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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Crítica - Amor e outras drogas

A droga do amor


O grande mérito de uma fita como Amor e outras drogas (Love and other drugs, EUA 2010) é ser plural e multifacetada e se apresentar como um clichê riponga. Esse mérito qualitativo talvez explique o fracasso da fita na bilheteria americana onde arrecadou pouco mais de U$ 30 milhões (o equivalente a seu orçamento, configurando, portanto, um prejuízo).
A fita de Edward Zwick tem muitos objetivos: satirizar a indústria farmacêutica (uma vilã moderna e representada como tal em filmes como O jardineiro fiel), fazer uma comédia que atraia tanto o público masculino quanto o feminino (mistura-se o nascedouro do viagra a fórmula “boy meets girl”) e desvelar uma história de amor de fundo dramático (em que uma doença degenerativa, no caso o mal de Parkinson, se impõe ao sentimento).

Carisma e graciosidade: Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway são os responsáveis pelo bom fluxo do novo filme de Edward Zwick


É um alento, do ponto de vista narrativo, o que se consegue em Amor e outras drogas. O filme é uma graça (do ponto de vista da comédia romântica), cínico (do ponto de vista da sátira) e eficiente (do ponto de vista da carga emocional que pretende com seu arco principal). Conta muito para o sucesso da fita seu par de protagonistas. Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway confirmam o carisma crescente que vêm apresentando nas recentes produções que estrelaram e são os fiadores do projeto audacioso de Zwick: fazer uma comédia mais sofisticada e sem se ater especificamente a convenções de gênero. Isso não quer dizer que Amor e outras drogas evite os clichês, apenas os abraça por trás, digamos assim. A primeira solução de Zwick ao voltar ao romance (dirigiu um único exemplar em 1986, Sobre ontem a noite, quando ainda era um diretor em formação), foi fazer com que o sexo se parecesse menos com cinema e mais com a vida real. “Você diz fuck o tempo todo”, diz o personagem de Jake Gyllenhaal para o de Anne em certo momento. Essa sem vergonhice dá respaldo ao filme; que se apresenta como malicioso e, embora essa condição possa afastar um ou outro puritano, não se trata de um filme maldoso.
Jamie Randall (Gyllenhaal) e Maggie (Hathaway) vivem as voltas com drogas (medicamentosas, que fique claro). Seja por ofício ou necessidade, essa idiossincrasia cotidiana é parte de quem eles são, mas não os define. É no amor que eles vão encontrar a droga definitiva. Aquela dependência que pode ser a resposta para o vazio que sentem. É uma solução conservadora, esbravejarão alguns mais interessados na sátira. É mesmo. Mas ainda é a melhor solução disponível. Que o diga o sucesso do viagra!

7 comentários:

  1. Sem dúvidas, um filme inteligente. Também gostei bastante.

    bjs

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  2. Eu amei!!Ponto,rs
    Me apaixonei
    pelo filme.

    Beijos Ray

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  3. Ainda não tive a oportunidade de ver, amigo. Mas, dos textos que li acho esse o mais animador e o que ressalta melhor a subjetividade do filme, o que pra mim é muito importante.

    Gostei do Blog! Parabens.

    Abraço!

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  4. Reinaldo, depois do teu texto fiquei um pouco mais animado para conferir esse filme... Em tempos que os filmes do Oscar ainda não começaram a pipocar de verdade nos cinemas, acho que vou dar uma chance para esse!

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  5. Críticas bem distintas sobre esse filme, o único ponto de concordância é sobre o desempenho dos protagonistas. E eu até gosto do Zwick.

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  6. Seu texto está ótimo, Reinaldo. E mostra bem a eficiência do roteiro, ainda que nada inovador, e do elenco coeso - de fato, Hathaway tem uma absurda química com Gyllenhaal, coisa que nem tinha ficado tão evidente assim no "Brokeback Mountain".

    Gostei muito do filme e achei bem sexy! rs

    Em breve no Apimentário.

    abração!

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  7. Amanda: E tem como não gostar? bjs

    Pat: Tb amei o filme. Bjs

    Alyson: Obrigado pelas palavras. Espero que goste do filme. É um entretenimento bem bacana msm. Conto com sua audiência aqui em Claquete. Comente sempre que se sentir entusiasmado a fazê-lo. Grande abraço!

    Matheus:Dê sim Matheus. Mal não vai fazer... E os filmes de Oscar vêm aí... abs

    Luis Galvão: Não tem como discordar da empatia entre Gyllenhaal e Hathaway. Abs

    Cristiano: Tb achei o filme incrivelmente sexy. De um jeito que muitas comédias românticas tentam, mas não conseguem ser. Valeu pelos elogios Cris. Aquele abraço!

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