Rachel Weisz, depois do Oscar conquistado em 2005, decidiu que só faz filme com pedigree. Embora não admita a mudança de rumo formalmente, a atriz dá sinais claros disso. Disse não à terceira parte de A múmia e só participou de produções mais bem conceituadas – pelo menos no papel. Em 2011 estará em A casa dos sonhos, filme no qual conheceu o atual marido, Daniel Craig, em 360º, no qual reedita a parceria com o cineasta Fernando Meirelles, e em The deep blue sea, fita que começará a ser exibida neste mês nos festivais de Toronto e Londres. Em 2010, só lançou um filme – A informante – que é o destaque da seção Cantinho do DVD desta semana.
Crítica
Deus e o leitor sabem como Hollywood gosta de um filme denúncia. De posição liberal, a indústria do cinema já fez perolas desde Todos os homens do presidente (1976) a filmes mais polarizados como O jardineiro fiel (2005). A informante (The whistleblower, EUA 2011) divide com o filme de Fernando Meirelles o talento de Rachel Weisz. A atriz vive Kathryn Bolkovac, uma policial americana que integra as forças de paz da ONU no pós-guerra na Bósnia no final dos anos 90. A informante, pelo fato de ser inspirado em fatos reais, aguça o interesse da audiência ao acompanhar a experiência de Bolkovac na Bósnia. Imbuída de um sentimento de justiça muito forte (e a verbalização desse sentimento pela personagem pode incomodar o espectador em algum momento), a policial se pega presa em um emaranhado de interesses escusos que envolvem prostituição, violência e tráfico internacional de mulheres em uma teia de conspiração que envolve os mais graúdos departamentos da missão das Nações Unidas naquele país. Com poucos aliados e com um sistema trabalhando contra, Bolkovac tenta desalinhar um fluxo que fica mais assustador à medida que vamos percebendo o envolvimento político de figuras que deveriam ajudar na reconstrução do país e que, instados por imunidade diplomática, se encharcam na fossa de degradação de um país em meio ao caos étnico.
Narrativamente, A informante se vale de algumas elipses que pesam contra o interesse no filme. Não ajuda o fato de, a princípio, a diretora Larysa Kondracki querer chamar a atenção para os dramas pessoais de Bolkovac. Esse expediente é abandonado, sem cerimônias, lá pela metade do filme – quando A informante de fato engrena.
A fita conta ainda com um elenco convidativo. Monica Bellucci, Vanessa Redgrave e David Strathairn fazem pontas de luxo aferindo sofisticação à produção. Como filme denúncia, apesar do longo intervalo entre o lançamento da fita e os eventos por ela retratados, A informante funciona muito bem. Já como thriller de espionagem, carece de fôlego. Talvez nas mãos de um diretor mais experiente, ou com domínio irrestrito de linguagem – como os diretores Alan J. Pakula e Fernando Meirelles dos filmes citados na crítica, A informante alcançasse uma repercussão mais fiel à gravidade de seu conteúdo.
ainda não assisti esse, mas fiquei curioso. Abs!
ResponderExcluirÉ um filme bem razoável Celo.
ResponderExcluirAbs