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domingo, 12 de janeiro de 2014

Oscar Watch 2014 - Os encantadores de Oscars




A nova presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, a produtora executiva Cheryl Boone Isaacs, chegou criando logo a divisão dos diretores de elenco, omissão histórica da Academia, e abriu o precedente para no futuro a academia premiar melhores elencos. O trabalho do diretor de elenco consiste em fazer o casting para o filme. É um trabalho subestimado e cujo reconhecimento encontra grande resistência entre o brunch dos diretores. O presidente do sindicato dos diretores, Taylor Hackford, por exemplo, se declarou decepcionado com a novidade apresentada por Isaacs.
Essa discussão ainda vai longe e merece uma análise só para ela. De qualquer maneira, muitos diretores se notabilizam por serem excelentes diretores de atores. No cinema atual se destacam Clint Eastwood, Woody Allen, Alexander Payne e David O. Russell. Seus filmes sempre rendem indicações ao Oscar para seus atores. Eastwood, por exemplo, que é ator é conhecido por ser extremamente minimalista no set de filmagens. Faz poucas intervenções e orientações e busca deixar o ator à vontade. É diferente, por exemplo, de David Fincher; que costuma repetir cenas a exaustão, gravar inúmeros takes e palpitar demasiadamente no trabalho dos atores. Em termos de Oscar, eles se equivalem. Os últimos três protagonistas de David Fincher foram indicados ao prêmio. Brad Pitt, por O curioso caso de Benjamin Button (2008), Jesse Eisenberg, por A rede social (2010) e Rooney Mara, por Os homens que não amavam as mulheres (2011).
Clint Eastwood, nos últimos dez anos, conseguiu indicações para Tim Robbins, Márcia Gay Harden e Sean Penn por Sobre meninos em Lobos (2003), para ele mesmo, Hillary Swank e Morgan Freeman por Menina de ouro (2004), para Angelina Jolie por A troca (2008), Matt Damon e novamente Morgan Freeman por Invictus (2009).
David O. Russell é outro encantador de Oscars nato. Ainda que não tenha o jugo de Eastwood, que dirigiu nesses últimos dez anos quatro performances premiadas, chega muito perto disso. Por O vencedor (2010), emplacou indicações e vitórias para Christian Bale e Melissa Leo, sendo que Amy Adams também recebeu nomeação. No ano passado, conseguiu feito ainda mais notável ao incluir seus quatro atores principais nas quatro categorias de atuação por O lado bom da vida. Robert De Niro e Jacki Weaver como coadjuvantes e Bradley Cooper e Jennifer Lawrence como principais, esta última venceu. Há grandes chances de que Russell repita o feito este ano com Trapaça. Será? Viraria uma lenda. Woody Allen é meio que uma lenda. Desde os anos 70 arregimenta indicações para atores e atrizes enquanto vai fazendo a própria história no rol da Academia. Alan Alda, Angélica Huston, Mira Sorvino, Diane Keaton são apenas alguns dos muitos nomes alçados ao Oscar sob a batuta de Allen. Mas para não perder a história recente de vista, nos últimos dez anos, Allen contribuiu para o Oscar de Penelope Cruz e neste ano deve fazer o mesmo pelo segundo de Cate Blanchett.
Alexander Payne ostenta a honra de, por enquanto, ter sido o diretor da última atuação de Jack Nicholson, o grande recordista de indicações ao Oscar, por As confissões de Schmidt (2002). De lá para cá, todos os seus filmes tiveram indicações para atores e ele está de volta à carga nesta temporada de premiações. Sideways – entre umas e outras teve duas indicações para coadjuvantes (Virgina Madsen e Thomas Haden Church) e Os descendentes teve indicação para George Clooney. Nebraska está no páreo para três indicações e todas de atores pouco ou nada celebrados, uma demonstração de que o talento de Payne para a direção de atores precisa ser respeitado.
Martin Scorsese, outro no páreo na corrida deste ano, é outro bom diretor de atores que rende indicações sucessivas ao Oscar. Foram muitas ao longo de sua irretocável filmografia. Nos últimos dez anos foram quatro para atores. Três por O aviador e uma por Os infiltrados. O lobo de Wall Street incita a expectativa de que este número aumente.
Darren Aronofsky, Steven Spielberg, Stephen Daldry, Ang Lee, Lars Von Trier, Paul Thomas Anderson, Steven Soderbergh e Roman Polanski são outros notórios bons diretores de atores, mas não chegam ao patamar de encantadores de Oscars.


Um comentário:

  1. Engraçado que eu estava comentando justamente isso esses dias: há filmes que não teriam metade da força se não houvesse sido escalado o elenco certo. Enfim, um pouco mais de reconhecimento para os profissionais da área seria bem vindo, não sei se com um Oscar, mas se faz necessário sim.
    Quanto à direção de atores, é incrível o quanto os nomes que vc citou são capazes de engrandecer um ator. E esses, se não tem prêmio próprio, são mais que ovacionados pelos próprios atores e pela crítica em geral.

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