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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Crítica - Os homens que não amavam as mulheres

Um colosso de filme!
Os homens que não amavam as mulheres (The girl with the dragon tattoo, EUA 2011) é daqueles filmes que te acompanham depois da sessão. Por algumas vezes, você vai se pegar pensando nele. Não só porque a fita conta com uma das personagens mais cativantes da atualidade, a hacker Lisbeth Salander – aqui defendida com garra e devoção pela excelente Rooney Mara – mas porque David Fincher sobeja na arte de contar bem uma história. 
Filmes que te fazem pensar são uma raridade. Filmes que te fazem pensar após a sessão, no entanto, não são uma raridade para David Fincher. O diretor americano realiza uma façanha com essa versão americana para o best-seller sueco da trilogia Millennium; melhora, e muito, o resultado em relação ao material original.
Pelas mãos de Fincher, não só a história de mistério que congrega perversões, nazismo e toda sorte de fetiches ganha relevo dramático, como a relação entre os dois personagens principais se transforma em um poderoso elemento narrativo.

Rooney Mara como Lisbeth Salander: uma atriz que se doa intensamente a uma personagem fascinante


Nesse sentido, algumas opções de Fincher se provam certeiras. Manter a história na Suécia foi crucial, já que o forte frio é elemento vital na trama, bem como o fato da família Vanger ser européia. O tom acinzentado que predomina na fotografia é um acerto que acresce à atmosfera obscura que Fincher convenciona para seu filme; que parece destinado a ser pop e cult, talvez em maior escala do que se podia imaginar de uma versão americana para um livro sueco.
Outro acerto de Fincher foi Rooney Mara, atriz que reclama qualquer traço de autoria de Lisbeth Salander para si. Desinibida quando necessário expor a fragmentação emocional de sua personagem e frágil quando preciso sublinhar sua vulnerabilidade, Mara é a perfeita síntese do fascínio que sua personagem exerce. Uma entrega tão avassaladora que um Oscar seria pouco para lhe fazer justiça.
Daniel Craig, que não foi a primeira opção de Fincher, traz leveza e sofisticação a seu Mikael Blomkvist – características tão díspares daquelas que lhe são atribuídas. Uma prova a mais do quão bom ator é.
Ambos respondem muitíssimo bem aos estímulos de Fincher para que a relação entre os personagens – mesmo quando ainda não se conhecem – seja o cerne de Os homens que não amavam as mulheres. Por isso a construção inicial, onde Fincher parcimoniosamente apresenta Blomkvist e Salander para a platéia em eventos paralelos com pouca relação entre si, é tão importante. Não falta ao diretor à perspicácia de incutir em seu público a exata noção de quem são aqueles personagens. Por mais indecifrável que Lisbeth Salander possa ser, a cena final (genial em sua sutileza incontida) a torna mais próxima de todos nós.
Os homens que não amavam as mulheres não tem a importância histórica de A rede social ou sua genialidade narrativa, mas – ainda assim – é um colosso de filme. 

8 comentários:

  1. Gostei da definição, um colosso de filme, hehe. Fincher conseguiu fazer algo incrível, e nem parece que é tão longo. Quanto a Lisbeth ela é genial, aguarde os próximos para ficar ainda mais fã dela.

    bjs

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  2. Fantástico!
    O filme ainda ecoa na minha mente...
    Lisbeth Salander é pra mim uma das melhores personagem dos últimos tempos e Rooney Mara estava excelente. Se antes de ver o filme me espantava ao vê-la competindo nas premiações, agora me espantaria não vê-la. É até estranho que ela não tenha se apresentado como uma grande concorrente ao Oscar esse ano, é tão o tipo de atuação que o Oscar adora premiar: personagem forte e que exige da atriz uma drástica mudança física... Mas acho que seria uma ótima zebra sua vitória!

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  3. Oi, Reinaldo,

    Já tinha comentado em um outro post a minha opinião sobre o filme. Não o achei ruim, bem longe disso. Fincher provou mais uma vez que ninguém capricha tanto numa produção como ele. Tecnicamente falando, sim, o filme é colossal e impecável do início ao fim, mas na minha opinião, faltou alguma coisa ali na hora de contar a história. É claro que contar a história de um livro tão extenso, cheio de personagens, histórias paralelas em 2h40 não é fácil, mas ele tenta. Mesmo assim, não sei explicar o que faltou exatamente. Talvez revendo-o mais para frente e com mais calma...
    Sim, sou bem chatinha!

    Abs. e parabéns pelo blog.

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    1. Olá, Melissa.. eu divido o filme em tres partes, a primeira onde conta um pouco da historia dos dois personagens principais, a segunda quando eles se encontram e a terceira ja no final qndo os miterios sao desvendados. pra mim o unico pecado foi essa extensão do final. parecia que nao acabava nunca, era uma sequencia atras da outra. fincher poderia ter cortado os ultimos 20min do filme que pra mim nao faria diferenca. pelo contrario, faria a conclusao do filme melhor. enfim, os diretores modernos estao seguindo essa tendencia de deixar tudo explicadinho, ao inves de deixar um clima de suspense no ar (que é a minha preferencia) como em A origem.

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  4. Uau! Vc realmente ficou empolgado com esse filme, rsrsrs Se o David Fincher deu uma corrigida no original, então realmente eu pre-ci-so vê-lo, rsrsrs Pelo menos neste fds vou tentar tirar o meu atraso em relação ao Oscar season :P

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  5. Que título heim Reinaldo!
    Gostei muito deste colosso de filme, ainda gosto do original, mas Fincher realmente melhora muita coisa.

    As titulagens e a música do Led Zeppelin ficou foda!
    Rooney e Craig inspirados e um elenco de ótimos coajuvantes.

    Filmaço. Fiquei pensando nele bem depois do sushi pós-sessão!

    Abraço.

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  6. Não assisti ao filme original e nem conheço os livros do Stieg Larsson. Mas, o que me chamou atenção na refilmagem do David Fincher foi o distanciamento emocional com o qual ele dirigiu essa história. Achei o filme muito frio, anticlimático. Sei que essa é uma marca do cinema dele, mas eu quero um filme que me faça reagir... A frieza e o calculismo da personagem da Rooney Mara é a marca principal desse filme.

    Beijos!

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  7. Amanda:Valeu Amanda. Não li os livros, mas vi a trilogia sueca. Já conhecia Lisbeth, mas a encarnação de Rooney Mara é outra história...
    Bjs

    Daniel Taranto: Ela não vai ganhar. Mas a simples inclusão em um ano surpreendentemente bom para as atrizes já é uma vitória. Além do mais, ela concorre com veteranas que já andam precisando de Oscar.
    Abs

    Melissa:rsrs. Longe de ser chata Melissa. Muito pelo contrário, fico feliz que vc se sinta entusiasmada a expressar sua opinião aqui. Sempre bem vinda, por sinal. Vc tem todo o direito de desgostar do filme. Expectativas são desestabilizadoras por natureza. Gostaria de saber, após sua revisão, o que tanto te incomodou na versão de Fincher.
    Bjs

    Aline:Bem, o filme é um colosso. rsrs. Não tem como não gostar.
    bjs

    Rodrigo Mendes: Sushi pós- sessão é tudo, hein? Ainda mais depois de um filmão desses!
    Abs

    Kamila: Como assim? Frio? Mas e o desenvolvimento da relação entre Mikael e Lisbeth? Aquilo é tão forte e cativante. Anticlimático? Ah Ka, vc me desculpe, mas discordamos veementemente aqui...
    Bjs

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