Ele é quase um meme de toda temporada de premiações. É
certamente uma sombra vultosa em que deseja, mesmo antes de iniciada a
temporada do Oscar, participar dela. E um modelo para atores e aspirantes a
atores em todo o planeta. Quando Daniel Day Lewis tem um filme na praça, a
competição por qualquer prêmio torna-se menos competitiva e mais contemplativa.
Para uma carreira de mais de 30 anos, Day Lewis ostenta um número relativamente
pequeno de filmes: são 23 ao todo, se consideras produções para a televisão
inglesa nos anos 80. Mas a qualidade dos filmes e de seus trabalhos compensam a
preleção aguda. Day Lewis ostenta um invejável número de 106 nomeações a
prêmios, das quais incríveis 74 foram convertidas em vitórias e algumas mais
devem vir até 24 de fevereiro, quando ele muito provavelmente erguerá sua
terceira estatueta do Oscar.
O londrino sempre se mostrou avesso à badalação de Hollywood
e não costuma se engajar em busca de novos projetos. Diretores que anseiam por trabalhar com ele precisam frequentemente cortejá-lo, como fez Steven Spielberg
que teve que bancar três versões de roteiro até que encontrasse a que motivou o
ator a embarcar no projeto Lincoln. O 16º presidente americano sempre foi do
interesse de Spielberg que via em
Day Lewis o intérprete perfeito para o personagem. Mas Day
Lewis é sempre o intérprete perfeito de qualquer personagem. Houve, no entanto,
quem questionasse sua última incursão no cinema, no musical Nine, de Rob
Marshall. Fazendo as vezes de Fellini, no entanto, o ator conferiu mais pompa e
dramaticidade a um registro que se pretendia apenas pop.
A filmografia do ator revela um homem sem medo de
personagens desafiadores e coerente com a metodologia que elegeu para exercer
seu ofício. Devido a sua energia na tela e às histórias de bastidores que dão
conta de como prefere permanecer encarnado no personagem, Day Lewis criou para
si um estigma de ator difícil, genioso e genial. Um dos poucos que fará por
merecer uma cinebiografia no futuro mais por seu talento, do que por sua
celebridade.
Se mantivesse um ritmo de produção mais assíduo, na década
passada foram apenas quatro filmes, Day Lewis poderia banalizar seu status de
divindade da atuação. A Time, mais importante revista semanal do mundo, recentemente
lhe fez matéria elogiosa e lhe outorgou o título de “maior ator do mundo”. No
entanto, a opção por projetos selecionados entrecortados por longos hiatos não
é algo com esse fim. Day Lewis gosta de cinema, mas entende ser esse seu
trabalho e um trabalho privilegiado que lhe proporciona outros privilégios,
como maior atenção à família.
Dono de personagens icônicos, Day Lewis pode fazer história
no domingo, 24 de fevereiro de 2013. Pode tornar-se o segundo homem a ter três
Oscars por atuação. A diferença entre ele e Jack Nicholson, o outro homem que
até agora detém exclusividade sobre essa marca, é que dois dos Oscars de
Nicholson foram como coadjuvante. Se Day Lewis conquistar o terceiro por
Lincoln, os três terão sido como protagonista. E mais: Day Lewis terá
conquistado seu terceiro Oscar na quinta indicação. Nicholson teve doze. Um
atestado da referida perfeição que não deixa margem para erros e desencontros.
Cinco grandes momentos de Daniel Day Lewis
Sangue negro
Nesse poderoso filme, o ator reproduz com assombrosa força o
mito do capitalista nessa obra perene e fundamental de Paul Thomas Anderson
O último dos moicanos
Nessa impactante fita de Michael Mann, o ator provou ser
eficiente em cenas de ação sem descuidar do relevo dramático do personagem
Em nome do pai
Na segunda colaboração com o cineasta Jim Sheridan, a primeira foi em Meu pé esquerdo, Day
Lewis faz um homem injustamente acusado de terrorismo. Uma atuação potente com
tons agudos
Gangues de Nova Iorque
Em seu segundo trabalho com o diretor Martin Scorsese, o primeiro foi Na época da inocência, Day
Lewis rouba o protagonismo de um ascendente Leonardo DiCaprio ao construir um
gangster primordial de uma Nova Iorque em formação
Minha adorável lavanderia
A estreia efetiva de Day Lewis no cinema não poderia ter se
dado de maneira mais intensa do que nesse drama com fundo gay de Stephen
Frears. Day Lewis demonstra toda a sua minúcia e deixa transparecer o talento
que logo o marcaria para todo o sempre
Pra ser bem sincera, pra mim, é difícil escolher os cinco melhores momentos de Daniel Day-Lewis, mas, se eu tivesse que escolher uma performance favorita dele, sem dúvida, seria em “A Insustentável Leveza do Ser”, filme que eu simplesmente adoro. Pra mim, Daniel Day-Lewis é o maior ator vivo. Um ator que pode não ter uma frequência grande de trabalhos, mas, sempre que ele decide aparecer, a gente pode ter a certeza de que veremos uma grande performance. Estou ansiosa para conferir o trabalho dele em “Lincoln”. Beijos!
ResponderExcluirÓtimo post! Apenas algumas correções: Walter Brennan também conquistou três estatuetas de atuação, todas de coadjuvante. Jack Nicholson ganhou apenas um Oscar como melhor ator coadjuvante (por "Laços de Ternura"), além dos 2 com melhor ator (por "Um Estranho no Ninho" e "Melhor é Impossível"). De qualquer forma, se Day-Lewis vencer, ele será o recordista masculino na categoria principal.
ResponderExcluirEsse homem, e desculpe a palavra, é foda! Lincoln só é bom por causa dele (o restante do elenco idem). Foi uma ótima criação, rs!
ResponderExcluirAbraços meu caro!
Kamila: Essas não são as cinco melhores atuações de Day Lewis na minha avaliação. São apenas cinco grandes momentos ele. Não há juízo de valor além deste.
ResponderExcluirBeijos
Anônimo: Obrigado pelo elogio e pela pontual correção meu caro. É verdade. A memória as vezes nos trai. Como fiz o artigo de cabeça, me esqueci de Walter Brennan e dos pingos nos is dos Oscars de Nicholson.
Abs
Rodrigo Mendes: A palavra é acurada para descrever o homem. rsrs.
Abs