Personagens de verdade!
O casamento do meu ex (The romantics, EUA 2010) alimenta uma tendência no cinema que se pretende pensativo. Se interessa menos pelas circunstâncias e mais pelos personagens. Por essa opção, alguns clichês passam a ser toleráveis tanto para a realização quanto para a audiência em nome desse interesse comum que é desbravar os personagens. No caso desse filme, escrito e dirigido por Galt Niederhoffer, a partir de um romance de própria autoria, o interesse surge no título original Os românticos. Um grupo de amigos que cresceu junto, em meio a namoros e confidências, que se deparam com uma situação de catarse profunda. Posto dessa maneira, é possível antecipar uma invariável sucessão de clichês quando sete amigos se reúnem para o casamento de dois deles e uma das damas de honra ainda se encontra apaixonada pelo noivo.
Laura (Kate Holmes) durante muito tempo se enamorou de Tom (Josh Duhamel), mas este escolheu – de súbito – se casar com um das melhores amigas de Laura, Lila (Anna Paquin). Laura e Lila não poderiam ser mais diferentes. Uma é risonha, a outra sisuda; uma aceita a própria sensualidade, a outra a controla com rigidez.
Os amigos trafegam por essas mesmas idiossincrasias com pouca desenvoltura. Existe a histérica, a reprimida, o fracassado que finge indiferença (nas palavras do próprio)...
Todos românticos. Todos personagens críveis, por mais irritante que sejam as circunstâncias que o roteiro os submetem. Mas essas circunstâncias estão lá porque também elas são verdadeiras; como a rivalidade entre amigas que em uma discussão sobre o amor recuperam quem usou tal vestido em uma noite distante daquela em que a discussão se dá.
O medo de viver é algo inerente ao ser humano. Muitos poetas, filósofos e artistas da música e das artes plásticas já flagraram a força paralisante que o amor pode se revelar, mas The romantics – empobrecido pelo título nacional – provê um fôlego a mais à discussão.
Hora de reunir o elenco: um bom grupo de atores domestica clichês e expõe verdades em hora e meia de filme
O ser humano nunca foi muito pródigo com seus sentimentos. Traições, decepções e frustrações são constantes nas nossas vidas e na de quem amamos. Muitas vezes sabemos que estamos agindo equivocadamente, mas mesmo assim não resistimos.
Galt Niederhoffer, com forte presença no cinema independente, produziu algumas perolas do cinema que versam sobre essas reminiscências humanas. Desde Geração Prozac (2001) até Minhas mães e meu pai (2010). Raras vezes foi tão feliz quanto nessa sua terceira incursão pela direção. O casamento do meu ex é um filme que dialoga com aquele espectador sensível, que não se recrimina, ponderado e que enxerga nos clichês da vida, oportunidades para novas descobertas.
Oie!!!
ResponderExcluirAbri um blog no blogger para facilitar minhas visitas pelos blogs nele. Mas me parece que vai parar num perfil. Enfim... Cá estou :)
Sobre esse seu texto, me fez lembrar de um texto que escrevi lá nos primórdios do Orkut: "Sentimentos viraram Clichês?"...
Gostei do que escreveu!
E se quiser compartilhar esse, e o do Capitão América, serão também bem-vindos no "Cinema é a minha praia!" :)
Beijos
Reinaldo, otimo texto, acho até q ficou aquem do filme, que assisti e achei razoavel. Mas vc cita bem o fato de o filme ser mais dos personagens do que da trama. No mais, Katie Holmes esta bem chata, com aquele sorriso caracteristico de sua Joey em Dawnson´s Creek e Duhamel tb é um ator bem fraco. Gosto do Brody e ate q o Frodo manda bem tb. Grande abraço e apareça.
ResponderExcluirhttp://umanoem365filmes.blogspot.com/
Oi Lella, tudo bem?
ResponderExcluirQue bom que vai poder comentar por aqui com mais assiduidade. Vou compartilhar algumas coisas lá no Cinema é minha praia sim. Tô com saudades do teu cantinho... Vou aparecer.
Bjs
Celo: Grande Celo. Pois é, Katie Holmes é uma atriz bem limitada, mas acho que aqui ela se sai razoavelmente bem. Já Duhamel, não tem jeito. O negócio dele é ação mesmo. Adam Brody é muito bom ator. Só precisa vingar de fato. Elijah Wood tem bons diálogos e não decepciona...
Abs