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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

ESPECIAL A ORIGEM - O Midas moderno

Chris Nolan posa ao lado de seu coringa: Ninguém o levou a sério quando ele anunciou que Ledger era sua única escolha para viver o palhaço psicótico


Toda geração tem seus cavalos puro sangue. Explica-se a analogia. De tempos em tempos, surge um conjunto de cineastas que inspiram as melhores das esperanças na crítica e na horda cinéfila. O tempo passa e esses cineastas vão caindo no lugar comum. Ficam restritos a um cinema independente inexpressivo ou se “vendem” ao cinemão. É justamente a partir dessa dicotomia tão vulgar que é possível medir o significado de Christopher Nolan para a atual geração de cineastas e para as vindouras também. É bem verdade que tem muita gente talentosa em seu entorno. David Fincher, M. Night Shymalan, Jason Reitman, Mark Romanek e Sofia Coppola para citar alguns. Contudo, é inegável que Nolan por uma série de fatores que serão explicitados mais adiante se situa a frente de todos eles.
O londrino surgiu junto com os anos 2000, seu primeiro sucesso, um filme independente com algumas caras conhecidas e uma história linearmente invertida, Amnésia (2000), foi dos melhores cartões de visita dos últimos tempos. Afinal, Nolan veio do nada. David Fincher já havia constituído uma respeitada carreira como diretor de viodeoclipes, Jason Reitman e Sofia Coppola são filhos de cineastas, mas o diretor de A origem viabilizou com consideráveis doses de inventividade seu próprio portfólio. Amnésia foi indicado a 4 Oscars e considerado por muitas associações de críticos como o melhor filme do ano. A expectativa pelo novo trabalho de Nolan se instalou em Hollywood. Seu próximo projeto, Insônia (2002) era uma produção da independente Alcon, que foi distribuída pela Warner. O estúdio que se encantou com Nolan e hoje produz todos os seus filmes. Embora não haja um contrato formal, Nolan, assim como Clint Eastwood, tem um escritório na Warner e não se sente estimulado a trabalhar com outro estúdio, já que a Warner exibe total confiança no homem que fez de um filme do Batman, um clássico moderno.

O diretor ao lado do astro de seu mais recente filme: prestígio com o estúdio, com a crítica e com a classe artística

O faro da Warner para os negócios tem de ser louvado. Nolan obteve ótimo público e reconhecimento crítico com Insônia e a Warner viu nele o homem certo para revitalizar sua franquia do homem morcego, desgastada depois da passagem de Joel Schumacher. Batman begins (2005), como todos sabem, foi um sucesso de público e crítica e Nolan se fortaleceu como um diretor mainstream imbuído de um espírito independente.
Com o sucesso de Batman, Nolan pôde barganhar com a Warner para rodar um filme mais autoral. O grande truque (2006) é o filme em que as angústias e anseios de Nolan estão mais evidentes (isso será debatido com maior propriedade em Panorama). O filme que antagoniza dois amigos separados por uma obsessão em comum recebeu, novamente, grande atenção da crítica e fez considerável sucesso de público.

Amigos e rivais: Christian Bale e Hugh Jackman estrelam O grande truque, filme mais pessoal do cineasta

Mas Nolan entraria no seletíssimo clube do bilhão de dólares com seu filme seguinte. Em Batman o cavaleiro das trevas (2008), o diretor bancou a escalação de Heath Ledger para viver o coringa. A escolha, contestada em fóruns na internet e por fãs no mundo todo, valeu a Nolan a alcunha de cineasta visionário em um exagero tão desmedido quanto os protestos anteriores. Mas o diretor gostou da pecha de visionário e bolou um filme para justificá-la. A origem, desde o anúncio de sua concepção, foi aguardado com alvoroço. O filme que amealha críticas positivas com a mesma velocidade que registra os dólares do Box Office, é a grande sensação da temporada.
Christopher Nolan é o puro sangue de sua geração porque como denota sua curta filmografia ele realiza filmes pessoais e repletos de questões de profundo interesse humano, mas consegue adequá-las a uma lógica comercial. Nolan ainda não conheceu o gosto do fracasso, diferentemente da maioria de seus pares. Fincher e Shymalan, que buscam se lapidar dentro desta mesma seara que Nolan reina, só ratificam a força do último Midas que Hollywood conheceu. Perto dele, James Cameron é apenas um entusiasta da tecnologia

2 comentários:

  1. Reinaldo, qual é o seu preferido dele?
    É dificil decidir não? Cada um é uma obra muito peculiar, mas pra mim eu fico com O Grande Truque e Batman Begins.
    Abraço!

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  2. Obrigado pelo comentário Laís. Fico feliz mesmo de tê-la aqui em Claquete. Então, é mesmo muito difícil escolher um filme preferido de Nolan, mas eu elejo O cavaleiro das trevas. É das coisas mais impressionantes que vi na minha vida. Me orgulho de ter visto no cinema.
    bjs e volte sempre!

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