Coisa de casal
Os diretores de Pequena miss sunshine estão de volta com uma fábula agridoce sobre o parceiro romântico ideal e sobre como essa busca pode transformar a própria essência do amor
Filmes que abordam escritores
vivenciando crises criativas existem aos montes. Alguns versam sobre o
inexorável bloqueio do segundo livro. Filmes que buscam extrair humor da
relação entre criador e criatura com um pingo de fábula moral são outra
variante hollywoodiana bastante frequente. Desde o clássico vintage Mulher nota
1000 ao recente e desbocado Ted. O que Ruby Sparks – a namorada perfeita (Ruby
Sparks, EUA 2012), em cartaz nos cinemas brasileiros, propõe é uma bifurcação
dessas figuras de linguagem cinéticas em um filme que quer divertir tanto
quanto fazer refletir.
Calvin (Paul Dano) é um escritor
em agonia por não conseguir finalizar seu segundo romance. A inspiração flui
quando ele começa a escrever sobre a garota de seus sonhos. E ele, novamente,
experimenta uma crise ao perceber que está se apaixonando por algo intangível.
No entanto, para a surpresa de Calvin, em um belo dia, Ruby (Zoe Kazan), a
personagem por ele criada, se materializa em frente a seus olhos.
A namorada perfeita e a relação perfeita
estão ao alcance de Calvin. Tudo que ele precisa fazer é escrever essa
história. A partir de então, Ruby Sparks - a namorada perfeita trabalha com
um questionamento pertinente a todo tipo de relação amorosa. Queremos alguém
para amar apesar dos defeitos ou alguém que só aceitamos amar nos nossos
termos? Outra questão que interessa aos cineastas Jonathan Dayton e Valerie
Faris, os mesmos por trás do sucesso indie Pequena miss sunshine (2006), é a
capacidade de transmutação em uma relação amorosa e até que ponto isso é
sadio.
“Na primeira vez que ela me
apresentou o roteiro, eu logo perguntei: Zoe, você está escrevendo isso para a
gente?”, informou Paul Dano à revista Serafina. Paul e Zoe, assim como os
diretores Valerie e Jonathan, são um casal. E o fato de Ruby sparks – a
namorada perfeita ser construído essencialmente por dois casais vivendo a
plenitude de relações amorosas, constitui um irresistível paralelo.
Foi Paul Dano quem sugeriu a
namorada que eles levassem o roteiro para Jonathan e Valerie. Dano acreditava
que os diretores de Pequena miss sunshine eram os ideais para o texto da
namorada. Por sua vez, Jonathan e Valerie estavam à espera de algum material
genuinamente interessante e que pudesse ser produzido no metiê que eles estavam
aprumados: a cena indie americana.
O filme então foi apadrinhado
pela mesma Fox Scearchlight que distribuiu Pequena miss sunshine e o resto é
história. O filme talvez não chegue ao Oscar. Certamente não se configurou na
sensação do filme de 2006, mas vem bem recomendado pelos críticos e é um filme
sobre casais, feito por casais para casais. Quantos desses há por aí?
Nenhum comentário:
Postar um comentário