O
povo adora falar mal do Globo de Ouro e tem anos que a Hollywood Foreign Press
Association, que distribui os prêmios, ajuda. No entanto, 2014 não foi um
desses anos. Pelo menos no todo. Se houve as idiossincrasias de sempre, a opção
irrefreável pelas estrelas (U2, Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence), houve
correção (reconheceu-se a própria estupidez de nunca ter premiado a série
Breaking bad e postergaram o reconhecimento a House of Cards), timing (as
premiações de Jared Leto e Matthew McConaughey, que poucos fora este blog,
previam) e pulverização. Era esperada uma premiação pulverizada, mas aí jaz,
justamente, a principal crítica que se pode fazer ao Globo de Ouro. Premiar
como melhor filme dramático do ano uma fita que não ganha um prêmio em nenhuma
outra categoria sequer é, no mínimo, estranho; anticlimático. Ainda que o filme
em questão, 12 anos de escravidão, tivesse recebido sete indicações.
A
última vez que situação tão inusitada ocorreu foi em 2007, quando Babel, com as
mesmas sete indicações, converteu em triunfo apenas a de melhor filme em drama.
O discurso do Rei (2010) e Lincoln (2012) foram filmes recentes que obtiveram o
mesmo número de indicações e vitória, mas no caso na categoria de melhor ator.
Trapaça,
como o leitor já sabe, foi o grande vencedor da edição e não há nenhuma
surpresa nisso. Alinhou-se, também, algo que as próprias indicações ao Globo de
Ouro e ao Critic´s Choice Awards já sugeriam. A disputa pelo Oscar de melhor
filme, apesar de ótimas produções a gravitar a categoria, se confina a Trapaça
e 12 anos de escravidão. O que não quer dizer que este cenário não possa mudar,
principalmente se considerarmos o longo hiato entre as indicações ao Oscar e a
realização da cerimônia.
É
inegável, porém, que 12 anos de escravidão sai diminuído do Globo de Ouro. A tendência,
que era prévia ao prêmio, ratifica o bom momento que vive David O. Russell que
deve ser indicado consecutivamente ao Oscar. Feito obtido por poucos cineastas.
Nem mesmo o grande Scorsese ostenta essa marca.
Clube
de compras Dallas, Ela, Gravidade e O lobo de Wall Street, filmes que
polarizaram, mas passaram longe de se configurarem em unanimidades (não parece
haver nenhuma na temporada) foram premiados. O primeiro consagrou seus atores, Matthew
McConaughey (ator dramático) e Jared Leto (ator coadjuvante), tidos como atores
de menos brio e tarimba em premiações.
Jennifer
Lawrence, por seu turno, confirmou seu status de dona do pedaço em Hollywood e
sacou uma rara vitória consecutiva no Globo de Ouro, dessa vez como atriz
coadjuvante.
A
polêmica da inclusão de filmes dramáticos na categoria de comédia, e todos os
concorrentes do ano eram dramas, se fez sentir ao longo da cerimônia, mas a
polêmica se diminui ante a qualidade da competição. Por ter, de alguma maneira,
se esforçado para honrar todos os bons filmes que compunham sua 71ª edição, o
Globo de Ouro deixa boas lembranças em 2014.
*Michael Fassbender e Benedict Cumberbatch curtindo muito em uma after-party do Globo de ouro/Foto: DailyBeast
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