Uma história de interesse humano
Philomena (Philomena, ING 2013) é um filme de encantamento
único. Dirigido com sobriedade, mas adornado em carinho, por Stephen Frears, o
drama inspirado em uma extraordinária história real, emociona ao apostar no
talento de Judi Dench que busca rima no cinismo calibrado de Steve Coogan.
Philomena (Dench) foi forçada a renunciar a seu filho pelas
freiras que cuidavam dela em uma residência mantida pela igreja católica na
Irlanda. Os bebês de mães solteiras eram vendidos, por assim dizer, a abastados
americanos que tentavam a adoção.
No aniversário de 50 anos do filho da qual foi separada,
Philomena é tomada por um enorme desejo de localizá-lo. É aí que entra em cena
a figura do jornalista Martin Sixsmith (Coogan), um jornalista caído em
desgraça após ter sido envolvido em um escândalo político.
Instigado pela filha de Philomena a ajudar a mãe a encontrar
seu filho perdido, Sixsmth, um típico inglês pedante de classe média, resiste a
embarcar em uma história de “apelo humano”, mas para fugir da depressão que lhe
assedia, acaba cedendo.
O filme de Frears, com roteiro de Coogan e Jeff Pope, a
partir do livro “The lost child of Philomena Lee", de Martin Sixsmith, então se
organiza como um legítimo filme sobre humanidades. Em momento algum há o
interesse de atacar a igreja católica ou estabelecer uma lógica melodramática.
Frears evita o pieguismo, seja na trilha sonora sempre eficiente de Alexandre
Desplat, seja no tempero certo ofertado pela singeleza do humor.
Coogan e Dench: dupla dinâmica
Há algumas belezas que tornam Philomena um filme mais
insinuante. A busca pelo filho perdido de Philomena revela a Martin muito sobre
perdão e dignidade e oferece poesia e conforto a Philomena ao descobrir, entre
outras coisas, que seu filho convivia com um segredo tão angustiante como o
dela.
Indicado a quatro Oscars (filme, roteiro adaptado, trilha
sonora e atriz), Philomena é um filme simples que sobeja por uma realização
madura, de propósitos bem estabelecidos e conta com dois atores no auge da
forma. Coogan, mais conhecido pelas comédias, capricha no registro dramático e
confia ao cinismo de seu personagem o norte do filme. Judi Dench é sempre outra
história. Mas em Philomena ela demonstra como a sutileza serve bem às grandes
intérpretes. Com doçura e graciosidade, Dench sobe o tom do registro nos momentos
certos e sempre arrebata a plateia.
Com tantos predicados, Philomena distingue-se
essencialmente por ser um filme que faz justiça, tanto ao básico do cinema,
como à extraordinária vida de uma mulher que soube buscar paz no caos.
Estou louca para assistir a este filme, mas ainda não tive tempo!
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