto, em forma e relevo, do Ryan Bingham de Amor sem escalas. Ainda que ambos os personagens sejam homens que interiorizam seus problemas emocionais e, no curso do filme, buscam alguma conexão humana e sentido para suas vidas. Clooney mostra sensibilidade ao sublinhar nuanças distintas e transformar inteiramente a lógica dos personagens. Ajuda, é fato, a distância das motivações de um e outro, mas apenas um ator extremamente habilidoso consegue fugir da repetição. É o que Clooney faz em Os descendentes.

Papai Clooney: em Os descendentes, o ator vive um pai que precisa recuperar o direito sob suas filhas


Outro ponto que ajuda à campanha de difamação do talento do ator é seu status de bon vivant. Algo que ronda, irremediavelmente, os filmes em que atua. Até mesmo em Os descendentes (em que ele faz um papel de pai atordoado e com péssimo gosto para vestuário), Clooney parece cool. Esse fato favorece a miopia de seus detratores.
Veja sua performance em Um homem misterioso, ótimo drama de Anton Corbijn infelizmente pouco visto. Na pele do tal homem misterioso do título, Clooney constrói um personagem que mais esconde do que traz à luz e a representação de ator segue a mesma lógica. Uma excelente atuação que o crítico A.O Scott do New York Times considera como a mais sólida da carreira do astro. No entanto, o trabalho, injustamente, foi pouco comentado fora do círculo dos críticos mais atentos.
Outra demonstração do bom tato de Clooney como ator se dá em Tudo pelo poder. Confortável na posição de coadjuvante, ele cria um político de ego sobressaltado e carisma estelar. Há quem identifique nesse personagem, um decalque do próprio ator. Nada mais é do que uma projeção refletida da ótima encenação que Clooney faz de um tipo que ostenta um pouco de Obama e um pouco de Clinton – detalhe que não passou despercebido para quem conhece um pouco dessas personalidades políticas.
É inegável que o ator de hoje é um ator distinto daquele visto em O retorno das almôndegas assassinas (1988). A evolução de Clooney é perceptível para qualquer um, independentemente de sua sensibilidade cinematográfica. Aos partidários da intriga, cabe reconhecer sua resistência ao astro e não desmerecer seu talento tangível não só pela história, mas através dos personagens que dá vida.  

4 comentários:

  1. Eu acho muito curiosa a forma como George Clooney reinventou a carreira dele após aquele fracasso retumbante que foi "Batman e Robin". Ao contrário de outros atores oriundos da TV, a transição dele pro cinema foi muito suave e extremamente bem sucedida. Sem dúvida, se trata de um dos grandes nomes do cinema atual, alguém que carrega sua credibilidade pra todos os projetos - cinematográficos ou não - que apoia. Ele tem meu respeito.

    Beijos!

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  2. George Clooney também tem meu respeito, sempre achei um bom ator, nada demais, mas também nada de menos. Depois de Os Descendentes ele me convenceu de vez, só não daria o Oscar a ele, porque Jean Dujardin me encantou em O Artista e Gary Oldman me impressionou em O Espião.

    bjs

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  3. Clooney é um dos meus atores preferidos. Sempre gosto de ler você falando sobre ele, Reinaldo. Se vê que você o admira. Estou torcendo por ele nesse Oscar.
    Quanto ao fato do Clooney "interpretar a si mesmo", também acho uma acusação infundada. Penso que a forma como ator e personagem se confundem transmite muita naturalidade e demonstra que o ator está muito à vontade e seguro no papel.

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  4. Kamila: O próprio Clooney admitiu que Batman & Robin foi importante para seu amadurecimento como ator e profissional de cinema.
    Bjs

    Amanda:Ele já havia me convencido há muito tempo amanda.
    Bjs

    Deborah:Obrigado pelo endosso Deborah. De fato, admiro muito Clooney, também um de meus atores preferidos. Gostaria muito que ele ganhasse o Oscar, mas acho um tanto improvável. Mas desde a vitória (injusta) por Syriana - a indústria do petróleo, ele não esteve tão perto. Acho que a atuação em Os descendentes irá desarmar muitos de seus detratores.
    Fico feliz de constatar sua perspicácia em perceber o talento de Clooney e naturalidade com a qual compõe seus personagens.
    Comente sempre!
    Bjs

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