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domingo, 21 de agosto de 2011

Insight

O Planeta dos macacos vive



A franquia O planeta dos macacos talvez seja a maior dentro do nicho ficção científica. É bem verdade que Star wars e Matrix renderam mais dinheiro e dividendos na cultura pop, mas não gozam do mesmo respaldo da crítica e ressonância filosófica da saga iniciada em 1968 com o filme de Flanklin J. Schaffner. O filme que surpreendeu o mundo com seu final impactante se mantém atual, mesmo com a saraivada de refilmagens e as continuações ingratas a que deu origem. Não que as quatro sequências, rodadas quase que a toque de caixa, de O planeta dos macacos não sejam satisfatórias. São ótimas fitas de ação que expandem aquele universo tão rico que teve origem na literatura de Pierre Boulle.
À época, O planeta dos macacos foi saudado como um libelo anti-guerra fria. A intensificação das hostilidades entre EUA e União Soviética preocupava o mundo e a visão para o declínio da humanidade vislumbrada no filme protagonizado por Charlton Heston era uma poderosa metáfora para o estado das coisas. Mas não só. O planeta dos macacos incitava a um sem número de reflexões, que em certo nível escaparam às continuações.

O final que demoliu cinemas: o fascínio com o final de O planeta dos macacos é puramente cinematográfico, já que na literatura o desfecho é diferente...


O Planeta dos macacos estimulava um debate sobre o avanço da ciência – algo que O planeta dos macacos: a origem (2011) recupera. O novo filme, dirigido por Rupert Wyatt, reúne as críticas mais elogiosas da temporada do verão americano de 2011. “Além dos efeitos especiais de última geração, um dos meus interesses no filme foi esse debate sobre os avanços da ciência e os custos que eles nos impõem enquanto sociedade”, explicou James Franco em rodada de entrevistas promocionais.
A fita de 2011 busca preencher o que podemos chamar de lacunas da obra original. “É sobre o desenvolvimento da inteligência nos símios e o que deflagrou a revolução”, argumenta o diretor.
Com o retumbante sucesso de bilheteria, o filme liderou o box office americano por três semanas e já se pagou antes mesmo de debutar na maioria dos mercados internacionais, as continuações já são projetadas. “A ideia sempre foi de uma trilogia”, assegurou o roteirista Rick Jaffa ao Access Hollywood.
A fita que reúne as melhores crítica da temporada, de acordo com o site especializado RottenTomatoes, quando teve sua produção anunciada foi vista como mais um caça níqueis hollywoodiano. A opção pelo desconhecido Rupert Wyatt –até então com apenas um filme no currículo – reforçou as suspeitas de que o novo planeta dos macacos seria um engodo tão grande ou maior do que as últimas visitas aos símios inteligentes.


O que Tim Burton tem a ver com isso?
Mas os macacos continuam a fascinar e nas mãos das mentes criativas certas, a fornecer vasto material reflexivo em suas indissociáveis relações com os seres humanos e sua evolução.
Foi com isso em mente que a Fox bancou uma alardeada, e mais aguardada do que atual produção, nova versão para o filme de 1968. O estúdio chamou ninguém menos do que o cultuado Tim Burton para viabilizar o projeto. Burton, em uma combinação de esquisitice e pujança visual, parecia mais do que indicado para assumir a tarefa. O diretor de Edward mãos de tesoura e A lenda do cavaleiro sem cabeça se manteve mais fiel ao livro de Boulle, mas essa fidelidade acabou por podar o viés imaginativo que muitos ansiavam na versão de Burton.
Mark Wahlberg fez o papel do herói. Tim Roth, embaixo de pesada maquiagem fez um notável vilão e Charlton Heston surgiu, em papel homenagem, como o pai desse vilão. Ao assumir-se símio, Heston conferiu longevidade a esse filme de Burton que, no limiar, é uma bem sacada fita de ação.
Dez anos depois da refilmagem que não surtiu o efeito esperado pelo estúdio e pela crítica, chega essa prequel (eventos que se passam antes do original) para respaldar ainda mais a excelência da fita original.
O verão de 2011, contra todos os prognósticos, foi tomado pelos símios.

4 comentários:

  1. Por mais que esteja faturando e recebendo críticas boas nos EUA, não estou nada animado com esse Planeta Dos Macacos. Depois que vazou aquela cena chave do "macaco em motion capture" com John Lithgow achei tudo meio bizarro, o que me faz recordar a mágica que era o trabalho do maquiador John Chambers.

    O pretesto é ganhar dinheiro mesmo. Tudo que podia extrair de filosófico e interessante na obra de Boulle Arthur Jacobs e Shaffner já fizeram no filme com Heston. O resto são apenas diversões apêndices. Alguns bacanas como " A Fuga Do PLaneta Dos Macacos, outros mais ou menos. Abomino a versão de Burton! Até tenho gosto pelos personagens, só que obra prima mesmo é o de 68 na minha opinião. Mas com todas as informações adicionais que vc apresenta aqui Reinaldo (mais uma vez excelentes notícias por dentro das últimas do cinema), e por curiosidade mórbida pessoal (e James Franco, rs) vou conferir no cinema. Né!

    Abs!

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  2. Bom, depois da versão de Tim Burton eu fiquei meio desanimada com qualquer coisa que viesse do Planeta dos Macacos. Mas, a repercussão boa de A Origem está me animando novamente.

    Para mim, grande filme mesmo é o de 1968, as suas continuações acabaram sendo cansativas, não me fisgaram tanto. Ainda assim, serviram para manter o culto à história e toda a crítica à guerra e rumo que a humanidade vinha tomando.

    bjs

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  3. Eu estou curiosíssima para assistir a este filme, especialmente por causa da discussão em torno da performance do Andy Serkis. Argumentar sobre o fato de ele ser ou não indicado ao Oscar daria um belo post aqui??? Especialmente porque a performance dele representa todo um tipo diferente de atuação, com aquela técnica da captura de performance.

    Fica a sugestão! ;)

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  4. Rodrigo Mendes: Gostei das primeiras imagens do filme e do que tenho lido. Acho que quando se tem expectativas tão baixas como as que vc apresenta, a surpresa pode ser mais gratificante.
    Abs

    Amanda:Estou otimista com essa versão. E ainda acho que os símios têm muitas potencialidades metafóricas...
    Bjs

    Kamila: Sugestão anotada Ka. Vai ser tema de uma seção Insigh em setembro. Obrigado pela pauta.
    Bjão

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