Panorama - Amnésia

Em 2000 a crítica de cinema foi chacoalhada com um filme um tanto hermético que trazia dois dos atores de Matrix, grande sucesso do ano anterior, e era narrado de trás para frente. Em Amnésia, Leonard (um incrivelmente convincente Guy Pierce) é um homem incapaz de guardar memórias novas. Vitimado por desmaios após uma situação traumática, ele não consegue reter suas memórias recentes. Decidido a descubrir o responsável pelo assassinato de sua mulher e responsável por sua condição, Leonard tatua seu corpo com tudo aquilo que julga importante para montar o quebra cabeças que sua vida se tornou e tira fotos instantâneas para reunir anotações que julga importantes sobre pessoas e lugares. Com essa história nem tão original quanto parece, Christopher Nolan se apresentou para o mundo.
Com extremo domínio da linguagem cinematográfica e valorizando a montagem como há muito não se via no cinema, o diretor já demonstrava em seu primeiro longa-metragem um dos eixos centrais de sua obra. A obsessão. Embora legítima, Leonard se entrega a ela com atrocidade que espanta até mesmo seu amigo Teddy (Joe Pantoliano). A combustão e as consequências desse estado de espírito é algo que interessa profundamente a Nolan enquanto cineasta. Embora suas conclusões aqui estejam um tanto diluídas pela forma, o diretor esboça o esqueleto de um cinema que ganharia musculatura em seu segundo trabalho, o filme Insônia, e que ganharia respaldo da crítica e do público nos filmes do Batman.