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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

OSCAR WATCH 2011 - Cenas de cinema: Globo de ouro

Apertem os cintos, o anfitrião chegou

Apresentando pela segunda vez a cerimônia de entrega dos prêmios Globo de ouro, o comediante britânico Ricky Gervais manteve-se fiel ao seu estilo. Logo de cara disparou, como era de imaginar, contra a falta de credibilidade que ronda a HFPA. Lembrou Tom Cruise (um dos atores mais simpáticos à imprensa estrangeira e que sempre que pode é indicado ao Globo de ouro), a nomeação de O turista como comédia para assegurar Johnny e Angelina (e Brad) na festa e não poupou outro tipo que curte uma festa de arromba: Charlie Sheen.


Um tom acima

Se Gervais fazia bom uso de seu humor agressivo, pode-se dizer que a platéia foi-lhe mais receptiva do que no ano passado. É bem verdade que ele também melhorou nas piadas. Ainda assim, houve algumas escorregadelas. Apesar de divertida, a piada em que brincou com os boatos de homossexualidade de John Travolta, causou mais espanto do que risos; assim como as menções a Sandra Bullock (“pobres me dão nojo”) e a Bruce Willis (“Com vocês o pai de Ashton Kutcher”) causaram certo embaraço.
Para quem assistiu em casa, no entanto, as piadas foram o máximo. Tanto o é, que a audiência do evento cresceu 14% em relação a 2010.


“No ano em que filmes como O golpista do ano não foram lembrados. Este filme em que dois atores heterossexuais interpretam um casal de gays. Ao contrário de alguns famosos cientologistas” (em referência ao ator John Travolta)
Rick Gervais, host do 68º globo de ouro



Um Gervais incomoda muita gente

Como era de se esperar (e a tensão era transbordante sempre que Gervais aparecia), o anfitrião da 68ª entrega dos prêmios Globo de ouro desagradou muita gente. O primeiro a dar um chega pra lá em Gervais foi Robert Downey Jr. Após ser anunciado com referenciais de clínicas de rehab e prisões( Uma piada velha, diga-se), Downey Jr. disparou: “À parte um certo espírito de porco e um tom abaixo do desejável, eu diria que o clima da festa está legal”, e fez o seu solo antes de apresentar a melhor atriz em comédia/musical.
No entanto, coube ao bom moço Tom Hanks – já no final da cerimônia – dar o tapa com luva de pelica da comunidade de Hollywood em Gervais: “Houve um tempo em que Rick Gervais era levemente roliço, mas um comediante gentil”. No que seu companheiro de Toy story e de palco, Tim Allen, optando pela redundância, acrescentou: “Coisa que ele já não é mais!”



Fechamos com a crítica

A HFPA optou por manter-se ao básico. Assumiu (na figura do comediante Rick Gervais) suas falhas na lista de 2011 e sinalizou para o Oscar com o consentimento da crítica. Ao consagrar o preferido da crítica (A rede social) e não inovar na categoria de comédia (em que brilharam os sóbrios Paul Giamatti, Annette Bening e o filme Minhas mães e meu pai), a HFPA – que se encontra no meio de dois litígios na justiça americana – prefere não polemizar e seguir com a maré. Pode não ser o melhor dos cenários, mas certamente não é dos piores.



Realeza por realeza

Era uma nobreza que só vendo. Jeremy Irons embasbacou a vencedora Melissa Leo. A rainha Helen Mirren apresentou o clipe do indicado O discurso do rei. Geoffrey Rush foi mimado por uns e outros e Colin Firth , agraciado com o Globo de ouro de melhor ator dramático, caprichou na postura para receber o prêmio. Foi cortês no agradecimento, que foi sem cola, e lembrou do maravilhoso triangulo amoroso entre homens em que foi se enfiar com o diretor Tom Hooper e o colega de elenco Geoffrey Rush. Coisas da realeza.



Vida longa ao rei

Firth, aliás, foi muito diplomático em seu discurso. Como quem se prepara para o grande discurso de sua carreira (que pode acontecer em fevereiro). O ator, cada vez mais celebrado e festejado por seus pares, lembrou um outro rei de Hollywood: Harvey Weinstein. O produtor, que já não tem o trânsito de outrora, recebeu as palavras simpáticas de Firth com aquele sorriso de quem nunca perdeu a majestade.

Firth conquistou a única vitória de O discurso do rei na noite: ele perdeu (quer dizer, ganhou) com classe...



De Niro uncensored I

Homenageado com o prêmio Cecil B. De Mille de 2011, Robert De Niro foi o melhor wingman que Ricky Gervais poderia contar. O ator começou agradecendo a HFPA pela homenagem e por tê-la anunciado dois meses antes de escreverem as críticas de Entrando numa fria maior ainda com a família. Após a exibição do clip com alguns de seus principais filmes, o ator emendou: “Sinto como se só tivesse feito sucessos!”. “Também sinto orgulho de filmes como Frankstein. Filmes que eu acho que vocês sequer foram às cabines de imprensa”, disparou em tom jocoso.



De Niro uncensored II

O ator também fez graça com um dos processos que correm contra a HFPA. Há muito se desconfiava de que a associação aceitasse jabá (jargão jornalístico para troca de favores e gentilezas), agora há um processo em virtude disso. De Niro, fazendo coro a uma piada de Gervais no início da festa, lembrou que os membros da HFPA são, mais do que qualquer outra coisa, fãs de cinema e de celebridades.



The greatest actor of all

Mas como lembrou Matt Damon ao apresentar a homenagem a De Niro, Bob (como é carinhosamente chamado) pode. Apesar do tom agressivo (que também pode soar mal agradecido), tudo ficou como uma brincadeira do tipo que pede um senso de humor digno dos irmãos Coen. De Niro, em um dado momento, teve que pedir aplausos para sua gracinha. Não deixa de ser uma cena atípica para um homenageado.

Robert De Niro fez graça e também constrangeu em um discurso de agradecimento improvável, mas não menos memorável... 


“Tem que haver um jeito melhor de receber uma ovação de aplausos de pé!”

Michael Douglas antes de anunciar o melhor filme dramático do ano, em referência ao câncer recentemente vencido


Ano gay

Pode até ser politicamente incorreto apontar uma coisa dessas. Mas em meio a vibe Ricky Gervais, ninguém atentou que tivemos um Globo de ouro com vocação gay. Na TV brilharam Jim Parsons (The big bang theory), Chris Colfer (Glee) e Jane Lynch (Glee), homossexuais assumidos. O filme Minhas mães e meu pai (com um casal de lésbicas no centro da trama) foi eleita a melhor comédia de 2010 e deu o prêmio de melhor atriz para Annette Bening, que numa bem sacada brincadeira, agradeceu a parceira Julianne Moore.



Ah, as surpresas!

O que seria das festas de premiações sem elas? Na TV a grande surpresa foi a premiação da atriz Katey Sagal por Son´s of anarchy na categoria de atriz dramática. Paul Giamatti também foi uma relativa surpresa, embora das mais justificadas, ao prevalecer como ator de comédia no cinema por sua participação em Minha versão para o amor. Agora, surpresa mesmo foi a escolha do dinamarquês In a better world como melhor filme estrangeiro. A fita não era nem mesmo cotada para vencer. Pode-se dizer que das cinco concorrentes era a que tinha menos chances.



Surpreendentemente o mesmo de sempre

David Fincher, escolhido o melhor diretor do ano, esboçou alguma surpresa ao ouvir seu nome anunciado pela atriz Annette Bening. “Não imaginava que estaria aqui (no palco), mas vim preparado”, informou enquanto punha seus óculos de leitura. Fincher, que dava sorrisos amarelos durante toda a cerimônia no melhor estilo James Cameron de ser, não quis segurar o troféu enquanto lia seu discurso de agradecimento. Foi o único com tal atitude. Uma deselegância que reafirma o status de antipático de Fincher que fez questão de frisar em uma entrevista no after party: “Não esperava que pudesse ganhar como melhor diretor em meu trabalho mais convencional!” Out!

Fincher em tom solene: "Eu era só um diretor de filmes com serial killers..." 



Vocês querem saber de uma coisa?

Foi o que se convenciona chamar de micaço! Christian Bale, o primeiro premiado da noite, teve seu microfone cortado. O ator, notório rebelde, excedeu-se desavergonhadamente no tempo de seu discurso de agradecimento. Quando já encerrava e a música já cobria sua voz, Bale voltou ao microfone e pôs–se a berrar algo, mas só deu para ouvir o “Vocês querem saber uma coisa?” e o microfone ficou mudo.
Mas Bale pôde explicar-se na coletiva no backstage. Ele queria dizer, e disse, que estar na mesma sala que Robert De Niro era uma honra para ele. “You´re the shit man”, disse o galês. Isso sim é deferência!

Christian Bale faz sinal positivo antes do mico da noite: para ele, De Niro é um merda (e isso é um elogio)



Apaixonada

E o que dizer de Natalie Portman? Se classe e sofisticação não tinham nome, passaram a ter depois de ontem. Natalie, grávida e apaixonada, não fazia questão de esconder nenhuma das condições e propalou seu amor, em meio a gargalhadas não menos contagiantes, ao coreógrafo Benjamin Millepied (que será o pai de seu bebê) em seu discurso de agradecimento.

A melhor atriz dramática anunciou em tom de galhofa para a platéia: "ele (seu marido) quer dormir comigo..."



Sorkin, o hermético

Aaron Sorkin faturou, com certa dose de previsibilidade, o prêmio de melhor roteiro por A rede social. Ao agradecer, Sorkin – laconicamente – lembrou de Marck Zuckerberg (o criador do Facebook) e disparou: “Agradeço ao Mark e aproveito para dizer que tudo aquilo que aquela garota diz no início do filme (e que Sorkin escreveu) é mentira. Você é um visionário e altruísta Mark!”, declarou o roteirista com a mesma pegada irônica que caracteriza todo o seu filme.

Sorkin citou a filha e Zuckerberg em seu discurso de agradecimento. Não necessariamente nesta ordem



Revendo conceitos

“Ah, o Facebook agora adora o filme!”
Scott Rudin, produtor de A rede social sobre o repentino apoio do site de relacionamentos ao filme que conta sua gênese



Melissa Leo, ganhora como coadjuvante por O vencedor, curtiu seu momento: começou se derretendo por Jeremy Irons, elogiou os "meninos" Christian Bale e Mark Wahlberg e encerrou com um urra


Dois dos casais mais charmosos de Hollywood se ajeitam para uma foto: ganhava quem segurasse o riso por mais tempo... 


La Jolie e David Fincher capricham na foto tirada no after party da Sony pictures que distribui o vitorioso A rede social e o micado O turista

8 comentários:

  1. Ótimo resumo, Reinaldo. Os comentários nas fotos dão um toque especial, adorei, principalmente a dos casais celebridades. hehe.

    bjs

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  2. Voces no Brasil só leem os títulos das revistas e jornais de gossip da media americana. O público ADOROU Gervais, de fato...nada no Globe importa, eu não assisti nenhum ator falando nem recebendo premio, só valeu pelo Ricky Gervais. Dá uma browseada pelo youtube e leia os comentarios. As pessoas amaram, inclusive os americanos.

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  3. Brad Pitt na home e
    nas fotos do blog!*___*
    Nem consegui prestar atenção
    nas outras pessoas,rs XD

    Beijos Rei of my heart!!

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  4. Quem assistiu o seriado "Extras" sabe desse humor do Gervais, e o achei melhor que no ano passado, apesar de umas piadas que não precisavam. As maiores surpresas ficaram na parte de televisão mesmo.

    Beijos! ;)

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  5. No final das contas, o Globo de Ouro acabou sendo mais sobre a polêmica de Gervais do que sobre a premiação em si. E, pelo jeito, com Gervais é 8 ou 80, né? Ano passado foi completamente insosso e esse ano deu uma enlouquecida hahaha No geral, a festa foi agradável, ainda que previsível como sempre é.

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  6. Bela cobertura da festa Reinaldo, ficou um post bem organizado!

    A melhor parte foi Fincher e Natalie no palco, nem notei Gervais, rs! Também foi a única parte do show que videei HA HA!

    Abs.
    Rodrigo

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  7. Ótima cobertura, moço! Sei que posso dormir com os anjinhos pq posso contar com a Claquete!

    beijos

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  8. Amanda: Obrigado Amanda.bjs

    Anônimo: e vc não leu a coluna aqui direito. Eu observei no segundo tópico que a audiência aprovou Gervais. Eu, particularmente, gostei de sua performance.

    Pat:Pois é, Brad sempre domina né?!
    Beijos

    Mayara: Acho que a grande surpresa mesmo foi o vencedor de filme estrangeiro e, como vc apontou, a performance de Gervais não surpreendeu. Surpreendeu foi sua apatia ano ano anterior. Bjs

    Matheus: 8 ou 800 né?rsrs abs

    Rodrigo: Valeu meu caro. Abs

    Aline: Pode mesmo. Bjs

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