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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Crítica - Abutres

Filme de verdade!

Falar que o cinema argentino atravessa a melhor das fases é chover no molhado. Mas não deixa de ser assombrosa a constatação de que essa fase não está perto de acabar. O cinema argentino que faturou o último Oscar de filme estrangeiro (com O segredo dos seus olhos) é certeza (pelo menos se considerada a qualidade) entre os cinco finalistas da próxima edição do evento hollywoodiano. Isso ocorre porque o selecionado do país do tango para disputar uma vaga no Oscar é Abutres (Carancho, Arg/Chile 2010). O sexto filme do cada vez melhor Pablo Trapero é uma demonstração de vitalidade criativa. Isso porque o filme não se contenta em ser uma história de amor (ideia original do diretor segundo o mesmo revelara em entrevistas). Abutres se metamorfoseia em drama urbano, crônica social, filme de máfia e, justamente por isso, denúncia social. Trapero filma isso tudo com urgência. Alternando-se entre o registro clássico (com atenção as miudezas do cotidiano de suas personagens principais) e o moderno (com uma câmera trepidante e ansiosa pela crueza do ambiente exposto).

Amor, sangue e ...: Ricardo Darín e Martina Gúsman ajudam a elevar o nível de Abutres


Em Abutres, acompanhamos Sosa (o sempre ótimo Ricardo Darín), um advogado, cuja licença fora caçada, que vive de explorar a miséria dos outros. Sosa faz plantão em hospitais à espreita de potenciais processos e indenizações de seguradoras. É em uma dessas tocaias que conhece a médica Lújan (a atriz e esposa do diretor, Martina Gúsman, que nesta quarta colaboração com o marido alcança seu melhor resultado dramático). Sosa se apaixona e, então, sua rotina (que já não lhe agradava muito) passa a ser um obstáculo monstruoso.
Trapero concilia com vigor os gêneros a que se propõe trabalhar, produzindo um filme de extrema eficiência dramática, com profundo respaldo social (a legislação argentina sobre indenizações por acidentes foi modificada após o lançamento da fita) e invejável fôlego romântico. No limiar, a história de amor que Trapero queria contar é o que dá sustentação à trama. E é pelo desfecho dessa história que o espectador irá suspirar quando os créditos subirem.

6 comentários:

  1. Concordo com sua opinião em relação ao cinema de nuestros hermanos.

    Gostei do texto e gostei muito do blog.

    Parabéns.

    =)

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  2. Luiz Santiago: Obrigado pela visita, pelo comentário e pelos elogios. Espero contar com sua audiência e prestígio mais vezes.
    Grande abraço!

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  3. Assisti ontem e gostei do filme, ainda que considere O Segredo dos Seus Olhos alguns níveis acima.

    Destaque para os planos-sequência, recurso que quando usado com competência (como é o caso) é incomparável.

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  4. Pois é Diego,esses planos-sequência são uma especialidade do cinema do Trapero. Com Abutres ele demonstrou que dá conta da parte técnica sem descuidar do estudo de personagem.
    Abração!

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  5. Um bom filme do Trapero, ainda que certas vezes se perca.

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  6. Valeu pelo comentário Pedro Henrique. Abração!

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