Obituário de estrela de cinema, ou da música, sempre empurra
para nós mortais uma camada extra de fragilidade. É como se fôssemos lembrados
com carga extra de escárnio por alguma conspiração divina de que a vida é um
suspiro finito.
Philip Seymour Hoffman não era exatamente um astro. Era
doce, gentil e amigável, como lembraram muitos dos que o conheceram e, assim
como todos no planeta se viram chocados com sua trágica e precoce morte.
A estreia no cinema não foi exatamente em Perfume de mulher
(1992), mas foi ali, como antagonista do personagem de Chris O`Donnell, que
Hoffman chamou atenção.
No cinema foram pouco mais de 60 filmes em uma carreira com
pouco mais de 20 anos. Se em Perfume de mulher, Hoffman já se fazia notar, sob
as ordens de Paul Thomas Anderson atingiu outro patamar.
A primeira colaboração entre eles foi em Jogada de risco
(1996), estreia de Anderson no cinema. Ao todo fariam cinco filmes (Boogie
Nights – prazer sem limites, Magnólia, Embriagado de amor e O mestre).
Hoffman conquistava a admiração de quem quer que com ele
trabalhasse. Mike Nichols, por exemplo, que o dirigiu no excelente Jogos do
poder (2007) o chamou para ser Willy Loman na adaptação para a Broadway do
clássico A morte do caixeiro viajante. O teatro, aliás, configurava a paixão
maior de Hoffman.
No dia 11 de agosto de 2009, Claquete, um blog ainda
incipiente, publicou o perfil de um ator fascinante sob o título de “O homem de
mil faces”. A capacidade camaleônica de Hoffman não só o precedia como intérprete
incomum e virtuoso como o distinguia na seara hollywoodiana. Presença
enobrecedora em blockbusters da estirpe de Jogos vorazes ou redentora em filmes
independentes como A família Savage, Hoffman é dos poucos que se adequava à
expressão de ator maior que a vida.
Era, também, um dos poucos capazes de fazer frente ao
recorde que Jack Nicholson ostenta entre os atores em matéria de número de
indicações ao Oscar. A precoce morte impede que testemunhemos esse embate entre
figuras, cada qual a seu modo, apaixonantes. Hoffman se vai com quatro indicações em um espaço de oito anos.
Em 2009, no referido perfil, aventou-se: “É prazeroso
assistir Hoffman em cena.
Ator capaz de hipnotizar uma platéias das mais dispares.
Cheio de recursos e extremamente inventivo, Hoffman não parece se intimidar com
desafios. Está sempre propenso a conquistar mais e enfileirar conquistas
profissionais. Merece ser acompanhado de perto por quem gosta de cinema”.
Quis o destino, a quem credita ao destino arroubos como
esse, que esse prazer fosse abreviado. A contribuição de Hoffman para o cinema,
no entanto, é perene.
Ao longo desta semana, Philip Seymour Hoffman será
homenageado aqui em
Claquete. Pelo ator sublime que foi e pelo ser humano digno e
amável que será lembrado pelas emoções e satisfação genuínas que proporcionou a
quem verdadeiramente ama cinema.
Há alguns que diziam que Philip Seymour Hoffman era a Meryl Streep dos homens. E eu concordo!
ResponderExcluirPois é meu amigo, é triste, lamentável. Levei um baita susto ao saber da Philip Seymour Hoffman e também do Eduardo Coutinho (que foi ainda mais trágica!).
ResponderExcluirQue bom que Hoffman esta sendo honrado no Claquete. Parabéns mais uma vez pelos textos brilhantes.
Grande abraço.