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sábado, 4 de junho de 2011

Crítica - Um novo despertar

Um retrato de Walter Black...


Uma atuação extraodinária de Mel Gibson, uma premissa improvável e uma história de incrível apelo familiar fazem de Um novo despertar um dos melhores filmes do ano até o momento



Um novo despertar (The beaver, EUA 2011) foi um filme que penou para ver a luz do sol. Devido aos escândalos envolvendo o astro Mel Gibson, essa terceira incursão de Jodie Foster atrás das câmeras demorou a ver a luz do dia. Finalizada há mais de um ano, a produção foi constantemente remanejada até estrear (e ter pouca audiência) no último mês.
Um destino injusto para um filme sensível, crepuscular e de profundo teor reflexivo. A história de um homem que sucumbe terrivelmente a um quadro depressivo e que se resgata através de um castor de pelúcia é tão singela quanto improvável. O brilho do filme de Foster é reforçado por uma atuação extraordinária de Mel Gibson. A crítica americana tentou colar a pecha de que Gibson escraviza os próprios demônios em prol de conquistar uma boa performance. Não é o caso. O ator atem-se ao minimalismo e, a bem da verdade, os escândalos mais modorrentos envolvendo sua persona surgiriam com o filme pronto.
Jodie Foster tinha um roteiro difícil em mãos. Mas habilmente ela conseguiu nivelá-lo de forma a construir um drama que dialoga inexoravelmente com o terror e com a comédia.
Outro aspecto interessante do filme é a forma como se concebe a extraordinária cura de Walter Black (Mel Gibson). Nunca sabemos exatamente o que o levou aquele estado de depressão profunda, embora sejamos apresentados a alguns indícios consistentes. Black surge como um estranho à sua família. Logo conhecemos seu primogênito, Porter (outra fantástica atuação do cada vez melhor Anton Yelchin). Ele vive às voltas com a imposição diária de se afastar de seu pai e de tudo que este representa em sua própria existência. Foster captura essa dicotomia com extrema propriedade, ainda que com leveza sugerida.
Walter cria essa outra personalidade (o castor de pelúcia do título original) para se relacionar com o mundo e quando se esconde totalmente nela, podendo desaparecer completamente, o filme entre em um clímax sombrio. Esse é o momento em que Foster mais fraqueja narrativamente, mas ainda assim, Mel Gibson segura as pontas e não permite que a história retroaja dramaticamente.
O terror cede à compaixão e a subtrama protagonizada pelo filho de Walter Black (da qual faz parte a talentosa Jennifer Lawrence) agrega valor emocional a essa transformação. Um novo despertar é um excelente filme porque não se prende a mesuras desproporcionais (como o fizeram seus detratores) e não hesita em mergulhar fundo nos aspectos sombrios que nos cercam. O fato de não sabermos o que conduziu Walter à beira do abismo não torna sua jornada de volta menos extraordinária.
Jodie Foster não relativiza o olhar sob a loucura como apontaram alguns críticos desatentos. Ela pinta o retrato de alguém que mergulhou em sua loucura para descobrir que valia a pena lutar pelo que se tinha.

5 comentários:

  1. Não estava tão animado assim, já que não simpatizo muito com Gibson, mas pra quê essa implicância com o cara, não é mesmo? Se ele está fazendo o seu trabalho direitinho... Já está de bom tamanho!

    Verei em breve :D

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  2. Que bom, Reinaldo que você também viu o que vi neste filme, gostei muito.

    Quanto ao porquê de Walter ter ficado assim, acho que o personagem Poter e sua subtrama está ali exatamente para nos dar as pistas.

    Uma pena mesmo a pouca repercussão, aqui em Salvador, na segunda semana já passou para apenas um horário em um cinema da cidade.

    bjs

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  3. Gosto da Jodie Foster como diretora e quero muito ver este filme. Sua crítica me deixou bem ansiosa para conferir logo a obra.

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  4. Sou fã de Mel Gibson e tô querendo ver este filme...

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  5. Alan: Vc vai se surpreender com o filme se se predispuser a assisti-lo desarmado...
    Abs

    Amanda: Para mim é dos melhores do ano até aqui. Quanto ao que levou Walter aquele estado, concordo contigo. Os indícios estão ali...
    Bjs

    Kamila: Certeza que vc vai gostar Ka.
    Bjs

    Raphael Martins: Fico feliz de saber. Tb gosto do Gibson.
    Abs

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