Oscar Watch 2012 - Quais as reais chances de Carnage na temporada de premiações?

Um filme de Roman Polanski sempre suscita desvios na análise pela crítica de cinema de um modo geral. A biografia conturbada do diretor acaba estabelecendo parâmetros diferenciados para o olhar dispensado sobre muitos de seus filmes. Em termos de prêmios, e do Oscar em particular, esse exercício se prova inócuo. Polanski é um artista reverenciado pela academia. Vencedor da estatueta em 2003 por  O pianista, o diretor ostenta, além da vitória, outras duas indicações como diretor e outra para produção estrangeira. Sua mais recente obra, baseada no texto da francesa Yazmina Reza, Carnage, estreou no último festival de Veneza e foi extremamente elogiado. A edição do festival se encerrou com a fita de Polanski detentora da melhor cotação dos críticos, ainda que sem nenhum prêmio. O filme também foi exibido no festival de Nova Iorque, já como plataforma para a temporada de premiações.

Carnage é um filme independente. Rodado na França e distribuído nos EUA pela Sony Pictures Classics, uma veterana de festivais, mas com um histórico relativamente pobre de filmes indicados ou vencedores do Oscar. Muito em virtude disso, Carnage depende muito das menções da crítica nessa fase inicial da Oscar season. Não que se objetive a consagração que Guerra ao terror recebeu dois anos atrás, mas lembranças de colegiados de críticos distintos como Los Angeles, San Diego, Boston ou Dallas podem ajudar a tornar Carnage considerável para as premiações majors.

As origens teatrais preservadas na mise-em-scène do filme também pode lhe ser prejudicial. Assim como foi para Closer-perto demais em 2004. O filme, celebrado pela crítica, se viu representado no Oscar apenas por seu par de coadjuvantes. Algo semelhante pode acontecer com Carnage. É, aliás, o mais provável. Um elemento novo, no entanto, é o elenco. Jodie Foster, Kate Winslet, John C.Reilly e Christoph Waltz são atores notadamente festejados. Três deles premiados com o Oscar e dois muito recentemente. São aspectos que podem desfavorecer o filme em uma corrida apertada como se anuncia a atual.

No entanto, a Sony Pictures Classics tem uma excelente cartada na manga: o globo de ouro. O filme foi inscrito na categoria comédia/musical e pode muito bem fazer bonito na premiação. O humor negro de Polanski é algo que agrada a Hollywood Foreign Press Association (HFPA) que distribui os prêmios. Dificilmente o filme não constará dos cinco indicados a melhor filme no segmento e há grandes chances de seu elenco ser indicado também. Há de se ponderar, no entanto, que a categoria tende a ser muito mais equilibrada e disputada do que nos últimos dois anos com filmes como 50/50, Amor a toda prova, Win win, Toda forma de amor, The artist, entre outros.

As chances do novo filme de Polanski na temporada de premiações, portanto, são pequenas. Contudo, o filme tem muitas potencialidades. A próxima semana, com a divulgação dos vencedores da crítica de Los Angeles e de Boston e com o anúncio dos indicados ao Globo de ouro e ao Critic´s choice awards, será decisiva para que essas potencialidades se materializem ou sejam descartadas de vez.