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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Crítica - A busca


Desencontrado

Théo (Wagner Moura) é médico, mas esse detalhe serve a A busca (Brasil 2013) apenas para sugerir como ele e Branca (Mariana Lima) iniciaram a relação amorosa que quando o filme começa vive seu pós-fim. Sim, porque para todos os efeitos Théo e Branca já não são mais um casal. Na primeira cena do filme, que introduz essa realidade com a mesma aspereza que apresenta os personagens, vemos Théo se esforçando para ocupar o papel que se espera de um ex-marido não exatamente pacificado com a separação do casal.
Se a relação com Branca é caótica, com o filho Pedro (Brás Antunes) ela é traumática no sentido que se ressente de todo e qualquer movimento paterno.
O filme de Luciano Moura, pronto há dois anos e anteriormente chamado "A cadeira do pai", versa sobre uma introspectiva jornada desse personagem tão cheio de camadas que é Théo exteriorizada na busca pelo filho que foge de casa no fim de semana de seu aniversário.
A busca é um filme que toma algumas liberdades que demandam cumplicidade do espectador. Um exemplo é o fato de Théo e Branca não acionarem a polícia com prontidão ou mesmo considerarem para onde Pedro rumava, visto que isso fica meio óbvio depois de uma explosão de Théo ainda na cena inicial. Contudo, esses pormenores não incomodam a construção que A busca objetiva ser enquanto cinema. O que diminui a força do filme são justamente as soluções do roteiro para conduzir Théo ao encontro de seu filho. Não suas intermitências existenciais, mas as maneiras como elas são ensejadas ao protagonista. A busca, que não descarta a aura de thriller – embora fosse melhor fazê-lo desde o princípio – acaba se transformando em um filme narrativamente irregular e dramaturgicamente inconstante.

Wagner Moura em cena do filme: o ator que é sempre um evento

Se o filme atinge o espectador em cheio, e essa é uma possibilidade que varia de espectador para espectador, é em virtude do trabalho delicado de Wagner Moura. Moura lê e rabisca seu Théo com a propriedade de quem não se incumbe de explicá-lo, mas transmiti-lo. É uma diferenciação de abordagem que precisa ser observada e que resulta em mais uma interpretação sublime de um ator que sabe achar o tom certo de cada personagem, por mais distintos ou semelhantes que eles sejam.

4 comentários:

  1. É isso, se o filme continuasse no ritmo que ia até o acidente, eu embarcaria e aprovaria. Tem seu valor, principalmente o início. Mas, a solução do mistério com o terceiro ato acaba frustrando tudo o que foi visto até, então, fazendo com que o filme não funcione. Se era para ser isso, que fossemos preparados durante a jornada de outra forma e nesse caso o título anterior caberia muito melhor do que A Busca.

    Ah, ele é médico também para fazer aquele parto no rio. hehe. :p

    Mas, belas observações, Reinaldo. Principalmente na relação do casal.

    bjs

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  2. "A Busca", na realidade, não fala sobre a jornada de um pai em busca do paradeiro de seu filho, mas sim sobre personagens que estão em busca de si mesmos. No centro disso tudo, o Théo de Wagner Moura, em ótima atuação. Porém, um filme que tem uma premissa interessante se perde justamente no seu roteiro, que poderia ter sido melhor trabalhado. De todo jeito, "A Busca" é um filme interessante.

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  3. Outro filme que deixei passar. Algumas críticas que li me desmotivaram, mas ficou bem dividido. Talvez o filme não tenha o mesmo fôlego que o Moura. O trailer sabe passar aquela vontade de assistir. Marina Lima é ótima atriz, acho que o último filme que vi dela foi o último do Jabor.
    Bom, um dia eu me "encontro" com este filme!
    Abs.

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  4. Amanda: Obrigado Amanda.Tb acho que o título anterior funcionaria melhor. Mas suspeito que a ideia da aura de thriller surgiu depois de Sundance 2012 e o filme foi remontado. Daí essa estranheza que vc alude com essa capital, digamos assim, cena do acidente.
    Bjs

    Kamila: É um filme interessante sim, infelizmente não atinge suas potencialidades.
    Bjs

    Rodrigo Mendes: É um filme importante, interessante. Mas não exatamente bom - no sentido mais estreito da palavra. Um dia se encontrar com ele me parece apropriado...
    Abs

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