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sábado, 31 de dezembro de 2011

Crítica - Compramos um zoológico

20 segundos de insanidade!

Filmes para família têm um léxico particular. Cameron Crowe, grande entusiasta da humanidade que é, parece ser um dos diretores capazes de extrair algo mais desse subgênero tão em voga nos fins de ano. Compramos um zoológico (We bought a zôo, EUA 2011), adaptação do livro de mesmo nome do jornalista Benjamin Mee, é um daqueles filmes em que tudo dá certo. Desde o casting até a escolha das músicas para embalar a jornada (algo que Crowe é um especialista).
Há mudanças significativas em relação ao livro para tornar o filme mais palatável para a audiência, mas o espírito da obra – que é testemunhar a força daquela família catalisada por um gesto até certo ponto desaconselhável – está preservado. Uma alteração bastante significativa é que no filme, Benjamin já é viúvo quando compra o zoológico como uma espécie de terapia, enquanto no livro isso acontece com sua esposa ainda em estágio final do câncer que a acometeu.
Matt Damon vive com equilíbrio o protagonista. O Benjamin Mee de Damon é um homem desorientado, engolido por uma situação que não sabe ao certo como administrar: uma família fraturada. Ele enxerga na aquisição do zoológico uma tentativa de acalentar almas machucadas. As coisas não fluem exatamente como ele desejava, mas fluem de maneira a levar sua família para um lugar (espiritual e emocional) melhor.

Sutilezas e lágrimas: Crowe flerta com o sentimentalismo, mas não se entrega a ele em Compramos um zoológico


Crowe se situa o tempo todo entre o sentimentalismo açucarado que pauta produções sem qualquer outro objetivo que não fazer chorar e o genuíno afeto pelos personagens. Felizmente, Compramos um zoológico transita muito bem nessa linha tênue e, inclusive, se fortalece dessa condição. Há cenas memoráveis e Crowe constrói excelentes subplots como o envolvimento entre o filho de Benjamin (o competente Colin Ford) e graciosa Lilly (Elle Fanning), prima da tratadora dos animais.
Compramos um zoológico, portanto, não se resolve apenas como um “entretenimento familiar”, ainda que seja dos mais indicados. É mais um filme que dialoga intimamente com uma filmografia calcada na crença no homem, como é a de Cameron Crowe. Ele não deixa de acreditar que, acreditando, podemos chegar lá. “Tudo que precisamos são de 20 segundos de insanidade”, exclama Benjamim para seu filho. Os personagens de Crowe se dão bem quando lançam mão dos tais 20 segundos. O próprio diretor se recupera do irregular Tudo acontece em Elizabethtown com esse novo filme. Fazer um filme para a família poderia soar insano para quem já foi considerado um dos cineastas mais talentosos dos EUA nos anos 90 e que só rodou um filme na última década. Mas os 20 segundos de insanidade fizeram bem a Crowe.

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Claquete agradece os leitores pelo prestígio, dedicação e atenção nesse ano que se encerra e deseja a todos um 2012 repleto de alegrias, realizações e muita paz e saúde. Feliz ano novo e com muito cinema para todos nós!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Retrospectiva 2011: Os dez melhores filmes do ano

Foi um ano inferior às expectativas. O ano não teve grandes filmes. O grande filme de 2011 é, na verdade, de 2010. No entanto, na média, foi um ano superior às expectativas. Foram muitos os filmes ótimos. De maneira tal, que o nível dos filmes que integram esse TOP 10 não é muito distinto dos que ficaram no quase – como os lembrados na quarta parte da seção CLAQUETE DESTACA (dois posts abaixo).
É possível dizer que foi um ano minimalista. Há uma comédia indie; uma comédia de estúdio com alma indie; uma fita de horror psicológico do mestre do melodrama; um filme sobre a gênese e o êxodo de uma relação amorosa; uma fita política travestida de filme de super herói; um filme político de fato; uma fita que homenageia uma forma de entretenimento esquecida; um filme que não nos deixa esquecer o passado recente; um filme sobre a busca obsessiva pela perfeição e outro sobre a força da família em circunstâncias adversas.
Encerrando a Retrospectiva 2011 em Claquete, os dez melhores filmes do ano:


10 – Namorados para sempre, de Derek Cianfrance (Blue valentine, EUA 2010)

Um filme pungente que captura momentos dicotômicos de uma relação amorosa. Namorados para sempre é um retrato borrado dos sonhos uma vez compartilhados. Abusando do naturalismo e confiando em seu par de atores, Ciafrance realiza um triste soneto sobre o escoamento de um sentimento sufocado por uma vida conjugal atordoante e expõe a fragilidade das promessas apaixonadas.


9- Ganhar ou ganhar, de Thomas McCarthy (Win Win, EUA 2011)

Crítica Claquete (será publicada em breve)
Se existe um underdog nesse Top 10, é Ganhar ou ganhar. A fita independente, sucesso de crítica no festival de Sundance, nem sequer foi lançada nos cinemas brasileiros. Mas a história de superação tão cara a esse segmento do cinema americano chegou ao DVD. A fita encanta quem se predispuser a assistir a jornada de um advogado com ataques de pânico e um garoto introspectivo fera em luta Greco-romana que tornam a vida um do outro um pouco mais palatável.
O filme de Thomas McCarthy, mesmo diretor dos ótimos O visitante (2008) e O agente da estação (2003), é um conto simples, mas cheio de sentimento e transbordante em inteligência.


8 – O palhaço, de Selton Mello (Brasil 2011)

Emoção e riso dão rima nesse trabalho sensível de Selton Mello. O palhaço é um filme em busca da própria vocação cinematográfica. É um pouco terapia para seu autor; é cinema homenagem a uma forma de entretenimento esquecida; é reflexão sobre os desencontros de certas aspirações e é uma demonstração algo felliniana de que reside na arte, à expiação das angústias humanas.


7- Margin call – o dia antes do fim, de J.C. Chandor (Margin call, EUA 2011)

2011 viu nascer um novo subgênero, o do thriller financeiro. Mas os méritos dessa fantástica estréia no cinema de J.C. Chandor não se resumem a isso. São desse filme os diálogos mais ácidos e afiados do ano. Ágil, sombrio, engraçado, dinâmico e profundamente sutil nas abordagens que faz primeiro das humanidades e depois do sistema financeiro viciante e viciado de nossos tempos.


6 – A pele que habito, de Pedro Almodóvar (El piel que habito, ESP 2011)

Um cineasta de primeira classe precisa ser louvado quando sai de sua zona de conforto. Agora, quando esse cineasta sai de sua zona de conforto e tece uma obra prima ainda mais inquietante e prolixa em suas estranhezas de fundo psicanalíticas, é preciso gritar ‘bravo!’. Almodóvar se reinventou em 2011 e estabeleceu um novo patamar em sua filmografia com A pele que habito. Não há outro que tenha fundido melodrama e terror de maneira tão orgânica e poética em 2011 ou qualquer outro ano.


5 – X-men: primeira classe, de Matthew Vaughn (X-men: first class, EUA 2011)

Nenhum blockbuster foi tão altivo em suas proposições e tão inteligente no desenvolvimento das ideias que as gravitam como esse filme que revigora a saga mutante no cinema. Um filme de notório lastro político que apresenta  personagens com dilemas morais e pessoais que influenciam na forma como percebem o mundo. A saga mutante nunca teve suas potencialidades exploradas em nível tão satisfatório como na fita de Matthew Vaughn que ainda brinda seu público com um entretenimento de primeiro nível.


4- Amor a toda prova, de John Requa e Glenn Fiquarra (Crazy stupid Love, EUA 2011)

Relações amorosas são tentativa e erro? Pode o amor superar tudo? Como lidar com frustrações pessoais em um contexto de um relacionamento amoroso? São temas perpassados com maturidade e leveza em Amor a toda prova, um dos filmes mais inteligentes, charmosos e divertidos da temporada. Sem se incumbir do final feliz hollywoodiano, John Requa e Glenn Fiquarra apresentam um fecho, não um final para seu filme. Essa solução tão liberal, em um filme com fachada ainda mais liberal, estabelece que comédias românticas não precisam necessariamente ser apoteóticas e fabulares. Se tiver um elenco com Ryan Gosling, Steve Carrel, Julianne Moore, Emma Stone e Marisa Tomei ajuda.


3- Tudo pelo poder, de George Clooney (The ides of march, EUA 2011)

George Clooney demonstra cada vez mais o artista completo que é. Tudo pelo poder é um filme magnificamente dirigido por um cineasta que, mais do que domínio da técnica, apresenta total conhecimento da matéria prima do filme: política. Não é um Clooney desencantado que se testemunha em Tudo pelo poder, é um artista em plena consciência autoral. Tudo pelo poder é um drama profundo, frequentemente sombrio, dotado de um pessimismo incomodado e inquieto com as verdades que o gravitam. Como se não bastasse o brilhantismo do texto e da realização, o elenco é outro show à parte.


2- Um novo despertar, de Jodie Foster (The beaver, EUA 2011)

A melhor atuação da carreira de Mel Gibson? Sim, mas Um novo despertar é muito mais do que isso. É um retrato devastador e, ainda assim incrivelmente belo, dos alcances da depressão em um ser humano e em sua família. Foster confia em Gibson à alma de seu filme. E a escolha é acertada. Mas a diretora tem outros trunfos na manga. É no paralelo que estabelece entre pai e filho que Um novo despertar encontra abrigo dentro de cada um de nós. É um filme sobre o potencial enlouquecedor de nossas famílias, espelhos e expectativas. Mas também sobre o viés regenerador que só o seio familiar pode ostentar.


1- Cisne negro, de Darren Aronofsky (Black swan, EUA 2010)

Se existe apoteose cinematográfica, Darren Aronofsky a tangenciou com Cisne negro. Registro grandiloquente e visualmente delirante de uma menina frágil sucumbindo à própria obsessão. Com referências claras a um jovem Roman Polanski, Aronofsky constrói o filme mais reverberante do ano em suas bifurcações psicanalíticas e digressões narrativas. Um tour de force de uma atriz instigada até seus limites como há muito não se via no cinema e uma ostentação técnica que resulta em uma obra hermética e popular. Com direito a toda a estranheza que os dois adjetivos, quando juntos, conferem.  

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Retrospectiva 2011: Claquete destaca - parte 4

Os principais destaques no cinema em 2011: Vale lembrar que todos os destaques aqui apontados foram lançados comercialmente no Brasil (nos cinemas ou diretamente em DVD) entre janeiro e dezembro.


Cinco melhores performances coadjuvantes femininas

Elena Anaya em A pele que habito


Amy Adams em O vencedor


Hailee Steinfield em Bravura indômita


Charlotte Gainsbourg em Melancolia


Jennifer Aniston em Quero matar meu chefe


Cinco melhores performances coadjuvantes masculinas

John Hawkes em O inverno da alma


Kevin Spacey em Margin call – o dia antes do fim & Quero matar meu chefe


Jeremy Irons em Margin Call – o dia antes do fim


Christian Bale em O vencedor


Philip Seymour Hoffman em Tudo pelo poder


Cinco melhores roteiros

Cisne negro
Não me abandone jamais
Meia noite em Paris
Amor a toda prova
A pele que habito

Cinco trabalhos de direção

Darren Aronofsky
 (Cisne negro)


Lars Von Trier
  (Melancolia)


Pedro Almodóvar
(A pele que habito)


Selton Mello
(O palhaço)


Antony Cordier
(Para poucos)


Cinco melhores atuações femininas do ano

Jennifer Lawrence em O inverno da alma


Natalie Portman em Cisne negro


Juliette Binoche em Cópia fiel


Michelle Williams em Namorados para sempre


Deborah Secco em Bruna surfistinha



Cinco melhores atuações masculinas do ano

Mel Gibson em Um novo despertar


Ryan Gosling em Amor a toda prova & Namorados para sempre & Tudo pelo poder


James Franco em 127 horas


Mark Wahlberg em O vencedor


William Shimell em Cópia fiel


Os dez filmes que quase entraram no TOP 10 do ano em ordem alfabética

Amor? (Brasil 2011)
Bravura indômita (True grit, EUA 2010)
Gigantes de aço (Real steel, EUA 2011)
Meia noite em Paris (Midnight in Paris, EUA/FRA 2011)
Melancolia (Melancholia FRA/DIN/ALE 2011)
Não me abandone jamais (Never let me go, INGL 2010)
O planeta dos macacos: a origem (The rise of the planet of the apes, EUA 2011)
O vencedor (The fighter, EUA 2010)
Super 8 (EUA 2011)
Trabalhar cansa (Brasil 2011)


*Nesta quinta-feira (29) será publicado o TOP 10 com os dez melhores filmes lançados comercialmente em 2011 no Brasil na avaliação de Claquete

Retrospectiva 2011: Cenas de cinema (gente)

Justin wants it all
2011 entrou com muita gente torcendo o nariz para Justin Timberlake e termina com uma vibração bem diferente. Na música, muita gente contestava a opção de Timberlake se dedicar tanto a uma improvável carreira no cinema. Do outro lado, muita gente questionava se o ex- n´sync poderia segurar a onda em Hollywood. Justin mostrou que segura o tranco muito bem. Depois de brilhar em A rede social, estrelou comédia romântica e filme de ação. Terminou o ano dizendo que irá voltar à música em breve e com a garantia de estrelar o novo filme dos irmãos Coen. Justin quer tudo e todos querem Justin.

O novo dono do pedaço: em 2011, Justin aconteceu no cinema...


Francamente...
Já James Franco entrou em 2011 como um dos atores mais descolados do cinema atual. De quebra, teve um recorde gostoso de se ostentar. Além da indicação ao Oscar (merecidíssima) por 127 horas, o ator dividiria a tarefa de apresentar a cerimônia com a bela Anne Hathaway. E foi aí que as coisas começaram a mudar para James franco. A performance da dupla foi para lá de desagradável e enfadonha e Franco se viu na mira de toda sorte de críticos. Resultado? Sumiu do mapa. Propostas cessaram e ele foi jogar a culpa nos roteiristas da cerimônia no programa do David Letterman. E o que dizer quando se é ofuscado por um macaco no único filme que lançou em 2011?


Being Steve Soderbergh
Em 2011 alguma estrela colidiu com Saturno na casa sol de Steve Soderbergh. Metáforas astrológicas a parte, só uma sessão de descarrego poderia devolver Soderbergh ao seu estado de normalidade. E não se fala de Contágio, filme em que o cineasta imagina o impacto de uma pandemia biológica na humanidade, que foi um dos highlights do ano. Fala-se da inominável indecisão que acometeu Soderbergh. Ele entrou o ano confirmando um boato que Matt Damon deflagrara ainda em 2010: que se aposentaria após o desenvolvimento dos dois projetos que estava envolvido. No festival de Veneza, onde exibiu Contágio, disse que não se trataria de uma aposentadoria e sim de um período sabático – como conjecturou Claquete em seção Insight no início do ano. Não obstante, elegeu um novo trabalho (Magic Mike), cancelou os tais outros projetos e não falou mais em período sabático, aposentadoria, pintura (o que faria enquanto não dirigisse) ou qualquer coisa que o valha.


Vivendo a melancolia de Von Trier
Pense rápido. Qual foi o último ano que Lars Von Trier lançou algum filme e não se viu envolvido em polêmicas fabricadas pelo próprio? Isso mesmo. A resposta talvez esteja na década de 80. Em 2011, porém, o dinamarquês se superou. Como bem sabe o leitor, declarou simpatia a Hitler, descobriu-se nazista, virou persona non-grata - ainda que de mentirinha - do festival que o fez grande e antes de anunciar que não participaria mais de entrevistas coletivas se declarou um incompreendido: “Não tenho culpa se não sabem apreciar meu senso de humor”, disse à Folha de São Paulo ainda sob o embargo em Cannes. Von Trier, como atesta seu belo filme, é um sujeito de profunda e indevassável melancolia.


Scarlett em pêlo
Insegurança é mesmo uma coisa maldita. Assola até mesmo belezas como a de Scarlett Johansson. Foi a insegurança, estivesse ela presente ou não, que fez com que La Johansson tirasse fotos do próprio corpo nu e as enviasse ao então marido Ryan Reynolds. A razão de essa informação ter vindo a público foi o fato das tais fotos terem sido hackeadas e causado um grande rebuliço na internet e redes sociais. É a mesma insegurança, puseram-se a conjecturar as revistas de fofoca, que faz com que Scarlett pule de galho em galho. Só não dão deixem Sean Penn saber disso.

O ciúme mora ao lado...
Para quem não sabe, Penn e Scarlet tiveram uma curta relação de aproximadamente quatro meses. O love terminou porque o ator vencedor de dois Oscars fazia uma marcação muito cerrada. 


O brasileiro de maior sucesso em Hollywood

Que nos perdoe Rodrigo Santoro e que Fernando Meirelles não nos ouça, mas o posto de brasileiro mais bem sucedido em terras estrangeiras pertence a um carioca radicado na Califórnia. Estamos falando, é claro, de Carlos Saldanha. Em 2011, ele fez uma homenagem ao Rio de Janeiro, em um momento para lá de oportuno para a cidade, com uma das animações mais rentáveis do ano. Rio consolidou o status de Midas do criador de a Era do gelo. Mas aquele filme, que ganha mais um capítulo em 2012, não era uma criação inteiramente de Saldanha. A Blue Sky e a Fox o apoiaram e Rio mostrou que Saldanha é sim um artista criativo. O bom momento foi reconhecido no Brasil, onde até estrelou campanha promocional para a Nextel. Agora é esperar se ele será o primeiro brasileiro a ganhar um Oscar de fato. As chances nunca foram tão grandes.


Tempo de Fassbender
Ninguém se despiu tanto em 2011 nos cinemas quanto Michael Fassbender. Literalmente. O alemão de ascendência irlandesa beijou muito, e fez outras coisas também, para ganhar o leão de ouro de melhor ator por Shame, filme que investiga as amarguras de um executivo nova-iorquino com compulsão sexual. Ele revisitou o clássico Jane Eyre, renovou o olhar sobre um dos vilões mais complexos da cultura pop em X-men: primeira classe e foi, finalmente, entender as compulsões sexuais na pele de Yung em Um método perigoso. Mas todos esses personagens apenas favorecem o decreto mais cristalino de 2011: é chegado o tempo de Fassbender.


O declínio de Johnny Depp
Desde 2003, Johnny Depp é visto em Hollywood como a prova de balas, de críticas ou de fracassos. Mas 2011 será lembrado como o ano que mudou essa perspectiva. Tudo bem que Jack Sparrow foi sacado para render mais um bilhão de dólares para a Disney e fazer criador e criatura ficarem cada vez mais uniformes, mas Depp seguramente já viu dias melhores.
O ano começou com a mira em Depp por causa de O turista, thriller de espionagem muito mal recebido pela crítica. Apesar da boa recepção à animação Rango, o novo projeto de Depp e do diretor Gore Verbinski (Lone ranger) se viu em maus lençóis. Aliás, o projeto que já havia sido aprovado foi posto em suspensão para uma revisão de orçamento. Algo impensável há algum tempo atrás. O fracasso retumbante de The rum diary e algumas declarações infelizes de Depp (“me sinto abusado sexualmente quando pouso para fotos”) não ajudaram a tornar sua vida algo mais palatável em 2011. E claream as razões do porque a Disney está tão reticente em relação a Lone ranger.



A virada de Colin

Colin Farrell era uma das promessas de Hollywood no alvorecer da década passada. Mas um conjunto de polêmicas e más escolhas nas telas lhe afastaram do famigerado rótulo. Olhando para 2011, é possível dizer que essa nova condição foi para lá de positiva para o irlandês com cara de mau. Em 2011 foram três trabalhos. A ponta para lá de divertida como um “cheirador” de cocaína compulsivo e bem escroto em Quero matar meu chefe, o papel de coadjuvante como o assustador vampiro Jerry no remake de A hora do espanto e como um guarda costas boca suja em London Boulevard (este ainda inédito no Brasil).
Farrell deixou a expectativa de ser um astro para trás para se assumir como um ator em busca de bons papéis e, de preferência, divertidos.   


Taylor mostra o muque
Em 2011 certamente o team Taylor cresceu muito. Com a proximidade do fim da saga Crepúsculo, Taylor Lautner procura se resolver como astro de ação. Enquanto Robert Pattinson pena para se desvencilhar da aura de galã, o intérprete do lobo Jacob logo achou moradia no cinema de ação. Tudo bem que Sem saída não é aquela coca-cola gelada e não rendeu a bilheteria esperada, mas Taylor mostrou desenvoltura e segurou as pontas como principal nome no cartaz. Algo que seus companheiros de Crepúsculo ainda não conseguiram fazer. O caçulinha do trio mostrou que quer mais em Hollywood do que um conto de fadas moderno.

Taylor para a Rolling Stone americana: Mamãe quero ser um action star...


Mais um ano na vida de Brangelina
Não tem jeito. Entra ano e sai ano e só dão eles. Foram boatos de casinhos com assessoras (no caso de Brad) e pelo menos uns cinco rumores de divórcio. Estes só foram superados pelo número de rumores que davam conta de que o casal adotaria mais um rebento. A própria Angelina Jolie desmentiu os boatos (por ora) em uma reveladora entrevista à Vanity Fair. Angelina disse, também, em outra ocasião que tem poucos amigos e que todas as suas confidências são para Brad. Além de dirigir um filme, envolto em polêmicas, Jolie também se viu cercada de boatos com relação à excessiva magreza que apresentou nos últimos meses.
No meio tempo, Brad Pitt vendeu duas casas e comprou outras três. O casal viajou o mundo junto e separado, se revezou cuidando das crianças e filmando e ambos têm indicações para o próximo Globo de ouro. No final das contas foi um ano tão agitado quanto qualquer outro para o casal vinte de nossa era.

Brad Pitt e Angelina Jolie no início do mês de dezembro na premiere americana de In the land of blood and honey, que marca a estreia de Angelina como diretora e roteirista


Cada vez mais confiável
2011 começou com Matt Damon chegando aos cinemas sob as ordens de Clint Eastwood em Além da vida. Naquele filme, um sucesso de crítica moderado, ele vivia um médium em conflito com seu dom. O ano termina com Damon sob as ordens de outro cineasta de prestígio e novamente vivendo um homem em conflito. Em Compramos um zoológico, uma das melhores opções desse fim de ano nos cinemas, ele vive um viúvo que durante a elaboração do luto muda radicalmente sua vida. Compra o tal do zoológico. A colaboração com Cameron Crowe recebe críticas tão moderadas quanto as obtidas por Além da vida. Contudo, Damon parece acima do bem e do mal. Os filmes dividem opiniões. Ele não.


Tem como não amar?

A outra grande interpretação de Compramos um zoológico é de uma menina de 13 anos. Trata-se de Elle Fanning. A irmãnzinha (não em tamanho) de Dakota. Em 2011, ela pôde ser vista roubando cenas em Um lugar qualquer, Super 8 e no já citado Compramos um zoológico. Dona de um sorriso hipnótico, um charme minimalista e uma energia que desconhece limites, Elle é mais do que uma estrela em franca ascensão. Ela é a constelação toda. Ah, e ainda é talentosa que só.


Ryan facts
Faz dois anos que Ryan Reynolds foi eleito o homem mais sexy do mundo pela People. Em 2009, o mundo parecia que seria dele. Mas foi só chegar 2011 para essa impressão se dissipar. Com o fiasco de Lanterna verde, um dos maiores fracassos do ano por qualquer ângulo que se observe, Reynolds viu a ascensão de outro Ryan em 2011. O Ryan que encabeçou a lista de destaques do ano em Claquete. Trata-se de Ryan Gosling. Para todos os efeitos, ele foi o Ryan do ano.

Duelo particular dos Ryans: não precisa coçar o queixo, você ganhou com sobras...


Química para que te quero!

Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway não são um casal, mas bem que poderiam ser. Eles ocuparam o pódio da química nas telas em 2011 com a fofurice sexy em Amor e outras drogas. Também mandaram bem Justin Timberlake e Mila Kunis em Amizade colorida, Mila Kunis e Natalie Portman em Cisne negro, Matt Damon e Emily Blunt em Os agentes do destino, Ryan Gosling e Emma Stone em Amor a toda prova e Chris Evans e Anna Faris em Qual seu número? Os reprovados na matéria foram Robert Pattinson e Reese Whiterspoon em Água para elefantes, Ahston Kutcher e Natalie Portman em Sexo sem compromisso e Amanda Seyfried e Shiloh Fernandez em A garota da capa vermelha. E o que dizer dessa Natalie Portman, hein? Pelas barbas do profeta!

Natalie Portman: abusando dos créditos em química em 2011

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Crítica - Tudo pelo poder

O declínio do idealismo

É inegável que a política é uma arte. Fascinante e assustadora desde os tempos de Shakespeare, onde George Clooney foi buscar referências para Tudo pelo poder (The ides of march, EUA 2011). Mas o mais venerado dramaturgo da história da humanidade não é a única referência que serve como base para o texto de Clooney, Grant Heslov e Beau Williams, este último adaptando a própria peça “Farragut north”. Recentes escândalos que marcaram a política americana servem como parâmetro para o filme que, mais do que adentrar o jogo de bastidores que pauta o jeito de se fazer política, visa observar a queda do idealismo. Isso ocorre, argumenta Clooney com seu filme, em qualquer ofício; mas é inescapavelmente mais rápido e aterrador em um ambiente político. A fraqueza humana, a sedução do poder e as bifurcações entre corrupção e ambição são bem delineadas em um filme que não se furta a apresentar o cinismo como uma das maiores chagas de nossos tempos.
O personagem de Paul Giamatti, Tom Duffy, adverte Stephen Meyers (Ryan Gosling) em um dado momento: “Saia enquanto há tempo. Antes de você virar um cínico”. Meyers, fatalmente, simboliza Clooney no que tange à falência de certos ideais. O poder corrompe a todos que toca e a transformação sofrida por Meyers no decorrer da fita abaliza esse argumento. É impossível dissociar Obama de Mike Morris, o presidenciável democrata vivido brilhantemente por George Clooney em Tudo pelo poder. Desde os cartazes cuidadosamente inspirados em Obama que marcam a campanha de Morris, até o próprio espírito do discurso do candidato. Contudo Morris é, na verdade, um amálgama de muitos presidentes e presidenciáveis democratas (Bill Clinton é outro que salta aos olhos). Clooney, com seu filme, reconhece que os republicanos são melhores do que os democratas em realizar campanhas políticas, em "brigar na lama". Mas não imuniza os democratas. Atira, também, na hipocrisia que reveste o americano médio. “Você pode começar uma guerra, quebrar o país, mas não pode dormir com a estagiária. Eles te pegarão por isso”, é um dos vértices do diálogo mais incendiário da fita.

Hoffman e Clooney em cena de Tudo pelo poder: uma crônica sobre a derrocada do idealismo


O comentário mais importante de Clooney enquanto realizador versa sobre o esfacelamento do idealismo. Aquilo que nos move avante. Nesse sentido, o filme é de uma força extraordinária. O que incorre em uma crítica à forma como vem sendo percebido. Há, embora sejam minoria, acusações de que Clooney soe ingênuo ao apresentar Tudo pelo poder como se fosse algo novo ou expressivo das coisas da política. Basta um pouco de senso crítico para perceber que não é o caso aqui. Trata-se de um filme bem dirigido, magnificamente interpretado, com um texto primoroso e com um norte bem claro: desmistificar. Não há ponderação que se sobreponha à imagem de Ryan Gosling, ator que nunca esteve tão expressivo, em meio às sombras, antes dos créditos subirem.
Tudo pelo poder não é um gracejo político de Clooney, um democrata convicto, mas sim uma carta aberta a todos aqueles que esperam por redenção. Ela não virá de um palanque. 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Crítica - Missão impossível:protocolo fantasma

De tirar o fôlego, mas só!
Os grandes espaços entre os filmes da franquia Missão impossível revelam mais do que a condição de estepe para seu principal produtor e protagonista (Tom Cruise), um desgaste que nem todo o frenesi de Missão impossível – protocolo fantasma (Mission impossible: ghost protocol, EUA 2011) pode disfarçar.
O novo filme, que promove a boa estreia de Brad Bird como diretor de filmes live action, tem toda a estrutura dos grandes filmes hollywoodianos e, em certo nível, não decepciona na ação vertiginosa que propõe. Bird consegue capturar a essência da série no sentido de que há mais de uma cena em que o espectador se vê com suas emoções em estado de suspensão. Mas o novo filme só tem isso a apresentar. O que é muito pouco. Há mais humor e carisma em cena, na figura dos sempre confiáveis Simon Pegg (com mais destaque do que antes) e Jeremy Renner, mas Protocolo fantasma se empobrece na comparação com os outros filmes em todos os outros aspectos. O vilão é mal delineado e obtuso; o roteiro, além das falhas ocasionais, é cansativo; e as reviravoltas, sempre uma contingência dos filmes de espionagem, quando não são previsíveis, são totalmente anticlimáticas.
Até o terceiro filme, que até agora era o mais fraco da série, se sobrepõe com um roteiro mais aparado e um vilão mais bem desenhado.

Cruise se preparando para uma das cenas mais arrepiantes de Protocolo fantasma: muito pouco além da adrenalina...


Em Protocolo fantasma, a bem da verdade, os roteiristas tiveram que realinhar uma história calcada para ser a despedida de Ethan Hunt dos cinemas; afinal era este o tom do terceiro filme. Depois da conflituosa rescisão de contrato com a Paramount (estúdio que produz a série) era o que parecia mais certo. Apesar de apresentar manobras críveis, as soluções aventadas pelo novo filme nesse sentido se mostram pouco satisfatórias.
Na nova fita, Ethan Hunt e sua equipe (que ele não montou) se veem envolvidos em um atentado terrorista no Kremlin. As tensões entre Rússia e EUA se avolumam e Hunt terá que operar na surdina para impedir o terrorista de pôr em prática um plano ainda mais devastador. O plot é o usual e as cenas boladas para lhe dar viço dão conta do recado. Bird fabricou belos momentos, como quando Tom Cruise escala o prédio mais alto do mundo em Dubai ou quando ele e sua equipe armam uma situação com vistas a ludibriar um par de assassinos. São nestes momentos que o filme ganha fôlego e tira o da audiência.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Oscar Watch 2012 - As mulheres de Harvey

Uma das particularidades dessa corrida ao Oscar não é o papa das campanhas Harvey Weinstein ter vários sérios candidatos ao prêmio. E sim ter duas atrizes em performances festejadas como sérias candidatas ao Oscar de atriz. As favoritas, por força de definição. E as circunstâncias que cercam Meryl Streep e Michelle Williams e os próprios papéis que interpretam em A dama de ferro e My week with Marilyn intensificam a peculiaridade dessa corrida em particular. Não só Harvey Weinstein detém as duas performances com mais chances no Oscar, como ele pode perder (e ganhar) dele mesmo. Como administrar as duas campanhas nesse contexto?
É preciso, como em tudo nessa vida, contextualizar o cenário. Nem Meryl Streep, nem Michelle Williams estrelam filmes que caíram no gosto da crítica. Portanto, o foco será sobre elas e não sobre os filmes. O que, na hora h, pode tanto ajudar quanto atrapalhar. Isso vai depender majoritariamente da linha adotada na campanha. Meryl Streep, nesse sentido, sai com vantagem. A atriz está na fila para um terceiro Oscar há quase 30 anos e desde o ano 2000 já concorreu ao prêmio cinco vezes. Existe todo um lobby em favor da atriz que prescinde da energia (e dos dólares) de Harvey Weinstein. Cabe ao marketeiro sublinhar que se trata da melhor oportunidade para entregar o adiado prêmio a Meryl. Um filme político, em que ela vive uma figura de grande expressão (a ex-primeira ministra britânica Margaret Thatcher), com sotaque, maquiagem e trejeitos que compõem aquele perfil bem oscarizável de atuação.

Meryl Streep como Margaret Thatcher em um editorial exclusivo para a Vanity Fair: as manobras de Harvey já podem ser sentidas em seu favor...


Já Michelle Williams tem a seu favor o fato de interpretar uma das maiores lendas do cinema, Marilyn Monroe. Esse hype pode lhe ser muito útil especialmente em um ano que a nostalgia parece tomar conta da corrida com candidatos como A invenção de Hugo Cabret e The artist (esse também distribuído pela The Weinstein Company). Harvey já começou fazendo o certo. Submeteu o filme à Hollywood Foreign Press Association (HFPA) na categoria de comédia/musical e foi acatado pela associação. A ideia de colocar o filme na disputa contra produções como The artist e Meia noite em Paris é menos pelo triunfo do filme em si e mais pra projetar a candidatura de Michelle Williams, virtual vencedora da categoria. A atriz, que já tem duas indicações ao Oscar, é quem mais ganhou prêmios da crítica na temporada até aqui. Entre ela e Meryl Streep ainda estão Rooney Mara, Tilda Swinton e Viola Davis. É uma vantagem que não pode ser desconsiderada, a despeito da maior envergadura de Streep.
Contudo, o que há de mais fascinante nessa história toda é que não é a primeira vez que Harvey Weinstein faz campanha por Meryl Streep e Michelle Williams no Oscar. Ano passado mesmo a candidatura desta última por Namorados para sempre pode ser creditada a Harvey e à HFPA. Mas desde que ajudou Gwyneth Paltow a conquistar o seu até hoje inexplicável Oscar de atriz por Shakespeare apaixonado, o mega produtor não se vê tão confortável na disputa. Ainda que uma escolha de Sofia precise ser feita mais avante. 

Harvey Weinstein e Michelle Williams em evento promocional em Hollywood: segundo ano juntos rumo ao Oscar

sábado, 24 de dezembro de 2011

Retrospectiva 2011: Os dez personagens do ano


10 – Blu (voz de Jesse Eisenberg) em Rio

O personagem mais “Woodyalleniano” do ano veio de uma animação que tem o Brasil como cenário. Blu, dublado na versão original por Jesse Eisenberg, é uma arara algo neurótica que não sabe voar e se vê perdida na “selva” carioca. Cheio de tiradas sensacionais, Blu cativa, mas também se deixa cativar pelas coisas do Rio.


9- Tommy (Woody Harrelson) em Amizade colorida

Somente a ideia de um gay machão, expansivo e totalmente indelicado já valeria a menção em uma lista como essa. Mas Woody Harrelson faz um personagem tão extrovertido e com boas falas que acaba sendo o mais memorável personagem da descolada comédia romântica estrelada por Justin Timberlake e Mila Kunis.


8- Erik Lehnsherr (Michael Fassbender) em X-men: primeira classe

É verdade que Magneto é um personagem que já carrega consigo o componente da tragédia. Mas a encarnação que Michael Fassbender vive em X-men: primeira classe confere uma nova dimensão a essa concepção. A profundidade com que roteiro e ator investigam o personagem transforma Eric no grande protagonista não só do filme, mas da franquia mutante nos cinemas.


7- Walter Black (Mel Gibson) em Um novo despertar

Para onde vamos depois da depressão? E como voltar desse lugar? Questões complicadíssimas que o excelente filme de Jodie Foster elucida de maneira sensível e honesta através da dolorosa jornada de Walter Black. Um homem que sucumbe e encontra forças em um conflituoso universo familiar, e em uma improvável linha terapêutica, para reconquistar o controle e o desejo de sua vida. Walter Black é um pouco de nós e todos temos um pouco de Walter Black.


6 - Nina Sayers (Natalie Portman) em Cisne negro

A personagem de Natalie Portman é o mais emblemático símbolo da obsessão e de seus efeitos alucinatórios. Nina é também um exemplo de fragilidade. Seja de ordem física, psicológica ou emocional. É, ainda, um elaborado estudo psicanalítico perpetrado pelo diretor Darren Aronofsky. Assim como Walter Black é uma personagem que cede às suas sombras.   


5 - Gil (Owen Wilson) em Meia noite em Paris

Com a cara simpática de Owen Wilson e seu charme infantil, Gil foi o personagem mais romântico de 2011. Nostálgico por excelência, o roteirista resignado criado por Woody Allen vai à Paris dos anos 20 para descobrir que é o presente que vale ser vivido. Mas que a viagem ao passado deve sim ser saboreada.


4- Ceasar (Andy Serkis) em O planeta dos macacos: a origem

Não existiu personagem mais ambíguo em 2011 do que o macaco que iniciou o levante dos símios contra os humanos na realidade proposta pela prequel de Planeta dos macacos. Com o coração de Andy Serkis e os efeitos digitais da Weta, Ceasar - com seu olhar penetrante e cheio de sentimento - nos obriga a olhar para dentro de nós mesmos.


3- Benjamin (Selton Mello) em O palhaço

Quem faz o palhaço rir? A pergunta aparentemente simplória é carregada de angústia e inflexões muito bem capturadas em um dos personagens mais ricos da historiografia do cinema nacional. Benjamim é o espelho dos sonhos ansiados, da vocação paralisada e da aceitação plena através da experiência.


2- Bahia Benmahmoud (Sofia Forestier) em Os nomes do amor

Essa certamente é a personagem mais original, e liberal, da lista. O fato de ser francesa talvez tenha algo a ver com isso. Talvez. Bahia é uma esquerdista que se incumbe de dormir com direitistas para convertê-los à esquerda. A promiscuidade da personagem seduz tanto quanto sua ingenuidade. Frágil e bem intencionada, Bahia é uma mulher em busca de amor, justiça social e uma democracia fortalecida.


1 - Vera (Elena Anaya) em A pele que habito

Uma nova sexualidade. Uma cobaia moldada e literalmente esculpida por um enlouquecido criador. Cultivada com amor, ódio, dor, tragédia e paixão. Vera é certamente a personagem mais fascinante, bizarra e extraordinária a surgir em 2011 nos cinemas. Não poderia ter nascido de outra pena que não a de Almodóvar.