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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Crítica - 72 horas

Pelo elenco!

Esse é daqueles filmes em que você tira a prova se um ator é um grande ator. A refilmagem americana do filme francês Pour elle (2008), 72 horas (The next three days, EUA 2010) traz a fina estirpe em seu âmago. É dirigido e roteirizado por Paul Haggis (de Crash-no limite e No vale das sombras) e estrelado por Russel Crowe. A trama é modesta. Professor universitário de vida pacata e regrada, imerso em um inferno pessoal após a prisão da esposa, resolve elaborar um plano requintado para libertá-la. Em seu eixo central, a fita acompanha John Brennan (Crowe) pelas etapas de seu objetivo.
Haggis, que supervisionou os textos dos dois últimos exemplares de 007, confecciona aqui um thriller com toques dramáticos e utiliza o talento de Russel Crowe como fiador junto à platéia. Nesse sentido, triunfa. Russel Crowe está perfeito na pele do esposo devotado em estado de transformação. O espectador demora a se dar conta que Brennan, aquele tipo risonho e cheio de gracinhas, resultou em um homem sombrio e maculado. É mérito de Crowe que as imperfeições do argumento passem batido.

Momento ternura: em 72 horas, o marido devotado faz de tudo
para liberta a esposa que julga vítima de injustiça

Por outro lado, 72 horas é isso mesmo. Um thriller de ação escapista. Algo improvável se considerado que Haggis é o homem por trás do projeto e, mais que isso, o tom empregado na narrativa. As últimas cenas do filme escancaram um comentário tenaz de Haggis (que na verdade ele já ecoa desde Crash), sobre o relativismo de determinadas verdades. Só que isso soa presunçoso em 72 horas. Ao mostrar um botão para o público que, em linhas gerais não prova nada, Haggis cede a manipulação de forma menos elegante do que fizera em Crash. Ao evitar aprofundar-se no emocional de seu protagonista (há apenas sondagens), o diretor aceita que seu filme seja tratado como veículo de entretenimento. Com o fim da fita ele tenta recuperar uma importância que não perseguiu com o curso dela.
O grande destaque de 72 horas, porém, vai para o elenco de coadjuvantes. Se Elizabeth Banks (no papel da mulher de Crowe) está estranha e pouco convincente, Brian Dennehy precisa de poucos momentos em cena (como o pai de Crowe) para cativar com seus silêncios e olhares demorados. Uma grande participação. Também fazem boas aparições Liam Neeson como um best seller na arte de fugas cinematográficas consultado por Brennan, Olívia Wilde como uma mãe solteira que se interessa pelo personagem de Crowe, Daniel Stern ( o ladrão que fazia par com Joe Pesci em Esqueceram de mim) como um advogado ressentido da má notícia que carrega e Jason Beghe que dá fôlego a canastrice de seu personagem, um policial com faro aguçado na cola de Brennan.

6 comentários:

  1. Seu blog é muito bom, gosto muito dos seus textos!
    Me impressionou um pouco encontrar 72 horas sendo elogiado por você; pra mim, se aproximou de filme de ação mal escrito. Diversas cenas impossíveis de acontecer faziam parte fundamental para que a trama se desenrolasse, isso foi muito falho, na minha humilde opinião. Mas claro que o elenco é de se tirar o chapéu, concordo com você. Muito bom o blog, continue assim que você tem um leitor garantido.

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  2. Acho que quem segurou mesmo o filme foi Crowe e Banks. Gostei da atuação dela. Os coadjuvantes, como você mencionou, também estão muito bem. O final frouxo e pouco corajoso me decepcionou. Mas vale a penas pelas atuações.

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  3. Eu gostei.
    Não é dos meus favoritos,o
    final me frustrou um pouco,mas
    gostei mesmo assim.

    Beijos.

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  4. Anônimo: Obrigado pelos elogios e pelo coméntario anônimo. Bom saber que posso contar com sua audiência e aprovação. De fato 72 horas é um filme de ação. Mesmo que hesitante. O filme tem muitas problemas (e como disse na crítica eles ganham mais dimensão pelo roteiro ser de Haggis), mas a fita funciona sim dentro de um contexto específico que é entreter... Abs e feliz ano novo!

    Caique Gonçalves:Vc disse tudo. Primeiramente obrigado pelo comentário Caique. Crowe, de fato, mostra aqui pq é dos melhores. Conforme pontuei na crítica. Não achei que Banks estivesse tão bem assim, mas como o nível do elenco é ótimo, isso acaba comprometendo o nosso julgamento em relação a ela. Para o bem e para o mal...
    Grande abraço e feliz ano novo!

    Pat:Eu tb gostei.You know that!rsrs.
    Beijos

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  5. Gostei bastante do seu texto, Reinaldo. Só não sei se é tão pecado assim fazer um entretenimentozinho as vezes, hehe.

    bjs

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  6. Amanda: Tb não acho que seja pecado não.Gostei do filme e tudo mais. Só estou relativizando as intenções e os feitos do Haggis com este filme. Pelo tom da narrativa ele certamente não queria fazer só um entretenimento...
    Bjs

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