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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Spotlight on - Cinema de crise

Enquanto se avizinha a próxima temporada do Oscar, já se deflagra uma expectativa nos bastidores para quem acompanha com intimidade, profissionalismo, paixão e reflexão o cinema como um todo.
Os principais pleiteantes ao Oscar nessa fase pré-corrida, em comum, têm uma característica de lidar e abordar, de alguma maneira, circunstâncias de crise. Seja ela existencial, como nos casos de Gravidade – em que uma mulher abalada com a morte da filha precisa lutar para sobreviver na imensidão do espaço, 12 years a slave – em que um homem livre é sequestrado e vendido como escravo, Blue Jasmine – em que uma ex-rica precisa se adaptar à vida de pobre, Álbum de família – sobre dificuldades familiares embaladas por uma doença fatal; ou crises de fundo mais sociológico como em O lobo de Wall Street, em que Martin Scorsese investiga os porões dos anos 90 em busca dos frangalhos da geração yuppie.
Cate Blanchett como uma mulher que precisa se reinventar em Blue
Jasmine:
cinema de crise é cinema cheio de oportunidades
Esse cinema de crise saiu fortalecido da última edição do festival de Veneza. Como já discutido anteriormente em Claquete, o documentário Sacro GRA é um filme que fala implicitamente da crise econômica que afeta com requintes de crueldade o país e, sua consagração em Veneza, sinaliza para a crise da qual o cinema de arte precisa se deslocar. Mas não é só o cinema de arte que está encapsulado nessa crise. O cinemão, como demonstrou a última temporada do verão americano, também está em crise. Executivos estão encomendando estudos e análises para saber que diabos os (poucos, mas expressivos) sucessos e (muitos) fracassos da temporada significam.
Como se vê, há crise por todos os cantos. De Woody Allen a Martin Scorsese, passando pelo novo de Spike Jonze (Her)em que um homem se apaixona pela voz de seu computador – uma versão mais robusta do Siri. “É sobre a nossa necessidade de se conectar. É sobre solidão, também”, disse Spike Jonze para uma atenta plateia no último festival de Toronto.
Para um filme ser dramaticamente eficiente é necessário que haja um conflito, mas a convergência de filmes que abordam crise e que são, eles mesmos, representações dessa crise (como o vencedor de Veneza) extrapola os limites da coincidência. Esse recorte ainda deverá ser mais explorado, até porque não há garantias formais de que a corrida pelo Oscar tomará as formas que neste momento se imagina. A tendência de se falar de crise não é essencialmente nova. Já teve seus ciclos ao longo da história do cinema. Mas como em toda crise há oportunidades, muita coisa boa pode estar a caminho.

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