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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Crítica - O homem que mudou o jogo

Inteligente e cativante!

É sempre entusiasmante se deparar com um filme que consegue ser inteligente e emotivo ao mesmo tempo. Ainda que seja uma fórmula aparentemente banal, é de difícil confecção e todos os envolvidos em O homem que mudou o jogo (Moneyball, EUA 2011) podem se orgulhar de terem produzido um drama que consegue ser edificante, sem resvalar no pieguismo itinerante que marca esse tipo de história, e bem articulado narrativamente sobre um tema mais racional do que emotivo.
A princípio, O homem que mudou o jogo é um filme sobre gestão. Humana e administrativa. É, também, um filme sobre segundas chances. Sobre personagens que são confrontados com novas oportunidades de vencer um jogo injusto como é o da vida. É, ainda, um filme sobre o confronto de visões em um ambiente tão apaixonado como o esportivo. De um lado, o eixo moderno representado pelo gerente do Oakland A´s, time  modesto da Califórnia, Billy Beane (Brad Pitt) e seu assistente formado em economia Peter Brand (Jonah Hill) que introduzem um novo modelo para contratar jogadores esmerado em estatísticas e projeções matemáticas. Do outro lado está o tradicional e centenário jeito de se viver o baseball com todas as suas idiossincrasias e crendices.
É a partir dessa lógica do “homem contra o sistema” que o diretor Bennett Miller, suavemente, tece um drama coeso, límpido e profundamente humano. Que se vale de um esporte pouco famoso internacionalmente para erigir comentários tanto sobre a natureza humana, como a respeito da modernização de estratégias de gestão que sucessivamente despertam interesse de empresas que atuam em diferentes nichos. 

Brad Pitt, em grande momento como ator, em cena do filme: mérito de agregar temas intercambiáveis em um drama inteligente, fluente e cativante


O roteiro, assinado por Aaron Sorkin e Steven Zaillian a partir do livro “Moneyball: the art of winning a unfair game” de Michael Lewis, é seguramente o maior brilho do filme. O texto impede que o espectador pouco familiarizado com a modalidade fique alienado, ao mesmo tempo em que flameja o fã de baseball. Não é preciso dizer que o roteiro concilia harmoniosamente as diferentes propostas encorpadas no filme.
Com seis indicações ao Oscar (filme, roteiro adaptado, ator, ator coadjuvante, montagem e som), O homem que mudou o jogo é um filme que registra o ímpeto empreendedor que distingue os homens dos meninos – como uma cena crucial do filme sugere. É Brad Pitt, em atuação notável, quem estabelece complexidade ao personagem central. Pitt o reveste de humanidade em toda a sua abrangência: arrogância, carisma, insegurança, fé, esperança...
É, enfim, um ator que faz o filme ficar melhor, assim como seu personagem fez com o jogo.

6 comentários:

  1. Adorei o texto!

    Confesso que não tinha grandes expectativas com esse filme, mas ele é extremamente cativante e tem um belo roteiro.

    Apostas para o Oscar 2012:
    http://peliculacriativa.blogspot.com/2012/02/bolao-do-oscar-2012-previsoes.html

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  2. O filme é mesmo muito bom e olha que sou totalmente insuspeita ao fazer esse elogio - não sou nada fã de beisebol (qse concordo com o Luís Fernando Veríssimo ao dizer que é o esporte em que as pessoas tocam o boné de vez em quando), muito menos sou de matemática, rsrsrs
    O roteiro tem uma dosagem super equilibrada de crítica social, drama e humor. Pena também não vai ser desta vez que o Brad vai levar o Oscar...

    Bjs

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  3. Não achei esse um filmaço, mas de fato, tem seus méritos. Não ficamos "perdidos", ainda mais eu que não gosto e nem entendo nada sobre essa modalidade de esporte. Uma atuação firme do Pitt, ainda que não mereça vencer, claro. As indicações são justas. Mas, ainda assim, não é um filme memorável pra mim.

    Abraço, sumido!

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  4. Grande Reinaldo!
    Concordo muito com os argumentos defendidos, sobretudo quando diz que o filme é "um drama que consegue ser edificante, sem resvalar no pieguismo itinerante que marca esse tipo de história". Tenho a mesma percepção, mas não foi um filme que me cativou. Pelo contrário, acho algumas interseções nele terrivelmente deslocadas e que obstruem o filme. Saquei a analogia, mas acho um filme chato, nada empolgante e tal.

    O roteiro e Brad Pitt dão show, mas meu envolvimento com a história foi quase nula, não me senti atraído, fora algumas outras irregularidades que prefiro nem apontar aqui para nao me estender tanto, mas abordarei na minha crítica.

    Ótimo texto, btw.

    abrass!

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  5. Película Criativa:Eu já tinha boas expectativas e elas foram honradas.
    Bjs

    Aline:É isso aí Aline. um belo filme em que o roteiro se destaca. Apesar de estar ótimo, Pitt não é mesmo o melhor entre os indicados ao Oscar...
    bjs

    Cristiano:Sumido vc tb. rsrs. Bom te ver por aqui. Tb não acho um filmaço, mas vejo muitas qualidades no filme. Tb acho que Pitt não merece vencer, mas acho a indicação justíssima - como vc bem pontuou.
    Abs

    Elton Telles: Obrigado meu caro. Entendo suas restrições e tenho curiosidade pelas irregularidades que vc percebeu. Acho que é um filme um pouco mais longo do que precisaria, que muda de tom em certo momento (talvez pelo viés documental que Miller emprega em sua cinematografia), mas não vejo essas opções como irregulares.
    Aquele abraço!

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  6. Verei este hoje! Me disseram muito bom. E, a priori, não me interessei por se tratar de um esporte que desconheço, mas depois de tantos comentários positivos, e quando vi a dupla de roteiristas, me despertou profundo interesse. Estou ansioso!

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