Falar que uma corrida pelo Oscar é uma maratona e não uma
prova de 100m rasos já virou lugar comum no rol de metáforas que críticos e
analistas da indústria lançam mão nessa época do ano. Mas o Oscar 2014, por uma
convergência de fatores, se viabiliza como a maratona mais longa já disputada
por pleiteantes ao Oscar. As duas principais razões para esse cenário são as
olimpíadas de inverno, que empurram a realização da cerimônia do Oscar para o
início de março, e a famigerada e amplamente discutida na edição 2013 do Oscar
Watch disposição da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood
de resgatar sua autonomia em matéria de indicações, antecipando para o início
de janeiro o anúncio de seus indicados. Se em 2013, outras organizações que
distribuem prêmios tiveram que se espremer para se ajustarem à radicalização do
calendário proposto pela academia, para 2014 elas puderam se planejar melhor.
Os indicados serão conhecidos no dia 16 de janeiro e a
cerimônia do Oscar somente será realizada em 2 de março. É um hiato maior do
que o habitual e que se soma a uma campanha que já se intensificará em 12 de
dezembro, quando a Hollywood Foreign Press Association anunciará os indicados
ao Globo de ouro 2014.
Mesmo com todo esse bafafá, há aqueles que não conseguiram se
planejar a tempo. George Clooney, por exemplo, anunciou a retirada de seu filme
da corrida. Caçadores de obras-primas não ficará pronto a tempo de estrear em
2013 e concorrer ao Oscar. Para compensar, terá estreia de gala no festival de
Berlim em fevereiro. Ou
seja, o filme estreará antes da realização do Oscar, só não será possível
lançá-lo este ano. O novo de Bennett Miller, Foxcachter, é vítima da
mesma falta de sorte. O filme não será finalizado a tempo de ser lançado este
ano. Percalços de pós-produção. Já a Paramount fez de tudo para evitar
que o mesmo problema acometesse O lobo de Wall Street, novo longa de Martin
Scorsese, com lançamento confirmado para o Natal deste ano nos EUA. O estúdio
colocou todas as suas datas à disposição do diretor que se trancou na sala de
edição com a montadora Thelma Schoonmaker para finalizar o filme a tempo.
David O. Russell, que rivaliza com Scorsese pelas maiores
atenções na temporada de ouro do cinema americano, foi mais hábil e mesmo tendo
que paralisar as gravações de Trapaça em virtude dos atentados de Boston em
abril deste ano, está com o filme prontinho para a estreia na próxima semana
nos cinemas americanos.
Leonardo DiCaprio em O lobo de Wall Street, novo e aguardadíssimo filme de Scorsese que surge como grande aposta dos estúdios para a corrida pelo Oscar
Jennifer Lawrence, à esquerda, atual vencedora do Oscar de melhor atriz deve voltar À disputa por um filme de David O. Russell, agora como coadjuvante. Amy Adams, outra veterana de indicações ao Oscar, pode receber por Trapaça, sua primeira como atriz principal
Um bom ano
A avaliação geral é de que 2013 foi um bom ano para o
cinema. Pipocam bons candidatos e tanto estúdios como cinema independente têm
candidatos fortes alinhados para a disputa.
Do lado dos estúdios, figuram produções como Gravidade,
Capitão Phillips, Trapaça e O lobo de Wall Street, todos muito bem cotados. O
cinema independente se escora muitíssimo bem em 12 years a slave, Inside Llewyn
Davis – balada de um homem comum, All is lost e Nebraska.
Mas há outros filmes com aspirações legítimas na temporada.
Desde o último Woody Allen, Blue Jasmine, ao novíssimo petardo de criatividade
de Spike Jonze, Her.
Existe, ainda, a expectativa por boas surpresas como a
presença robusta de estrangeiros entre os principais concorrentes do ano. A
caça, O passado, Azul é a cor mais quente, Flores raras, entre outros, são
filmes que podem render indicações fora do quadrado de filme estrangeiro.
Tudo vai depender do fôlego de campanhas de marketing e do apetite das estrelas por um lugar de destaque no tapete vermelho do dia 2
de março.
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