Bryan Cranston, da série cult "Breaking bad" é um dos muitos talentos da tv que aferem qualidade e temperatura ao novo filme de Ben Affleck
Muito se fala por aí de como a TV vem superando o cinema em
força e liberdade criativa. Bem, Argo, novo filme de Ben Affleck,
conscientemente vem ilustrar essa máxima transpondo muitos dos talentos
criativos da TV americana para o cinema. O próprio Affleck já havia confiado a
Jon Hamm, um dos expoentes de talento da atual safra americana na tv, o papel
do principal antagonista de seu personagem em Atração perigosa (2010). A
confecção de Argo, no entanto, já remetia à tv antes mesmo da entrada de Ben Affleck no projeto. O roteiro é assinado por Chris Terrio, cujos créditos
incluem direção e produção de episódios de "Damages", ótima série de fundo
jurídico estrelada por Glenn Close. Mas Affleck, orientado pela Warner, que não
queria um elenco de cartas marcadas do cinema, foi buscar matéria prima na tv para
viabilizar uma história essencialmente cinematográfica: a de uma operação que
uniu os serviços de inteligência dos EUA e Canadá para resgatar seis diplomatas
americanos refugiados na embaixada canadense em meio à emergente revolução
iraniana nos idos dos anos 70. Os agentes entram no Irã disfarçados de uma
equipe de filmagens hollywoodiana em busca de locações para um filme de ficção
científica. Tudo real. Tudo potencialmente cinematográfico.
Papa fina
Um dos principais papeis em Argo compete a Bryan Cranston,
que com o fim da série "Breaking bad" – que o tornou cult – deseja se dedicar
mais ao cinema. Cranston faz o mentor do agente vivido por Affleck. De "Damages" vêm Chris Messina – que também atuou em "The newsroom" e é presença cada vez mais
frequente no cinema - e Zeljko Ivanek – que também atuou em "True Blood". Kyle
Chandler, de "Friday Night Lights" e que no cinema pôde ser visto recentemente em
Super 8 (2011), é o terceiro vencedor do Emmy a engrossar as hostes de Argo.
Tate Donovan, Victor Garber, Richard Kind e Clea Duvall são outros nomes
egressos da tv que abrilhantam o elenco de Argo.
É justamente o entrosamento refinado do elenco que tem
valido alguns dos mais efusivos elogios que Argo tem recebido. Se as previsões
se confirmarem e Argo for estrela na temporada de premiações, uma nova e
rocambolesca lógica pode se estabelecer na dinâmica entre cinema e tv. Seria
esse mais um xeque-mate do cinema nesse jogo de xadrez tão plural que disputa
com a tv? Ou seria um truque da tv para reforçar com contundência sua
superioridade contemporânea? Argo pode não ser a resposta, mas definitivamente
se configura como uma pergunta.
"Argo" estreia nesta semana aqui em Natal e estou bastante ansiosa para conferir o filme. Em relação ao seu post, acho que a maior prova de que a TV, criativamente, hoje supera o cinema que algo que antes era muito difícil ocorrer (a migração de profissionais do meio televisivo para o cinematográfico), hoje ocorre na maior normalidade. Que bom! Porque existem profissionais excelentes na televisão e que podem dar uma mexida legal no meio do cinema e isso é necessário, atualmente.
ResponderExcluirBeijos!
Kamila: TV e cinema tem mais a ganhar mutuamente do que estão dispostos a admitir.
ResponderExcluirbjs