Da esquerda para a direita: David O. Russell (O lado bom da vida); Steven Spielberg (Lincoln); Benh Zeitlin (Indomável sonhadora); Michael Haneke (Amor); Ang Lee (As aventuras de Pi)
(Des)spielbergizado
Há cineastas que são grifes e há Steven Spielberg. Um filme
com sua chancela ou dirigido por ele pode ser reconhecido à milhas de
distância. Lincoln, no entanto, exige um olhar mais atento. Muitas das
idiossincrasias do cinema spielberguiano não estão em seu filme mais adulto.
Ele pode ganhar o Oscar por sua contenção e comedimento em ser o Spielberg que
todos conhecemos. Não deixa de ser inusitado.
Prós:
- É o diretor mais Hollywoodiano entre os indicados
- Em um ano sem um favorito declarado na categoria, o peso
de seu nome pode prevalecer
- É certo que merece ser elevado à grandeza dos diretores
vencedores de três Oscars
- Defende um trabalho pouco intervencionista, mas como um
escultor de bom texto e atuações. A academia costuma premiar esse perfil de
direção
Contras:
- Já tem um Oscar e o último diretor a ganhar o Oscar já
tendo sido vitorioso previamente foi Clint Eastwood em 2005
- É certo que merece ser elevado à grandeza dos diretores
vencedores de três Oscars, mas muitos podem pensar que este ainda não é o
momento
- Muitos votantes podem entender que os grandes méritos de
Lincoln são o texto de Tony Kushner e a atuação de Daniel Day Lewis
- Está longe de ser o melhor trabalho de direção de Spielberg
dentre os que ele foi nomeado ao Oscar
- O fato de seu filme ter perdido força na temporada de
premiações
Décima quinta indicação
Indicações anteriores
Diretor por Contatos imediatos do terceiro grau (1978)
Diretor por Os caçadores da arca perdida (1982)
Diretor por E.T – o extraterrestre (1983)
Produtor por E.T – o extraterrestre (1983)
Produtor por A cor púrpura (1986)
Diretor por A lista de Schindler (1994)
Produtor por A lista de Schindler (1994)
Diretor por O resgate do soldado Ryan (1999)
Produtor por O resgate do Soldado Ryan (1999)
Diretor por Munique (2006)
Produtor por Munique (2006)
Produtor por Cartas de Iwo jima (2007)
Produtor por Cavalo de guerra (2012)
Produtor por Lincoln (2013)
Vitórias anteriores:
Diretor por A lista de Schindler (1994)
Produtor por A lista de Schindler (1994)
Diretor por O resgate do soldado Ryan (1999)
Entre o espetacular e o sensível
Ang Lee é daqueles cineastas que a cada novo trabalho nos
surpreende de maneira efusiva. Capaz de destrinchar narrativas épicas ou
intimistas faz maravilhas com o material tido como infilmável do livro de Yann
Martel. Seu trabalho em As aventuras de Pi, exuberante visualmente e profundo
em termos de discurso, é dos mais encantadores do ano.
Prós:
- É o melhor uso do 3D no ano
- Lee alia exuberância técnica a esmero narrativo no
desenvolvimento do plot, uma qualidade que não pode ser desprezada
- Assim como Spielberg é o único dos indicados ao Oscar que
foi nomeado para o prêmio do sindicato dos diretores
- Esteve em todas as listas de melhores diretores do ano
-Seu filme tem forte apelo emocional
- É um diretor que reúne muitos admiradores
- Fora Affleck e Bigelow, que não estão indicados, é o único
que ganhou prêmios da crítica na temporada
Contras:
- Já tem um Oscar e conquistado em sua última indicação
- A pecha de que a indicação já é suficiente
- A impressão de que seu filme mereça mais distinção por seu
apuro técnico do que por suas qualidades narrativas pode lhe roubar votos
importantes nesta categoria
- Até hoje nenhum diretor ganhou o Oscar por um filme rodado
em 3D
Quinta indicação
Indicações anteriores
Produtor por O tigre e o dragão (2001)
Diretor por O tigre e o dragão (2001)
Direção por O segredo de Brokeback mountain (2006)
Produtor por As aventuras de Pi (2013)
Vitória anterior
Diretor por O segredo de Brokeback mountain (2006)
Crescendo e aparecendo
Desde que despontou na cena independente do cinema americano
dos anos 90, David O. Russell chamou atenção. Diretor de técnica invejável, com
um bom olhar para personagens disfuncionais e com talento para escrever
roteiros também, Russell esbarrava em seu gênio difícil. São célebres seus
desentendimentos com figuras da estampa de George Clooney. De uns tempos para
cá, no entanto, Russell parece ter posto a casa em ordem. Seu cinema nunca
esteve em melhor forma. Alcança sua segunda indicação ao Oscar, e por trabalho consecutivo, pela direção minimalista, mas crucial, em O lado bom da vida – um
filme moderno e inteligente como poucos deste novo século.
Prós:
- É notável diretor de atores e isso pode lhe valer votos do
brunch dos atores, o maior da Academia
- Está em alta junto ao acadêmicos que preferiram nomeá-lo
ao indicar uma segunda vez o vencedor do Oscar no ano em que concorreu, o
inglês Tom Hooper que estava no páreo com Os miseráveis
- Dirige o filme que conseguiu emplacar nomeações no chamado
big five (filme, direção, roteiro, ator e atriz). O último a conquistar isso
foi Menina de ouro em 2005 e Clint Eastwood venceu como diretor naquele ano
- Dirige um filme independente e nos últimos seis anos o
diretor vencedor do Oscar dirigia um filme independente. Lee e Spielberg
dirigem produções de estúdio
- Apareceu em algumas listas de melhores do ano como no
Critic´s Choice Awards
- A história de que dirigiu o filme como uma forma de se
comunicar com seu filho, também bipolar, pode conquistar alguns votos decisivos
Contras:
- Não ganhou nenhum prêmio na temporada
- Não estava na lista do sindicato dos diretores
- Diretores de comédias não costumam prevalecer nesta
categoria
Segunda indicação:
Indicação anterior:
Diretor por O vencedor (2011)
Gênio do cinema
É muito justo que Michael Haneke, em 2013, seja o cara do
Oscar. Há muito tempo ele já se inscreveu como um dos mais importantes e
significativos cineastas de nosso tempo. Com Amor, ele concorre em quatro
categorias no Oscar (direção, roteiro original, produção estrangeira e produção
do ano). Não é pouca coisa. Pelo menos um Oscar ele leva para casa.
Prós:
- É uma direção calculista e inteligente na manipulação dos
sentimentos e do espaço físico
- O irresistível apelo de reconhecer um diretor cult com um
prêmio da indústria do cinema
- O fato de dirigir um filme duro, triste, mas de apelo
universal pode lhe valer votos indecisos
Contras:
- Diferentemente de Lee, é um estrangeiro que dirige um
filme falando em língua estrangeira
- O fato de diretores estrangeiros terem vencido nos últimos
dois anos
-A pecha de que a indicação já é suficiente
Primeira indicação
A adorável surpresa
Ninguém, absolutamente ninguém esperava por Benh Zeitlin
entre os indicados a melhor diretor no Oscar. Nem o próprio Zeitlin. Mas se
ponderações forem feitas sobre os concorrentes do ano e sobre o trabalho de
Zeitlin em Indomável sonhadora, ficará bem óbvio que a nomeação deste americano
de apenas 30 anos é mais do que justa.
Prós:
- Já foi elemento surpresa uma vez e pode ser novamente
- Seu filme tem encantado plateias e sua contribuição para
isso é perceptível
- É um filme em que se percebe a mão do diretor até mesmo no
trabalho dos atores (semiamadores)
- Pode se beneficiar de alguns votos de protesto de
acadêmicos insatisfeitos com a configuração final da categoria no Oscar
Contras:
- Trata-se de um filme de estreia e um filme independente de
estreia. Será que Hollywood se renderia incondicionalmente assim?
- A pecha de que a indicação já é suficiente
- Ser muito jovem também pode pesar contra suas chances de
vitória
Primeira indicação
A indicação de Benh Zeitlin foi mesmo a maior surpresa. Adoraria que Michael Haneke ganhasse, mas, acho que vai acabar dando Steven Spielberg. Vejamos.
ResponderExcluirbjs
A indicação de Zeitlin foi uma surpresa mesmo. Como não vi o filme, tiraria ele e colocaria Hooper ou mesmo, Affleck. Mas queria muito que o Haneke vencesse, mas acho que dará Spielberg.
ResponderExcluirBeijos! ;)
Sem as presenças de Ben Affleck, Kathryn Bigelow e Tom Hooper, ao que tudo indica, a vitória cairá nas mãos de Spielberg bem facilmente. Mas, vai que dá a doida na AMPAS e ocorre uma surpresa, tipo uma vitória de Michael Haneke ou David O. Russell???
ResponderExcluirAmanda: Também acho que Spielberg leva, mas essa categoria é dinamite pura esse ano...
ResponderExcluirbjs
Mayara: Let´s see!
Bjs
Kamila: Vitória de Russell não seria exatamente "a doida", mas uma vitória de Haneke ou Zeitlin faria valer o adjetivo...
bjs
Eeeeita categoria que me deu dor de cabeça hahaha!
ResponderExcluirSpielberg quer ser o próximo John Ford, isso é fato. E até no número de vitórias no Oscar, né? No entanto, sei lá, eu não consigo vê-lo ganhando, cara. Sério...
Confesso estar bastante indeciso nesta categoria. Ficaria feliz com a vitória de todos, menos a do dito favorito rs.
No fim das contas, apostei no comandante de "O Lado Bom da Vida", que faz um ótimo trabalho e com muita personalidade. Ficaria feliz com sua vitória, mas meu coração bate mais forte por Haneke, o cinema autoral de Zeitlin e a parábola inspiradora de Lee.
Meu ranking:
1 - Haneke
2 - Zeitlin
3 - Lee
4 - O. Russell
5 - Spielba
Abs!