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sábado, 9 de março de 2013

Espaço Claquete - Jogos de adultos


Alan J. Pakula é daqueles cineastas que tergiversam com habilidade ímpar por variados gêneros. São dele filmes tão pungentes e significativos como Todos os homens do presidente, A escolha de Sofia, Inimigo íntimo e O dossiê pelicano. Jogos de adultos (Consenting adults, EUA 1992) não ostenta o mesmo status desses filmes, mas é um suspense de primeira linha sobre o choque entre desejo e amoralidade.
Kevin Kline é Richard Parker, um compositor frustrado que escreve jingles para propaganda. Casado com Priscilla (Mary Elizabeth Mastrantonio) é um típico figurante da classe média e morador dos arborizados subúrbios americanos. Com a chegada dos novos vizinhos Eddy e Kay Ottis (Kevin Spacey e Rebecca Miller), uma aproximação algo desajeitada se ensaia. Eddy, que se anuncia como consultor financeiro, transborda carisma e parece ser aquele sujeito experimentado que não costuma se retrair perante algo que lhe desperta curiosidade. Richard e Priscilla atiçam essa curiosidade. Rico, divertido e atencioso, Eddy é o sonho que Richard não conseguiu viver e Kay, que passa a ser cobiçada por Richard em escala que extrapola a discrição, parte indesviável desse sonho. Eddy, que parece se regozijar dessa situação, enseja então uma troca de casais. Como era de se esperar pela descrição dos personagens, Richard refuga a princípio, mas invariavelmente cede.   
Jogos de adultos, então, se transforma em um intrincado policial em que o público se posiciona conhecedor de mais peças do tabuleiro do que o protagonista, mas não o suficiente para antecipar o desfecho do jogo.
Pakula articula muitíssimo bem a transição de drama com reminiscências existenciais para um suspense policial fortuito sobre alpinismo social e idiossincrasias conjugais.
O roteiro de Matthew Chapman é ligeiro e se alimenta bem de elipses para manter o espectador atento à sucessão de pistas e ao desenvolvimento da ação. O filme começa como uma investigação algo caprichosa e parcimoniosa de dois casais bastante diferentes entre si, mas atraídos justamente pelo olhar refletido nos olhos do outro e se resolve como um suspense, que mesmo 20 anos depois, consegue ser surpreendente.
Kevin Spacey, aqui ainda um ator dando os seus primeiros passos em Hollywood, apresenta toda aquela virulência de ironia que caracteriza seus tipos mais perversos e sedutores. Kevin Kline convence como o homem diminuído por sua condição financeira e que constantemente impõe barreiras a seus desejos.

2 comentários:

  1. Parece interessante, principalmente porque gosto bastante do trabalho de Kevin Spacey.

    bjs

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  2. O filme é bom Amanda. Mas o olhar experimentado no gênero pode diminuir a satisfação.
    bjs

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