Existem filmes que, ainda que sejam regidos por certas convenções, se resolvem de maneira muito fluída. É a tal da convergência de fatores. Um cara quase perfeito, destaque de Cantinho do DVD desta semana, é um filme imbuído de boas intenções. Entender a depressão que acomete o ser humano nessa sua jornada pela vida é uma delas. Confira como filme se sai na crítica a seguir.
Crítica
Mike Binder gosta de falar sobre o ser humano. Após boas tramas delineadas em filmes tão diferentes, mas tão próximos, como A outra face da raiva (2005) e O melhor verão de nossas vidas (1993), o diretor – que também é ator – apresenta seu filme mais revelador: Um cara quase perfeito (Man about town, EUA 2006).
Na trama, Jack Giamoro (Ben Affleck) é um cara que tem tudo na vida. Ainda assim experimenta uma angústia profunda. Essa angústia vai sendo dilatada à medida que sua vida é mergulhada em um inferno categoricamente delineado para que dele ele ressurja renovado. Essa assunção, embora demonstre que Um cara quase perfeito não apresenta propriamente uma história nova, revela que a ideia aqui é submeter o protagonista a uma experiência definidora. Agente publicitário de boa fama, Jack começa a perder clientes no momento em que descobre que sua esposa o estava traindo. Tudo isso acontece no período em que ele passa a frequentar aulas de autoconhecimento.
O público vai descobrindo junto com Jack que ele tem muita coisa interiorizada lhe fazendo mal. Traumas de infância, receios e auto-imposições que vão lhe podando de maneira sucessiva e fazendo com que se torne uma pessoa mais amarga.
Binder, como de hábito em seus filmes, desenvolve o roteiro (de sua própria autoria) sem afetação, mas com muito carinho por seus personagens. O humor flerta com o nonsense, mas nunca se assume como tal. O drama é suave e o diretor tenta ameniza-lo com recursos de sitcons (aquelas comédias americanas de meia hora e com risadas falsas). É uma estratégia acertada.
O texto é bom e os atores correspondem em cena. Affleck assume o personagem como um decalque de si mesmo e se não chega a impressionar, mostra-se correto o suficiente para cativar com seu Jack em busca de si mesmo.
O filme ganha em matéria de simpatia por buscar no espectador um questionamento inescapável: Eu sou quem eu gostaria de ser? Quem é esse cara que estou encarando no espelho? Um cara quase perfeito acaba cedendo às convenções; mas sendo muito sincero, ele - o filme - não é o único.
2 anos de Claquete...opa, parabéns! Gostei do Banner! Continue este maravilhoso trabalho com as colunas e seções que me fazem ficar por dentro da sétima arte. Pra quê IMDB, Adoro Cinema, etc. se tem Claquete?
ResponderExcluirNão vi este filme com Affleck. Dele só o recente Atração Perigosa mesmo. Vou conferir em breve já que você apresenta pontos positivos, muito embora pareça uma premissa comum. Aliás, do Mike Binder lembro de não ter visto nada.
Abs.
Rodrigo
Poxa Rodrigo, obrigado pelas palavras carinhosas e estimulantes. Valeu mesmo. Fico feliz que tenhas Claquete em tão alta estima.
ResponderExcluirAtração perigosa é muuuuito superior a este filme Rodrigo. Affleck é melhor diretor do que Binder. Mas Binder é habilidoso. Seus filmes, embora sempre com essa premisa comum, se apresentam interessantes.
Abs