Honesto e sobre a vida
Novo longa de David O. Russell é uma comédia inteligente que abraça o drama para falar de romance e tem em seu conjunto de atores o elenco mais festejado pelo Oscar em 30 anos
Independente. Bem humorado. Romântico. Engraçado. Agridoce.
Muitos são os adjetivos, majoritariamente positivos, usados para descrever O
lado bom da vida (Silver linings playbook, EUA 2012), que estreia nessa
sexta-feira (1º) no Brasil, filme indicado a oito Oscars. Mas um dos que
agradam mais ao cineasta David O. Russell é “honesto”. Afinal de contas, a
relação de David O. Russell com o filme é mais longa do que pode parecer. “Foi
Sidney Pollack (cineasta de filmes como Entre dois amores e Os três dias do Condor, já falecido) quem me chamou a atenção para o livro de Matthew Quick e disse
que era um material interessante para eu dirigir”, disse Russell à Total Film.
“Mas eu estava resistente a adaptar algo”. Até então, Russell que escreve todos
os seus filmes só havia feito roteiros originais. Mais para frente ele se pegou
fisgado pela história, em parte porque percebeu que a trama, centrada em um
homem que sofre de distúrbio bipolar, favorece a identificação com seu filho.
“Percebi que ele poderia se sentir integrado ao mundo. Eu poderia dizer para
ele: ‘veja, há pessoas como você no mundo”.
Russell, no entanto, levou cinco anos para escrever o
roteiro. Seu filho, um pré-adolescente então, hoje tem 18 anos.
A primeira escolha para viver Pat, o professor que surta
após ver sua mulher com outro e vai para uma clínica de reabilitação por seis
meses, era Vince Vaughn. Curiosamente, um ator que dividiu a cena com Vaughn na
comédia de sucesso Penetras bons de bico, acabou com o papel. Por quê? “Porque
naquele filme ele demonstrava tanta raiva e o fazia com tanta urgência”,
explica Russell. Esse ator é Bradley Cooper que em Penetras bons de bico fazia
um almofadinha que via sua namorada se engraçar com um dos penetras vivido por
Owen Wilson. Em 2005, Cooper era um coadjuvante. Hoje, depois de estrelar
filmes como Se beber, não case (2009) e Sem limites (2011) é um astro. Graças a
O lado bom da vida passa a ser encarado por grande parte do público também como
um ator sério.
Indicado ao Oscar de melhor ator, Cooper admite ter sentido medo
quando foi confirmado no filme. Mark Wahlberg, parceiro contumaz de Russell, já
estava apalavrado para o papel e só não o assumiu em virtude de desacordos com
o produtor Harvey Weinstein. O peso sobre Cooper aumentou porque Wahlberg e
Russell vinham do bem sucedido O vencedor, que valeu a Russell suas primeiras
indicações ao Oscar como diretor e roteirista. Ele repete a dobradinha este ano
e confirma a fase abençoada que vive no cinema.
Unidos pelas afinidades incomuns: Pat e Tiffany se atraem pelos "parafusos a menos" de ambos
Um filme sobre a vida
“Eu tinha plena confiança de que ele era a melhor escolha
para o personagem. Uma das boas coisas de eu ter deixado esse projeto para
depois de O vencedor foi justamente o fato do ator certo ter aparecido. A outra
foi poder aparar melhor o texto”. Russell informa que reescreveu o roteiro
“pelo menos umas dez vezes”.
A ideia era fazer um filme simples, com diálogos afiados,
mas que no final do dia fosse apenas um filme sobre a vida. “Sobre pessoas com
dificuldades que aprendem ser a solução dos problemas uma das outras”, diz o
cineasta.
Notável diretor de atores, Russell conseguiu fazer seu
elenco entrar para a história do Oscar, mesmo que não conquiste uma estatueta
sequer. Desde Reds, em 1981, nenhum filme conseguia emplacar indicações nas
quatro categorias de atuação. E nenhum filme independente o tinha feito até
hoje. De quebra, O lado bom da vida enseja Robert De Niro na briga por uma
estatueta dourada 21 anos depois de sua última disputa. Dos indicados (Bradley
Cooper como ator, De Niro como coadjuvante, Jennifer Lawrence como atriz e
Jacki Weaver como coadjuvante) é Jennifer Lawrence quem reúne mais chances de
vitória.
“Ela é impressionante”, diz Cooper à Empire. “Muito mais
madura como atriz do que a idade dela sugere”. A atriz faz uma viúva que
enxerga um escape no sexo sem compromisso e volumoso, que faz com que ela fique
mal falada. Ela ensaia uma aproximação de Pat e o lado comédia romântica de O
lado bom da vida aflora. A química entre Cooper e Lawrence tem rendido boatos
de que os dois estão juntos. A atriz rompeu recentemente seu namoro com o ator
Nicholas Hoult (o Fera de X-men: primeira classe) o que elevou a temperatura
dos boatos.
Fofocas à parte, O lado bom da vida, nas palavras do crítico
de cinema de O Globo, André Miranda, faz “um retrato simples da vida comum”.
“Estão sugeridos os problemas financeiros da classe média, o preconceito contra
imigrantes, a alienação com esportes, o machismo e o vício. Tudo sem exageros,
no tom certo”.
Elizabeth Weitzman, do New York Daily News, saiu-se como uma
definição ainda mais engenhosa para um dos filmes mais elogiados de 2012: “É
uma dramédia romântica em seu limite que corresponde aos tempos ansiosos que
vivemos”.
É um filme em que a gente sai bem do cinema, ainda que não seja nenhuma invenção inovadora ou criativa. E os atores são o ponto forte da obra.
ResponderExcluirbjs
Ainda não assisti a "O Lado Bom da Vida", mas a impressão que tenho é a de que esse é um filme bastante simpático e que tem recebido uma boa recepção da crítica e dos amigos blogueiros cinéfilos. Entretanto, o que mais chama a atenção em mim em relação ao filme é a confirmação da virada na carreira de David O. Russell. Nunca imaginei que ele fosse chegar nesse ponto! rsrsrsrs
ResponderExcluirBeijos!
Amanda: Dos que eu vi até agora concorrendo a melhor filme, é o melhor. E muito em virtude dos atores, concordo.
ResponderExcluirbjs
Kamila: David O. Russell está ficando cada vez mais respeitável. rsrs
Bjs
Concordo com a Amanda: sai-se com uma sensação ótima do cinema depois de ver esse filme! Todos os atores estão ótimos, a história é super bem contada... Sei lá, não é o melhor filme que já vi, mas foi dos poucos que saí do cinema pensando que gostaria de comprar o dvd.
ResponderExcluirMas concordo com o Russell, todos são os atores certos no lugar certo, e embora eu a princípio tenha achado que outras atrizes pudessem fazer o papel da Jennifer, hoje avalio que não. A sensibilidade que ela empresta à personagem não é algo fácil de atingir.
Bjs,
Aline
Aline: Gostei muito do seu comentário. Concordo que "O lado bom da vida" não é o melhor filme que vimos na vida, mas pelo menos entre os indicados a melhor filme no Oscar é...
ResponderExcluirbjs