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quarta-feira, 7 de março de 2012

Crítica - Poder sem limites

Quando a forma comprime o conteúdo...

Quando Cloverfield (2008) chegou aos cinemas com a grife de J.J Abrams e sob a batuta de um diretor promissor (Matt Reeves), imaginou-se que a linguagem do cinema receberia um “choque de gestão”. Mais do que nunca, um filme não só se dirigia, como era concebido nos termos da convencionada “geração Youtube”. O filme de monstro viu seu hype crescer ao ser concebido a partir de gravações de uma única câmera no melhor estilo gonzo – muito comum na indústria pornográfica – em que o registro é inerente à ação. Se a estética era, não só pertinente, como um dos principais eixos narrativos de Cloverfield, não o é em Poder sem limites (Chronicle, EUA 2012) – filme que utiliza o mesmo expediente e substitui o monstro por heróis adolescentes.
Josh Trank, oriundo da TV e sem nenhuma experiência prévia no cinema, provavelmente achou que tinha descoberto a pólvora. E se mostramos adolescentes típicos de qualquer teen movie descobrindo super poderes? E se mostrarmos tudo em uma linguagem pós-moderna? Trank parece interessado apenas na embalagem de sua crônica – como indica o título original. Em momento algum o desenho dos personagens excede aquela pitoresca construção de secundários no próprio filme. Apesar de legitimar o uso da câmera dentro da narrativa, Trank falha ao convencer sua audiência de que aquela câmera é realmente parte do ambiente – algo que Reeves consegue fazer no igualmente insatisfatório Cloverfield. Além do mais, ele recorre a outras “câmeras” espalhadas pela cidade para dar conta de seu clímax. O que caracteriza uma desonestidade com seu público.

Mamãe quero ser Leo: o mais impressionante em Poder sem limites é como de alguns ângulos, o ator Dane DeHaan faz lembrar um jovem DiCaprio 


O melhor que Poder sem limites tem a oferecer é mostrar os três adolescentes, que após um acidente em uma cratera (?) se descobrem telecinéticos, desfrutando as delícias de seus poderes. Os impulsos típicos da idade ganham nova dimensão quando se dispõem de poderes na escala que dispõem os protagonistas. Andrew (Dane DeHaan), Matt (Alex Russell) e Steve (Michael B. Jordan) não poderiam ser pessoas mais diferentes. A forma como eram socialmente inseridos será definitiva para como lidarão com seus recém descobertos poderes.
Se se ativesse a esse lampejo criativo, Poder sem limites poderia não alcançar suas potencialidades, mas seria um filme mais interessante e menos problemático do que é. Da forma como ficou, e Trank enfileira equívocos na direção, Poder sem limites é um vislumbre de uma ideia que poderia ser boa. E o pior de tudo é que a ideia que poderia ser boa não foi nem mesmo a ideia que motivou o projeto.  

2 comentários:

  1. Interessante, tinha ouvido muita gente falar mal do filme, depois de ler duas críticas positivas estava quase me convencendo de que era bom, hehe, agora voltou o pé atrás. Ainda verei para tirar maiores conclusões.

    bjs

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  2. Amanda: O filme não é ruim, mas não é bom entende?rsrs É por aí...
    Bjs

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