Já fazem mais de dez anos que um filme de orçamento médio e bem controlado, dirigido por um diretor que ainda despertava mais desconfianças do que expectativas e com uma enorme responsabilidade de apontar novas tendências para uma estagnada Hollywood causou frisson no cinema. Trata-se de X-men: o filme.
Era uma aposta arriscada. A Fox investiu U$ 75 milhões em uma história e reuniu um time de produtores que passava dos dez. Se destacaram Tom De Santo, Ralph Winter, Kevin Feige e Avi Arad. Os dois últimos hoje à frente do bem sucedido Marvel Studios.
Bryan Singer já tinha no currículo o oscarizado Os suspeitos (1995) e o excelente O aprendiz (1998). Ambos incidiam de maneira atraente e sofisticada sobre a ambiguidade do homem. Era o diretor certo para iluminar um dos alicerces da trama: as divergências, em termos de abordagem, entre o professor X (Patrick Stewart) e Magneto (Ian McKellen) sobre a relação entre humanos e mutantes. Mas seria Singer capaz de fazer um filme de verão em que pesam as expectativas de uma indústria ciosa de novos rumos para obtenção de sucesso financeiro, uma fita funcional?
It´s all about those guys: um dos grandes trunfos de x-men é dimensionar as diferentes percepções de mundo de Xavier e Magneto
A história provou que sim. Bryan Singer fez, não só um, mas dois ótimos filmes. A continuação, entregue em 2003, se mostrou superior ao filme original. Mas os méritos já podiam ser vislumbrados no primeiro X-men. Econômico, o cineasta realizou um filme que parecia mais caro do que de fato era. A atenção ao desenvolvimento dos personagens (e eram muitos) também clamava por reconhecimento. E Singer ainda deu a sorte de ter um genuíno astro assumindo o protagonismo involuntário da fita. Involuntário porque embora seja peça importante na trama, não é Wolverine o principal personagem de X-men (no segundo filme a estrutura já seria diferente) E o fator sorte se provou crucial porque não seria Hugh Jackman a viver o mutante mais invocado do universo marvel. O escocês Dougray Scott já havia sido testado, aprovado e contratado para interpretar Wolverine. Era uma das “estrelas” de um elenco repleto de desconhecidos, mas o ator se lesionou nos sets de Missão impossível II e teve de ser substituído. Aí brilhou a estrela de um dos astros mais carismáticos do cinema moderno: Hugh Jackman. Ele se apossou de maneira tal da oportunidade de viver Wolverine que hoje parece inconcebível pensar que ele não foi a primeira opção.
E tudo ficou mais fácil com Jackman a bordo. Halle Berry, Anna Paquin, Fanke Janssen, James Marsden e Rebecca Romijn foram outros desconhecidos alçados à fama pelo projeto. X-men fez muito pelo cinema americano também. Hollywood descobriu na Marvel um celeiro de boas histórias, grandes personagens e bilheterias melhores ainda. A empresa, até trilhar seu próprio caminho no cinema, licenciou seus personagens para vários estúdios.
De Tempestade para o Oscar: em um espaço de um ano, Halle Berry largou o anonimato para tornar-se a primeira atriz negra a vencer o Oscar de melhor atriz Mas a grande contribuição de X-men foi para a qualidade dos blockbusters americanos. Se não fosse pelo sucesso desse filme, seria difícil imaginar que a Warner resolvesse ressuscitar a série do Batman no cinema ou que Sam Raimi pudesse ter tanta liberdade na concepção de Homem aranha (a liberdade seria caçada depois).
X-men concilia a ingrata missão de ser um filme de origem com a sagacidade do embate filosófico entre Magneto e Xavier, a estrutura óssea do universo mutante no cinema como revelou o recente X-men:primeira classe.
Visto hoje, como referência perto de produções tão caras, sofisticadas e antecipadas como Homem de ferro e O cavaleiro das trevas, X-men pode parecer de outro mundo. Mas é importante ter em mente que o big bang foi aqui. No ano 2000.
Muito bom o primeiro filme dos X-Men. Hoje é um pouquinho datado, tecnicamente falando, mas ainda é grande cinema.
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Ah, depois de "X-Men: Primeira Classe", qualquer filme do "X-Men" parece ser sem graça. Mas, eu até gosto desse aí, porque o Bryan Singer é muito talentoso.
ResponderExcluirOs 2 primeiros filmes são muito bem construidos! O terceiro é um excelente filme de ação! Já 'Primeira Classe' é a junção de tudo que tem de bom nesses filmes
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Bom você já esta "Xavier" de saber a minha opinião quanto as versões de Singer e Ratner para X-Men! Rs.
ResponderExcluirPelo menos, este filme diverte um pouco e tem bons momentos dos efeitos especiais. E, é claro, o segundo é ultra melhor que este, mas tb não chega a ser o filme que imaginava.
Só este último Primeira Classe que me contagiou!
Ótimo e inteligente texto, como sempre.
Abraços
Rodrigo
Rafael W: Concordo contigo! abs
ResponderExcluirKamila: Ah Ka, mas esse é o calor do momento... concordo que Primeira classe seja superior a todos os outros, mas não diria que eles ficaram sem graça...
Bjs
Kahlil Affonso: Outra boa colocação meu caro! Abs
Rodrigo Mendes: rsrs. Já estou Xavier sim. E quase literalmente... rsrs.
Obrigado pelo elogio!
Abs