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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Crítica - O espião que sabia demais

Um outro tipo de cinema!

O espião que sabia demais (Tinker Tailor Soldier Spy, ING 2011) é um filme que parece produzido em outra época. Primeiro pela correta opção do diretor Tomas Alfredson de construir um filme sobre o mundo da espionagem a partir da riqueza narrativa possibilitada pelas elipses. O sueco em momento algum se incumbe de explicar as ações de seus personagens ou facilitar as frequentes metáforas que os personagens lançam mão. Outra peculiaridade de O espião que sabia demais é seu ritmo narrativo. É um cinema pensativo, calcado na passividade dos personagens e no silêncio das observações intermitentes. Alfredson possibilita um vislumbre de um mundo desmistificado, quase obsoleto e profundamente paranoico. Evitar soluções ágeis, portanto, é uma questão de fidelidade à proposta que já vem da obra original – o romance do consagrado autor John Le Carré.
A trama se passa em plena guerra fria e em um momento que o serviço de inteligência britânico detecta um agente duplo em suas hostes. O experiente George Smiley (Gary Oldman), que havia sido aposentado após a condução de uma ação desastrosa (que posteriormente se revelará parte vital das intrigas que ele desmascará), é convocado para apurar, na surdina, a identidade do traidor.
A ideia de Alfredson é submeter Smiley, em um primeiro momento, e seu público, em um contexto mais amplo, a um jogo de xadrez elaborado em que as reações precisamente calculadas ditam o andamento do jogo. As idas e vindas no tempo facilitam essa decupagem. Alfredson também favorece a crescente da paranoia. Somos jogados nela em escala até mesmo maior do que o protagonista, sempre contido. A sensação de ser constantemente vigiado, porém, é algo que o diretor consegue investir muito bem em seu filme.

Estudo e reação: Em O espião que sabia demais, saber como agir é mais importante do que agir de fato


É um trabalho de direção notável esse do sueco que já havia chamado a atenção com o drama de terror Deixa ela entrar. Ao se de desincumbir de mastigar o que se passa na trama para a platéia, ele a convida para formular o sentido do filme junto com ele. O fiador de ambos, nessa proposta tão incomum na atualidade, é Gary Oldman. Um ator de vasta expressividade, que adota o minimalismo como expressão de seu personagem. Oldman investe na sutileza de gestos e suas insinuações para compor uma atuação circunscrita aos propósitos do filme. Não estivesse ele em perfeita sintonia com os objetivos do diretor, O espião que sabia demais resultaria em um filme afogado em suas pretensões. Não o é porque Oldman lidera com compaixão essa trama em que precisamente nada é o que parece ser. 

5 comentários:

  1. Já fiquei curioso por este filme algum tempo, ainda mais quando Oldman afirmou ser o seu melhor papel em anos.

    O nome parace coisa de Hitchcock e adaptar John Le Carré é um desafio.

    Vou assistir, aliás, o elenco é grandioso!

    Abs.

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  2. Estou lendo o livro do John Le Carré e a narrativa é complexa demais, cheia de informações. A minha maior curiosidade em relação a essa adaptação é justamente ver como foi o trabalho de construção do roteiro. E, pelas críticas positivas que o filme tem obtido, me leva a crer que esse roteiro deve estar sensacional.

    Beijos!

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  3. Bom demais....fiz uma postagem explicando cada mínimo detalhado do filme. Se quiser conferir...http://www.cinemadetalhado.com.br/2009/01/entenda-o-espiao-que-sabia-demais.html

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  4. Nossa, espere que fique mais umas duas semanas em cartaz para eu poder ver. Tudo que vi até hoje com o Gary Oldamn valeu a pena, e pelo que vc diz, também não vou me decepcionar dessa vez :)

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  5. Rodrigo Mendes: Vc vai gostar! O filme é bom!
    Abs

    Kamila: Já li o livro e sei pelo que vc está passando.rsrs. A construção do roteiro é primorosa, mas é a direção que mais chama à atenção.
    Bjs

    Tiago Brito: É bom mesmo.
    Abs

    Aline: Vai ficar sim.
    Bjs

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