A nova presidente da Academia de Artes e Ciências
Cinematográficas de Hollywood, a produtora executiva Cheryl Boone Isaacs,
chegou criando logo a divisão dos diretores de elenco, omissão histórica da
Academia, e abriu o precedente para no futuro a academia premiar melhores
elencos. O trabalho do diretor de elenco consiste em fazer o casting para o
filme. É um trabalho subestimado e cujo reconhecimento encontra grande
resistência entre o brunch dos diretores. O presidente do sindicato dos
diretores, Taylor Hackford, por exemplo, se declarou decepcionado com a
novidade apresentada por Isaacs.
Essa discussão ainda vai longe e merece uma análise só para
ela. De qualquer maneira, muitos diretores se notabilizam por serem excelentes
diretores de atores. No cinema atual se destacam Clint Eastwood, Woody Allen,
Alexander Payne e David O. Russell. Seus filmes sempre rendem indicações ao
Oscar para seus atores. Eastwood, por exemplo, que é ator é conhecido por ser
extremamente minimalista no set de filmagens. Faz poucas intervenções e
orientações e busca deixar o ator à vontade. É diferente, por exemplo, de David
Fincher; que costuma repetir cenas a exaustão, gravar inúmeros takes e palpitar
demasiadamente no trabalho dos atores. Em termos de Oscar, eles se equivalem.
Os últimos três protagonistas de David Fincher foram indicados ao prêmio. Brad
Pitt, por O curioso caso de Benjamin Button (2008), Jesse Eisenberg, por A rede
social (2010) e Rooney Mara, por Os homens que não amavam as mulheres (2011).
Clint Eastwood, nos últimos dez anos, conseguiu indicações
para Tim Robbins, Márcia Gay Harden e Sean Penn por Sobre meninos em Lobos
(2003), para ele mesmo, Hillary Swank e Morgan Freeman por Menina de ouro
(2004), para Angelina Jolie por A troca (2008), Matt Damon e novamente Morgan
Freeman por Invictus (2009).
David O. Russell é outro encantador de Oscars nato. Ainda
que não tenha o jugo de Eastwood, que dirigiu nesses últimos dez anos quatro
performances premiadas, chega muito perto disso. Por O vencedor (2010),
emplacou indicações e vitórias para Christian Bale e Melissa Leo, sendo que Amy
Adams também recebeu nomeação. No ano passado, conseguiu feito ainda mais
notável ao incluir seus quatro atores principais nas quatro categorias de
atuação por O lado bom da vida. Robert De Niro e Jacki Weaver como coadjuvantes
e Bradley Cooper e Jennifer Lawrence como principais, esta última venceu. Há
grandes chances de que Russell repita o feito este ano com Trapaça. Será? Viraria uma lenda. Woody
Allen é meio que uma lenda. Desde os anos 70 arregimenta indicações para atores
e atrizes enquanto vai fazendo a própria história no rol da Academia. Alan
Alda, Angélica Huston, Mira Sorvino, Diane Keaton são apenas alguns dos muitos
nomes alçados ao Oscar sob a batuta de Allen. Mas para não perder a história
recente de vista, nos últimos dez anos, Allen contribuiu para o Oscar de
Penelope Cruz e neste ano deve fazer o mesmo pelo segundo de Cate Blanchett.
Alexander Payne ostenta a honra de, por enquanto, ter sido o
diretor da última atuação de Jack Nicholson, o grande recordista de indicações
ao Oscar, por As confissões de Schmidt (2002). De lá para cá, todos os seus
filmes tiveram indicações para atores e ele está de volta à carga nesta
temporada de premiações. Sideways – entre umas e outras teve duas indicações
para coadjuvantes (Virgina Madsen e Thomas Haden Church) e Os descendentes teve
indicação para George Clooney. Nebraska está no páreo para três indicações e
todas de atores pouco ou nada celebrados, uma demonstração de que o talento de
Payne para a direção de atores precisa ser respeitado.
Martin Scorsese, outro no páreo na corrida deste ano, é
outro bom diretor de atores que rende indicações sucessivas ao Oscar. Foram
muitas ao longo de sua irretocável filmografia. Nos últimos dez anos foram
quatro para atores. Três por O aviador e uma por Os infiltrados. O lobo de Wall
Street incita a expectativa de que este número aumente.
Darren Aronofsky, Steven Spielberg, Stephen Daldry, Ang Lee, Lars Von Trier,
Paul Thomas Anderson, Steven Soderbergh e Roman Polanski são outros notórios
bons diretores de atores, mas não chegam ao patamar de encantadores de Oscars.
Engraçado que eu estava comentando justamente isso esses dias: há filmes que não teriam metade da força se não houvesse sido escalado o elenco certo. Enfim, um pouco mais de reconhecimento para os profissionais da área seria bem vindo, não sei se com um Oscar, mas se faz necessário sim.
ResponderExcluirQuanto à direção de atores, é incrível o quanto os nomes que vc citou são capazes de engrandecer um ator. E esses, se não tem prêmio próprio, são mais que ovacionados pelos próprios atores e pela crítica em geral.