O evangelho segundo Polanski!
O novo filme do diretor Roman Polanski chega ofuscado pela tragédia pessoal do cineasta. Polanski finalizou O escritor fantasma (ING/EUA 2010) já preso na suíça, onde aguarda uma possível extradição para os EUA por conta de uma acusação de estupro que data dos anos 70. No filme, um thriller político de primeira linha, Polanski aproveita o ensejo proporcionado pela história de cunho político para exercer seu cinismo no que pauta as relações internacionais travadas entre Inglaterra e Estados Unidos. No filme, o escritor vivido por Ewan McGregor é contratado para redigir as memórias do ex-primeiro ministro inglês Adam Lang (Pierce Brosnan) e se vê envolto em um emaranhado de mistérios e intrigas que o levam a questionar muito mais do que o seu voto. A figura de Lang, obviamente, remete a Tony Blair. Político carismático que fez um governo pró EUA e que saiu pelas portas dos fundos. Pierce Brosnan, com sua caracterização meticulosa, força a comparação.
Polanski é exímio contador de histórias, por isso mesmo, desenvolve muito bem a trama (que escreveu com o amigo, jornalista e escritor da obra na qual o filme se baseia, Robert Harris). A narrativa de O escritor fantasma é fluída, bem dosada e confia na perspicácia do espectador (assim como em sua formação cultural). O diretor, além de mostrar extremo domínio dos cacoetes do cinema de gênero (já fazia algum tempo que ele não retomava o universo de sua obra prima, Chinatown), demonstra esmero na criação das cenas. Desde a iluminação de algumas delas, passando pelos closes nos personagens em cenas capitais e no exemplar uso da magnífica trilha sonora de Alexandre Desplat e culminando na elaboração de alguns belos planos que só atestam a genialidade de Polanski como cineasta.
O novo filme do diretor Roman Polanski chega ofuscado pela tragédia pessoal do cineasta. Polanski finalizou O escritor fantasma (ING/EUA 2010) já preso na suíça, onde aguarda uma possível extradição para os EUA por conta de uma acusação de estupro que data dos anos 70. No filme, um thriller político de primeira linha, Polanski aproveita o ensejo proporcionado pela história de cunho político para exercer seu cinismo no que pauta as relações internacionais travadas entre Inglaterra e Estados Unidos. No filme, o escritor vivido por Ewan McGregor é contratado para redigir as memórias do ex-primeiro ministro inglês Adam Lang (Pierce Brosnan) e se vê envolto em um emaranhado de mistérios e intrigas que o levam a questionar muito mais do que o seu voto. A figura de Lang, obviamente, remete a Tony Blair. Político carismático que fez um governo pró EUA e que saiu pelas portas dos fundos. Pierce Brosnan, com sua caracterização meticulosa, força a comparação.
Polanski é exímio contador de histórias, por isso mesmo, desenvolve muito bem a trama (que escreveu com o amigo, jornalista e escritor da obra na qual o filme se baseia, Robert Harris). A narrativa de O escritor fantasma é fluída, bem dosada e confia na perspicácia do espectador (assim como em sua formação cultural). O diretor, além de mostrar extremo domínio dos cacoetes do cinema de gênero (já fazia algum tempo que ele não retomava o universo de sua obra prima, Chinatown), demonstra esmero na criação das cenas. Desde a iluminação de algumas delas, passando pelos closes nos personagens em cenas capitais e no exemplar uso da magnífica trilha sonora de Alexandre Desplat e culminando na elaboração de alguns belos planos que só atestam a genialidade de Polanski como cineasta.
Apesar dos vistosos acertos e da sofisticação com que a narrativa é conduzida, O escritor fantasma não deixa de parecer, em alguns momentos, um protesto barato de Polanski para com um governo que lhe é hostil. Ao aventar a realidade em quase todo fotograma, Polanski depõe contra a própria essência do cinema de emular, ou até mesmo reproduzir, a realidade por uma veia ficcional. O próprio o fizera, em um recorte quase biográfico, em O pianista. O escritor fantasma não deixa de ser um belo filme, dos melhores do ano seguramente, mas acaba diluído pela cisão entre o homem e o cineasta.
Interessante crítica, Reinaldo! Eu confesso que não tenho tanta expectativa assim por este filme.
ResponderExcluirBelo recorte! Estou ansioso para assisti-lo...
ResponderExcluirNo entanto, onde vês cisão homem/cineasta, enxergo um reencontro. Como diria Curinga "aquilo que não te mata, muda-te completamente".
Um abraço.
Òtima crítica Reinaldo!
ResponderExcluirEstou ansioso pelo filme, ele parece ser mesmo ótimo!
Kamila: Pois é dos melhores do ano Ka. e pelo jeito que a coisa vai, irá se confirmar entre os 10 melhores lá em dezembro. Bjs
ResponderExcluirCássio: Sua intervenção foi providencial. É um jeito de se ver a coisa sim Cássio. Mas acho que o paralelo com a realidade data o filme. O que neste caso, é ruim. E Polanski, como grande cineasta que é, deveria ter resistido a essa tentação. abs
Alan: obrigado!
Polanski, né?
ResponderExcluirmais que obrigatório!
ainda não tive a chance de conferir este, mas estou no aguardo para que estreie por aqui =)
abs!
Vc mora aonde msm em elton?
ResponderExcluirQuando puder assista! Cinema de primeira classe!
ABS
Reinaldo, moro em Maringá - PR. Cidade de 300 mil habitantes com 13 salas de cinema, mas infelizmente, todas ocupadas por príncipes persianos e quatro amigas fúteis fazendo induzindo ao consumismo sem controle rs.
ResponderExcluirPolanski é animal, tento não perder um!
grande abraço!
Tô ligado! Já fui aí na tua cidade quando eu era menor. É uma cidade bonita! E cinema de multiplex é assim msm né meu brother.
ResponderExcluirabs
(e valeu pela pronta resposta!)
Oi Rei,
ResponderExcluirExcelente recorte...e o melhor da sua crítica é que ela provoca a curiosidade do leitor e de como ficou essa tal cisão entre o Polanski homem e o Polanski cineasta. Particulamente, penso que usar o cinema como forma a expressar algumas "mágoas" autobiográficas é um erro traiçoeiro. Não vou me manifestar ainda, prefiro assistir o filme e tirar minhas conclusões sobre esta cisão. bjs!
Madame: O filme é ótimo e isso que eu chamei de cisão não o diminui como ótimo entretenimento que é. Mas data a obra, e conhecedores que somos da biografia de Polanski, contamina o discurso do filme de um ranço pessoal do diretor. Além, claro, de modificar nossa percepção.
ResponderExcluirbjs