Nesta edição de Em off, o destaque é todo para Harry Potter. Com o lançamento do oitavo e último filme dobrando à esquina, Claquete mostra as opções dos três protagonistas para o futuro, relembra a importância dos diretores da saga, atribui notas aos filmes e situa o leitor dentro do universo Harry Potter.
Em busca de Daniel
Ele já foi alcoólatra, maconheiro e o adolescente mais rico do Reino Unido. Este último posto foi abandonado porque, aos 21 anos, não dá para ser mais considerado adolescente. Daniel Radcliffe completará 22 anos uma semana depois da estréia do último filme da série que irrevogavelmente marcará sua carreira. Depois do lançamento de Harry Potter e as relíquias da morte-parte 2, Daniel deixa de ser Harry, pelo menos em termos profissionais. Com The woman in black, um thriller de suspense, programado para 2012 e arrebatando elogios na Broadway com a peça How to succeed in business without really trying, o ator parece decidido a relegar Harry Potter ao porta-retratos da memória e partir em busca de desafios profissionais que excedam o comentado nu de alguns anos atrás na peça Equus.
Sopa de números
+ A Pedra filosofal ainda detém a marca de maior bilheteria da série. Com U$ 974,733 milhões ocupa atualmente a 9ª posição entre as maiores bilheterias de todos os tempos.
+ Os anos de 2003, 2006 e 2008 não tiveram lançamentos de filmes da saga. O enigma do príncipe estava previsto para novembro de 2008, mas a greve dos roteiristas no início daquele ano motivou o estúdio Warner a mover o lançamento do filme para julho do ano seguinte. A justificativa era de que o estúdio, por conta da greve, ficaria sem um grande lançamento para as férias de verão. Os fãs chiaram, mas fizeram de O enigma do príncipe a maior bilheteria de Harry Potter na América do Norte.
+ Na média geral, os filmes lançados no meio do ano faturaram mais nas bilheterias americanas do que os que foram lançados no final do ano. No mercado internacional, a tendência se inverte.
+ Na Europa, compreensivelmente, as maiores bilheterias registradas pela saga são originadas da Inglaterra
+ No Brasil, o filme de maior bilheteria é O cálice de fogo e o de menor bilheteria é O prisioneiro de Askaban.
+ As relíquias da morte-parte 2 será lançado em 4.800 cinemas nos Estados Unidos. É o maior lançamento da história da saga.
Os diretores
Há quem hesite em nomear Chris Columbus como o melhor diretor a já ter assumido a saga. Alguns preferem creditar esse título a David Yates, que assumiu o posto no quinto filme e não largou mais. Outros acham que Alfonso Cuáron deve ser destacado por sua inestimável contribuição no que toca o aspecto visual da série. Há quem enxergue na atuação do inglês Mike Newell, o equilíbrio que faltou aos demais. Todos, sem exceção, contribuíram em larga escala para que Harry Potter se tornasse o ícone supremo, em matéria de cinema, que é hoje na iminência de sua despedida. No entanto, é mesmo Chris Columbus o diretor quem merece um “+” ao lado do conceito “A”. Foi ele quem elegeu os protagonistas que provocariam paixões e ergueu, sobre firme alicerce, a estrutura narrativa da série. Sem os arquétipos tão bem delineados pelo americano, os outros não teriam como evoluir conceitualmente.
David Yates dirigiu os quatro últimos capítulos da série: o inglês fez uma excelente transição da tv para os orçamentos milionários
Sem querer largar o osso
Já faz um tempo que a saga de Harry Potter chegou ao fim na literatura. Mas J.K. Rowling, que continua faturando com os direitos para cinema, jogos e uma infinidade de produtos com a marca Harry Potter, não planeja se desvencilhar de Hogwarts. Em meio a boatos de retomar a série, a “experiência Harry Potter” continuará em jogos e sites que já são planejados para acalentar os corações daqueles que se verão órfãos com o fim da saga nos cinemas.
Doce de Emma
Ela já foi o rosto da Chanel. Já pediu paz para poder seguir seu rumo como universitária, mas está em um dos hypados filmes sobre Marilyn Monroe. Emma Watson é doce. É fina. É Hermione. Melhor atriz do que seu par de companheiros, Emma se mostrou a vontade ao estampar capas de revistas para adolescentes, mas nunca se deixou impressionar pela fama. Recentemente confessou uma paixonite pelo colega de elenco Tom Felton. Seja por suas declarações públicas ou pela coragem de mudar radicalmente o visual tão logo cessaram as gravações de Harry Potter, Emma demonstra a postura de mulher feita. E bem resolvida.
O cinema como quintal
Já Rupert Grint, que desde cedo se revelou como confiável alívio cômico da série, sinaliza que está no cinema seu futuro. Enquanto seus colegas Daniel e Emma não demonstram convicção no futuro da carreira, Rupert diz em entrevistas que ser ator é tudo que ele quer. Não á toa, é o que mais se experimentou no cinema às margens da saga. Um de seus últimos trabalhos é Matador em perigo, em que divide a cena com Emily Blunt e Bill Nighty.
Claqueteando os filmes
A pedra filosofal (2001)
Ainda resiste como a maior bilheteria da saga. O que é um feito notável por ser o primeiro filme e ajuda a entender a maravilha concebida por Columbus aqui. O filme captura essencialmente o termostato emocional tanto dos personagens principais quanto de seu público alvo. É uma aventura solar, tratada como tal, que recupera o prazer de se assistir uma fantasia no cinema. A pedra filosofal é leve e, hoje, é lembrado com carinho em muito por essa característica.
Nota Claquete: 8A pedra filosofal deu as boas vindas ao triunfal retorno da fantasia aos cinemas.No mês seguinte, estrearia O senhor dos anéis: a sociedade do anel
A Câmara secreta (2002)
Introduzindo um clima de mistério mais sofisticado do que no exemplar anterior, ainda que rudimentar se comparado aos exemplares mais recentes, Chris Columbus se permite divagar em Hogwarts. É nesse filme que surgem os primeiros indícios de que Harry Potter é, de fato, uma série de grande fôlego no cinema.
Nota Claquete: 7,5
O prisioneiro de Askaban (2004)
A mudança no tom da narrativa acompanha um rebuscamento profundo na linguagem da série. O mexicano Alfonso Cuáron projeta a adolescência do trio de protagonistas com invejável propriedade visual, mas a trama, em si, empalidece. Nem a presença do poderoso Gary Oldman como o importante Sirius Black evita que O prisioneiro de Askaban seja lembrado como um filme de esmero visual irretocável com narrativa subserviente.
Nota Claquete: 6,0
O cálice de fogo (2005)
Não é nenhum equívoco apontar esse trabalho como o mais equilibrado da série. Newell, um diretor até certo ponto improvável para a franquia, soube corresponder às expectativas dos fãs e do público em geral. Orquestrou uma adaptação difícil, manejou bem os efeitos especiais (os mais complicados da série até o momento) e exigiu mais do elenco principal que até então fazia feio.
Nota Claquete: 7,5
A ordem da fênix (2007)
Depois de mais de um ano de intervalo, o quinto filme trazia algumas reminiscências. A ordem da fênix era o livro mais volumoso da saga e David Yates, um diretor de TV que não despertava lá grandes inspirações para quem viu Cuáron e Newell conduzindo o universo Harry Potter. Mas A ordem da fênix é um filme muito bem resolvido. O de menor metragem dos longas, o que só ressalta o primor da adaptação. Os pontos chaves da trama são iluminados com dinamismo e sensibilidade. Yates se prova capaz ao conjugar as melhores qualidades de Cuarón e Newell abstendo-se de seus equívocos. É, até o momento, o filme em que o elenco rende melhor.
Nota Claquete: 9,0
O enigma do príncipe (2009)
Apesar do mal à espreita, o tom é de angústia adolescente. Yates foi hábil em imprimir leveza ao clímax da série, sem prescindir da seriedade inerente ao momento. Contudo, em dados momentos, o sexto filme parece um canal sem muita convicção com os eventos que se seguirão. Essa pequena falha, no entanto, não torna O enigma do príncipe um filme problemático.
Nota Claquete: 7,0
As relíquias da morte-parte 1 (2010)
Aqui, infelizmente, o traçado positivo foi quebrado. Em parte pela opção de dividir o último tomo em dois filmes. Conforme já foi amplamente discutido aqui no blog, essa opção – embora contemple os fãs do livro- enseja um filme de ritmo lento, com falso clímax e com conflitos mal ajambrados. As relíquias da morte-parte 1 configurou-se como a mancha no currículo dessa preciosa saga cinematográfica.
Nota Claquete: 4,0
Reinaldo, concordo com tuas notas e pontuações sobre os filmes da Saga. Menos com algumas questões:
ResponderExcluir- Para mim, sinceramente, o quinto filme é de todos o mais fraco. Muito mal adaptado (Amanda comentou sobre isso com ótimos argumentos no CinePipocaCult), com uma direção insegura e situações lentas demais. Nada convence ali e pouco se destacou nesse filme, ao meu ver. Tentei revisá-lo, mas a minha nota continuou. Dou 5,0 para ele.
- Acredito que o trabalho do terceiro filme seja inferior ao restante - digo, desenvolvimento do roteiro, adaptação e tal - mas ainda assim, é um bom filme. Só acho que poderia ter sido mais ousado por parte de Cuaron. Pelo menos ele "melhorou" pra regular a atuação de Radcliffe que, não tem jeito, é sempre medíocre, rs.
- A parte 1 do sétimo filme é um primor. Não achei lenta, não achei chata, é tudo bem feito, a direção firme, o elenco mais coeso, harmonia nas situações e tem até uma boa tensão. O filme é de longe o mais lapidado. Me espantei com tua nota, mas cada qual tem seu gosto.
Estou ansioso pra ver a última parte!
Eta, post enorme, mas a Saga merece mesmo. Gostei do resumo inicial.
ResponderExcluirAgora, quanto as suas observações dos filmes, hehehe, é a magia do cinema, várias percepções. Eu gosto muito do terceiro filme, acho bem resolvido, criativo, com cenas maravilhosas, e um roteiro ótimo. Já o quinto filme, é cansativo, concentrado em Dolores, acho o mais fraco de todos. Fora que é onde começam os problemas de adaptação que vão repercutir no 7.2.
E o 7.1 é a primeira parte de um longo filme, entendo sua reclamação quanto ao anti-clímax, mas se o livro não fosse dividido o final da saga seria desastroso, não passando metade dos valores criados por Rowling.
bjs
Sempre coerente com suas opiniões. Grande matéria "ON", minha favorita aqui no blog.Rs!
ResponderExcluirGostei bastante da rápida biografia de Daniel com um olhar para o futuro. Acredito no ator, gosto dele, acho que foi um grande Harry que obviamente amadureceu e foi melhorando nos últimos filmes, ele esta para o bruxinho como Margaret Hamilton esteve para a bruxa de OZ! Curioso para conferir "The Woman in Black" é quase um fetiche ver o Daniel em outro papel. Veremos e certamente que a carreira dele no Teatro (Equus foi um sucesso) será de vento em polpa. Ele é famoso demais e terá inúmeras oportunidades. Também acredito na Emma em outros projetos de sucesso (o Rupert tb) mesmo sendo marcante demais com esses personagens. E coadjuvante é um problema nessa situação. Provavelmente o Daniel (como sempre teve) terá mais destaque.
Quanto aos filmes. É, não compartilho com vc a aceitação de alguns episódios, sobretudo "A Ordem Da Fênix". Engraçado como cada um tem um olhar diferente por cada filme. Eu já acho "As Relíquias Da Morte- Parte 1" maravilhoso. Não concordo que a divisão tenha prejudicado a série. Além da questão publicitária, deu maior suspense e vazão ao último livro. E tb não digo apenas pela espectativa de ver a conclusão, questão narrativa mesmo. Eu adorei!
É...outro ponto, eu não daria menos que oito para os filmes. Rs! Nem mesmo para a "Ordem" que é o mais fraco.
Columbus foi mais sonífero e infantil e introduziu a série lindamente, de maneira que com o lançamento dos demais foi se distanciando.
"A Pedra" e "A câmera" paressem filmes de charadinhas do que uma trama mais densa. Cuarón fez um dos melhores Harry com um ritmo alucinante e mais sombrio e que mostrou o caminho. Newell fez um ótimo trabalho (o melhor de sua carreira se observamos a sua filmografia) apresentando novos rumos para série e se livrando dos mesmos truques. E claro, Yates foi o pilar da finalização. "Enigma do Príncipe" em diante é a prova disso.
Ótimo post Reinaldo. Pretendo criar coragem e fazer uma daquelas postagens especiais estilo Senhor Dos Anéis com Harry Potter. Preciso assistir o último e visitar os primeiros, rs! E Preciso de muito vinho!!!!
Abs.
Rodrigo
Bacana Reinaldo, o apanhado geral sobre a série.
ResponderExcluirEm relação às claquetadas para os filmes, já deve saber que minha opinião difere completamente da tua (em todas as claquetadas! rsrsrs).
Mas não considero o HP7 Parte I o melhor, como respondestes em outro post, e sim, O Prisioneiro de Azkaban! Daqui a alguns dias, ou meses, ou anos, decido se o HP7 Parte II é o melhor, em minha particular opinião.
Grande abraço,
Bom fim de semana,
:D
Cristiano: Valeu pelo comentários e pelas ótimas observações Cris.Esses textos da Amanda sobre HP no CinePipocaCult foram realmente ótimos.abs
ResponderExcluirAmanda:Acho que uma das grandes divergências acerca desse sétimo filme é que vc (e muitos outros) se concentram na adaptação e eu (e muitos outros tb) me concentro no filme propriamente dito. Os parametros são diferentes, embora se correlacionem... Não acho que o sétimo filme seja bom. Pode incidir em um oitavo filme mais bem resolvido e avaliaremos isso a posteriori, mas o sétimo filme é, em "termos fílmicos", um retrocesso narrativo na série. Ainda que se configure em um filme mais fiel aos escritos de Rowling...
Bjs
Rodrigo Mendes: Obrigado pelos comentários meu amigo. Concordo que a divisão do último livro em dois filmes possibilitou um climax no cinema mais sofistacdo,incrementando o suspense e a ansiedade... mas não consigo concordar, por mais que me forçe a isso, que o sétimo filme seja bom. Vendo o filme como filme, não como um livro filmado, é possível identificar uma porção de fatores que o tornam narrativamente mais moroso do que os outros e uma série de deficiÊncias previstas em qualquer manual de roteiro... é, na minha avaliação, uma mancha na história da saga no cinema...
abs
Cássio: rsrs.Já imaginava e aguardava por essa tua discordância. Me desculpe pelo equívoco em relação a tua preferência em relação a HP.
Abs